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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

O último canto

 

O diabo do galo começou a cantar antes das quatro da manhã. Não muito longe da minha tenda de campanha. Mais tarde, tive que recomendar ao comandante do Sector Militar de Birao, um major togolês, que pensasse na hipótese de oferecer um relógio ao dito bicho plumado. Ou, que, pelo menos, os seus homens o tentassem educar, de modo a respeitar as visitas vindas de longe.

 

Depois do pequeno almoço, às seis, fiquei a saber que o galo, as galinhas e mais umas cabras, todos muito vivos, tinham as horas contadas. Estavam no menu de hoje à noite. Sem serem convidados. Seriam o prato forte, na comemoração das medalhas da ONU que haviam sido atribuídas por mim aos militares do Togo, ontem ao fim do dia.

 

Excelentes militares, sempre de faca afiada, que em Birao, no centro de África, cada um trata de si.

 

Darfur para esquecer

 

O meu texto da Visão on-line desta semana é sobre o Sudão. O maior país de África, em crise profunda, e às portas de novos conflitos, à medida que se aproxima o referendo sobre a independência do Sul.

 

A política das grandes potências em relação ao Sudão, e sobretudo no que respeita ao Darfur, está a mudar. Escrevo sobre esse assunto.

 

Convido a ler e comentar.

 

Fico agradecido, antecipadamente...

  

http://aeiou.visao.pt/congelar-o-darfur=f535022

Mais uma equipa de gente de qualidade

 

A terceira equipa dos elementos do GOE está de partida. Depois de seis meses de missão, é o momento do regresso a Portugal.

 

Como já vi partir três equipas, começo a pensar no tempo que já passei por estas terras cheias de contradições e riscos. Noto que tem havido progresso.

 

Os homens que agora partem mostraram, como os seus colegas precedentes, muito profissionalismo e dedicação. Foram bons embaixadores da polícia portuguesa.

 

Os novos elementos começaram ontem a trabalhar.

 

Tudo gente boa.

Sem hesitações, nem espaço para folgas

 

As questões de segurança continuam a estar no centro das preocupações.

 

Depois de três artigos na Visão sobre os riscos que uma segunda volta das eleições poderiam acarretar, eis que os peritos da ONU em matéria eleitoral são vítimas de um ataque muito sério. Seis colegas mortos esta manhã, em Cabul. Um drama. Uma tristeza. A lista de nomes ainda não foi revelada, mas tenho receio que alguns deles tenham trabalhado comigo, noutras eleições.

 

Já fiz várias, por esse mundo.

 

Entretanto, o polícia que foi ferido no ataque contra uma das nossas esquadras, na Segunda-feira, continua entre a vida e a morte. Mais de um lado do que do outro. A bala, de uma kalashnikov, atravessou o addomen, destrui parte dos intestinos, o grosso e o delgado, e outros orgãos. Amanhã será operado pela segunda vez, pela equipa norueguesa, no nosso hospital de campanha ultra-equipado. Um jovem. Um homem jovem.

 

Na Sexta, vai ser preciso fazer um prognóstico muito sério da sua situação.

 

Muito sério. Uma decisão.

 

No seguimento destes acontecimentos, tive que dar ordens que diminuam os riscos para o nosso pessoal. Em caso de ataque, a resposta tem que ser certeira. Sem hesitações. É uma decisão grave, mas nestas terras, não há muita folga para erros, nem para estados de alma.

 

Também tive de decidir sobre as escoltas das colunas humanitárias. Sem mais conversas.

 

 

Notas de viagem e conflitos

 

Ontem, em Brazzaville. Hoje, Bangui.

 

Andei a percorrer a África Central, em consultas sobre a situação de segurança na região. Darfur, Chade, movimentos rebeldes, grupos armados. A perseguição do Lord’s Resistance Army (LRA). O Uganda despachou cerca de 800 militares para lutar contra o LRA, na República Centro-africana. Má ideia. Vão demorar anos para sair deste teatro de operações. Numa zona rica em diamantes.

 

Entretanto, os cavaleiros armados estão a voltar ao Leste do Chade. Os chamados Jenjaweed. Ontem, ao fim da tarde, atacaram uma guarnição da nossa polícia, acerca de 60 quilómetros a leste de Abéché. Temos um ferido em perigo de vida.

