A Europa e o seu meteorito
A Grécia é, esta noite, um rastilho que ninguém tem a coragem de apagar.
Ora, só encarando o assunto de frente --o país está falido, não tem dinheiro nem para o petróleo, como se dizia em Évora, quando eu era menino e moço -- é que se poderá resolver o imbróglio. Quando se está numa situação dessas, ou se consegue mais empréstimos ou reduz-se o consumo e as despesas, sem esquecer que as dívidas aos credores deixam de poder ser pagas a tempo e horas. Mas quem pode emprestar dinheiro, novos fundos, a quem não tem nenhuma hipótese de o reembolsar, no futuro previsível? A não ser que seja por motivos políticos. Aqui a política seria, no entanto, um adiar por uns meses, não muitos, do problema.
50% da população grega, entrevistada por sondagem nas últimas horas, pensa que a situação não é tão grave como a pintam. Que não deveria ser necessário agravar as medidas de austeridade. Não sei se assim é. O que é verdade é que a maioria das medidas aprovadas pelo governo, há um ano, ainda está por efectivar. Esta constatação não permitiria, noutros cantos do mundo, ter acesso a mais empréstimos.
Mas, na Europa, vive-se num planeta à parte. Só que a realidade é como um meteorito que se preparar para entrar em choque com esse planeta, nos momentos que se seguem.