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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Eleições britânicas

O último debate da campanha eleitoral inglesa teve lugar este serão. Saúde, educação e policiamento são as três áreas em que há acordo, enquanto prioridades para o orçamento público.

 

O euro, com os Conservadores a dizer que não, que nunca haverá adesão à moeda única, a imigração, que se tornou um problema social, os empregos industriais perdidos com o passar dos anos, com as fábricas a fechar uma após a outra, os impostos, o papel dos bancos, incluindo a questão dos prémios para os gestores, que todos consideram injustificados na situação actual, o abuso das regalias sociais, estes foram os temas de discussão.

 

Como pano de fundo, a questão da justiça social. É uma bandeira que é agitada pelos três partidos principais. Existe uma grande sensibilidade popular em reacção ao que parece ser um aumento das disparidades sociais.

 

O meu prognóstico é que os Trabalhistas vão ficar de fora. O próximo primeiro-ministro vai, muito provavelmente, ser David Cameron. O líder dos Liberais-Democratas, Nick Clegg, é a grande surpresa. Vai ter um bom resultado. Os Conservadores vão precisar dele, para poderem governar.

 

 

O futuro

 

A minha visita à Escola Marquês de Pombal, na cidade do mesmo nome, foi uma experiência muito positiva. Foi como passar umas horas a respirar oxigénio puro. Tudo muito bem organizado, uma escola a funcionar bem, alunos motivados e com os olhos abertos, a querer ver para além das pequenas fronteiras que nos rodeiam e a tentar perceber o mundo que os espera. Um corpo docente dedicado, entusiasta e aberto a ideias novas.

 

Os alunos do 9º ano haviam organizado, em ligação com o Conselho Directivo, uma sessão sobre a política internacional, os direitos humanos e a ONU. Fui convidado a fazer uma apresentação, com base na minha experiência pessoal. Seguiram-se várias perguntas, todas muito bem preparadas, que as raparigas e os rapazes tinham levado a coisa a sério. Até citações do meu blog fizeram. Não me pouparam e eu fiquei contente por isso. As perguntas sobre as questões internacionais tocaram o papel das mulheres no desenvolvimento, as crianças-soldados, os problemas da paz, o Irão, a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a cooperação entre os Estados, enfim, toda uma série de temas que não eram de modo algum triviais. Revelavam uma boa compreensão do que é importante.

 

O Presidente da Câmara de Pombal participou igualmente na sessão. Queria ouvir-me. Mas devo dizer que também falou e falou com alma.

 

Com jovens assim fica-se com mais esperança em relação ao futuro de Portugal.

 

 

Sol e sombras

 

Num artigo recente, na Visão, afirmei que a Grécia estava mais perto da insolvência do que muita gente pensava.

 

Agora, com as obrigações do tesouro grego a serem classificadas como de alto risco, o que dissera há umas semanas, e que poderá ter parecido despropositado para alguns, tornou-se uma hipótese plausível. De facto, a cessação de pagamentos da dívida pública, por parte de Atenas, no curto prazo, não é de excluir. 

 

A ajuda europeia vai tardar, receio, em virtude das eleições regionais alemãs, que terão lugar no segundo fim-de-semana de Maio. A Alemanha é o motor deste processo e, igualmente, o principal financiador do pacote. Terá que disponibilizar mais de 8 mil milhões de euros. O eleitor médio alemão, e não só este, mas também muitos cidadãos de países do Norte da Europa, não entende as razões nem aprova um apoio financeiro excepcional à Grécia. Existem velhos preconceitos em relação aos países do Sul. Essas imagens voltaram à tona de água, à medida que a crise se foi tornando clara e que outros estados meridionais passaram a ser citados como estando na fila dos devedores precários.

 

Para Portugal, a evolução dos acontecimentos de hoje, incluindo a baixa do nível de notação da nossa dívida pública, é preocupante. O relatório da agência de rating Standard and Poors diz, no essencial, que as chances de crescimento da nossa economia, nos próximos dois a três anos, não se vislumbram. Acrescenta, ainda, que os cortes nas despesas do Estado não serão fáceis de concretizar.

 

As greves em curso mostram, em grande medida, que a capacidade de manobra no domínio do trabalho é muito reduzida.

 

Entretanto, milhares de portugueses da zona da grande Lisboa aproveitaram bem a falta de transportes. Ficaram nas praias da Costa do Sol, que a Linha de Cascais não tinha combóios que os trouxesse para os empregos.

 

Portugueses de categoria

 

Com a bolsa a descer como desceu hoje, a economia a andar em rodopio, o contágio no ar, as greves à porta, o vazio de liderança , e depois de uma reunião sobre a situação social, fico com a impressão que nós, os portugueses, podemos ser classificados em cinco categorias, um pouco como as castas na Índia.