 

Estamos a entrar na estação seca. Os incidentes mostram que assim é. Já se pode circular, os bandidos e os rebeldes ganharam mobilidade.

 

As forças das Nações Unidas são insuficientes para que se consiga dar uma resposta adequada. Seis meses após o início da operação militar, temos apenas 53% dos efectivos autorizados.

 

Como explicar às ONGs e às agências humanitárias do sistema da ONU que os soldados prometidos ainda não estão disponíveis?

 

Porque será que os países prometem, mas não cumprem dentro dos prazos?

 

As operações de manutenção da paz estão sob stress.

Os loucos do Senhor

 

Há, neste momento, uma paranóia na região. Diz-se que os guerrilheiros do Lord's Resistance Army (LRA), o Exército da Resistência do Senhor (Deus), conhecidos pelo número de crianças que raptaram até hoje, andam por estas paragens.

 

Os meus serviços de informação e análise de dados confirmam apenas a presença de pequenos grupos dispersos, fugidos do Norte do Uganda. Actualmente, estarão nas florestas do Sudeste da RCA, longe da capital centro-africana. Comportam-se como loucos de Deus, são violentos e primitivos. Mas não representam uma força a sério. São, no entanto, uma ameaça para os habitantes das aldeias da zona.

 

É preciso combatê-los. Como raptam crianças e escravizam mulheres, são alvo de uma atenção especial. São procurados sob a perspectiva da prática de crimes contra humanidade.

 

O chefe é Joseph Kony. Um iluminado. Um antigo menino de coro. Um inimigo jurado de Museveni. Que quer ver os dez mandamentos como base da governação política. O homem tem amigos em Cartum. Amigos muçulmanos. Parece que é apoiado pela liderança sudanesa, tendo em conta a sua capacidade para criar instabilidade no Sul do Sudão, uma região que se quer separar do resto do país.

 

 

Mais uma emboscada

 

Voltámos a ter uma emboscada, na estrada entre Abéché e Guéréda, no Leste do Chade. Este Sábado, pela manhã, homens com armas de guerra atacaram uma coluna de humanitários. Perto do campo de refugiados de Kounoungou, um sítio que alberga 19 mil pessoas que fugiram do Darfur.

 

O delegado do Governo, que sempre lutou ao lado das organizações humanitárias, ia na viatura da frente. Perdeu a vida. O corpo chegou ao fim do dia a N'Djaména, num voo especial do PAM, o Programa Alimentar Mundial.

 

Ontem à noite estive em contacto com a Delegada para o Chade do Comité Internacional da Cruz Vermelha. Discutimos a escalada da violência contra as organizações que operam na zona de fronteira, no Darfur e no Chade. A Cruz Vermelha não aceita escoltas de polícia ou militares. Mas face ao banditismo violento que agora se vive, que remédio...

 

Nas duas próximas semanas, a violência dos gangs criminosos e as relações entre o Chade e o Sudão vão ocupar todo o meu tempo.

 

Não vai haver muito espaço livre. Tenho a certeza que ninguém tem inveja de uma vida assim.

Voltei ao Afeganistão

 

Voltei a escrever sobre o Afeganistão, na Visão desta semana. Contra a política do modelo único, importado do Ocidente. Contra a filosofia da força e da confrontação. A favor da mediação, dos acordos políticos, de um outro tipo de legitimidade em matéria de governação.

 

O texto está disponível no sítio:

 

http://aeiou.visao.pt/contra-a-filosofia-do-martelo=f534215

 


Ficaria muito grato se escreverem uma ou duas linhas de comentários, na página da Visão.

 

Sou um escrivão que escreve para abrir o debate.

Emboscada

 

A ONG Première Urgence sofreu uma emboscada esta manhã, entre Farchana e Hadjer Hadid, quando se deslocava para um dos campos de refugiados. Eram quatro veículos. Sem escolta, por causa do velho problema da neutralidade das ONGs, numa picada muito perigosa.

 

Um dos funcionários da ONG ficou gravemente ferido. Foi evacuado para o nosso hospital militar de Abéché.

 

Três dos assaltantes foram detidos umas horas mais tarde.

 

Continuo sem perceber a razão que leva certas pessoas a pensar que uma escolta da ONU faz perder a neutralidade e a imparcialidade da organização a que pertencem.

 

Por outro lado, levar uns tiros no meio do deserto pode fazer perder a vida.

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