 

Primeiro, a categoria dos falidos.

 

Segundo, a dos que andam a fingir que não estão falidos. 

 

Terceiro grupo, o dos portugueses que andam às aranhas.

 

A quarta  categoria inclui os nossos compatriotas que se refugiaram no estrangeiro.

 

Finalmente, temos uma categoria à parte, que vive num Portugal que poucos conhecem mas muitos tentam imaginar: a categoria a que pertencem os nossos queridos políticos.

 

De gigantes e anões

 

25 de Abril foi há mais de uma geração. Abriu as mentalidades, deu liberdade ao país, revolucionou os valores. Representou uma transição histórica.

 

Agora, Portugal precisa de um novo sobressalto patriótico. Uma revolução das mentalidades.

 

Deixámos a mediocridade e o fatalismo tomar conta de nós. Vivemos alienados dos nossos próprios problemas, sem ver que assim não vamos a parte alguma, dominados por círculos dirigentes restritos, pouco interessados no bem comum, comodamente instalados num egoísmo que não deixa espaço aos que não pertencem à rede dos interesses dominantes.

 

O português honesto fechou-se sobre si próprio, diz que não há nada a fazer, que os que têm poder não permitem que se faça ondas, aceita a redução do seu mundo.

 

É no interesse dos senhores do poder ter uma população de anões. É no interesse do nosso futuro contrariar esse desejo.

 

 

Fronteiras, identidades e paciências

 

Passar quase quatro horas na Loja do Cidadão para renovar um passaporte foi a moeda de hoje. Às 09:30, a bicha nas Laranjeiras quase chegava à Estrada da Luz. Milhares de cidadãos pacientemente esperando por serviços burocráticos básicos. Santa paciência, que deve haver um canto no céu inteiramente reservado aos nacionais lusitanos. Bem merecido é!

 

A verdade é que os serviços administrativos são insuficientes, numa cidade como Lisboa, para as necessidades da população. Poupa-se em funcionários enquanto o pobre do utilizador perde em termos de tempo e de fé na eficiência da função pública.

 

Segui para os Restauradores. Antes das 10:00, a senha para o balcão de emissão de passaportes já apregoava o número 75. O que me deu tempo para ficar à espera, de pé, que só haviam cinco assentos disponíveis, até cerca das 14:00. Curiosamente, a maioria dos portugueses que me passaram à frente dos olhos eram crianças e pais jovens de origem africana. Todos com a nacionalidade de Portugal, todos, ao fim e ao cabo, com o mesmo documento que um desgraçado de um Alentejano como eu iria receber. Ou seja, muitos dos nossos concidadãos têm pouco a ver com a descendência que Viriato nos deixou.

 

Foi esclarecedor em termos das grandes mutações que as migrações recentes provocaram no nosso país.

 

Pensei que a imigração é um dos três grandes temas das eleições britânicas. Os outros dois são, obviamente, a crise económica e a falta de honestidade dos políticos. Lembrei-me das discussões sobre as questões da identidade, que estão a percorrer a sociedade francesa. No tema do véu integral, muito actual na Bélgica e noutros países vizinhos.

 

Tudo isto são assuntos muito delicados, fracturantes, fontes potenciais de conflitos cívicos. Esperemos que aqui, na nossa terra de santos pacientes, haja suficiente sabedoria para não entrar por esses caminhos.

 

 

De olhos fechados

Comprei uns bens de primeira necessidade no supermercado, nada de excepcional nem nenhum luxo, e fiquei com a conta atravessada na garganta. Não queria acreditar que o total fosse o que estava na factura, mais de 160 Euros. Ao chegar a casa, tive a paciência de adicionar cada linha, continuava a não aceitar a evidência do total. Cheguei ao mesmo valor. A máquina do supermercado estava correcta.

 

O que não está certo é a relação entre o custo de vida e os rendimentos médios das famílias portuguesas. Comparei os preços com aquilo que pago na Bélgica, e digo-vos, são idênticos. A qualidade será, nalguns casos, inferior ao que se encontra em Bruxelas. Mas a grande diferença está nos salários.

 

Entretanto, com a crise grega a agravar-se para além das fronteiras do razoável, com as estatísticas oficiais a mostrar que os dados anteriores tinham sido trabalhados pelas autoridades de Atenas, para esconder a gravidade da situação, o risco de contágio está a ficar vez mais elevado. O primeiro elemento desse contágio é a falta de credibilidade dos governos em causa. O nome de Portugal aparece com maior frequência nas declarações públicas dos que falam sobre a Europa e a crise.

 

Estamos a entrar num período de alto risco.

 

A economia é uma questão de imagem e de confiança. A erosão dessas duas dimensões, como poderá vir a acontecer, vai acabar por fragilizar ainda mais a nossa situação. Temos consciência disso?

 

Eles e nós

 

Hoje escrevo na Visão sobre campanha eleitoral que está a decorrer no Reino Unido, com vista às eleições legislativas de 6 de Maio. Estas eleições vão, é certo, mudar a paisagem política desse país.

 

Mas o importante é estabelecer algum paralelismo entre a situação na Grã-Bretanha, incluindo as dificuldades das famílias, e a portuguesa.

 

Falo, entre outras coisas, sobre a apreciação bem diferente que as agências de notação da dívida pública adoptam, quando se trata do caso inglês. Têm um olhar muito mais benigno, no que respeita a Londres. É verdade que essas instituições mergulham as suas raízes no mundo anglo-saxão.

 

Quando escrevo sobre relações internacionais tenho sempre a preocupação de criar pontes entre o que se passa lá fora e a nossa realidade. O objectivo é o de alargar as vistas, com base nas vivências dos outros. Mas, não só. Também procuro falar sobre a nossa política interna, sem entrar directamente no debate doméstico, que está muito estafado.  Assim, o que à partida parecia estrangeiro acaba por ter ligações bem claras, com os nossos próprios problemas.

 

O artigo está igualmente disponível on-line:

 

http://aeiou.visao.pt/digressoes-britanicas=f556134

 

Novas fronteiras do jornalismo

No quadro dos Dias do Desenvolvimento, participei hoje na discussão sobre Media, Cidadania e Desenvolvimento. O IPAD, o organismo público que se ocupa da cooperação, é o grande patrocinador destas jornadas. Várias entidades, sobretudo ONGs, aproveitam a oportunidade para expor o que fazem. A antiga FIL é o local de acolhimento da iniciativa.

 

A discussão sobre os media teve como motor a ACEP, a Associação para a Cooperação entre os Povos, uma ONG com um passado credível.

 

Na minha interevenção mencionei que a fronteira entre o jornalismo profissional e o dos cidadãos está a precisar de ser repensada. Hoje existem, no mundo, segundo uma estimativa com um certo fundamento, 115 milhões de blogs. Um número impressionante. O país que proporcionalmente mais bloga é a Coreia do Sul. Se apenas 1% dos blogs do globo se ocupasse de questões políticas próximas das relações internacionais e do desenvolvimento, estaríamos a falar de mais de um milhão de blogs. Muitos desses bloggers estão mais perto e mais por dentro dos acontecimentos que os jornalistas. São, por isso, uma fonte inesgotável e indispensável de informação. Nem tudo o que dirão fará sentido, mas haverá muito que pode ser aproveitado.

 

Neste contexto, que papel deve assumir o jornalista profissional?

 

 

Um pulo

O aeroporto de Bruxelas estava às moscas. A maior parte dos voos haviam sido cancelados, uma vez mais. Coisas de gente que não está para arriscar. O avião da tarde, para Lisboa, foi um dos poucos a bater as asas e fazer-se às cinzas. Um dos meus companheiros de viagem havia passado quatro dias num dos hotéis do aeroporto. Ontem, um homem, com sentido de oportunidade, meteu-se à fala com ele, na recepção do hotel. Disse-lhe que por 2000 Euros o conduziria a Lisboa.

 

Há sempre um negócio possível, nos momentos de grande confusão.

 

Três patuscos, duas mulheres e uma coisa parecida com um homem, velho, barba de vários dias, e meio morto de não sei quê nem por que razão, viajaram igualmente. Gente com muitas décadas em cima das banhas. No aeroporto, enquanto as mulheres falavam, num daqueles vernáculos que faria corar um cabo velho da velha GNR, sobre pessoas suas conhecidas, gente da emigração, dura como as pedras e tosca como um carvalho dos antigos, primária na sua maneira de viver a vida, mas com sucesso financeiro, o farrapo ia emborcando umas cervejas, à falta de uma boa aguardente de aldeia das brenhas natais. Já a bordo, enfiou mais duas, para chegar à meia dúzia. Fora o gesto de levar a lata ao buraco da boca, pouco mais mexia, naquele corpo que já viu outros ritmos de energia. Quarenta anos de emigração dão umas coroas para um processo de embrutecimento alcoólico, a juntar ao resto.

 

Fora isso, o embaixador da Guiné, também previsto no trajecto, faltou à chamada. Anda escondido, ao que parece, nos becos mais escuros de Bruxelas, que Bissau não lhe envia meios há tempos que já não têm conta. Os credores devem andar loucos, à procura do senhor embaixador ou de quem responda por ele. Isto de ser o representante de um país que avança para o futuro em marcha atrás tem que se lhe diga. 

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