O rodopiar das motas
Cheguei esta manhã às margens do Mekong. O voo Bruxelas- Bangkok estava pelas costuras. O avião, um enorme 777, transportava imensos turistas belgas, que vinham passar uma semana ou pouco mais longe dos céus cinzentos da Bélgica. Impressionante, sobretudo numa altura de crise económica. O taxista que levara para o aeroporto de Bruxelas resumiu bem o clima actual: 12 horas de trabalho diário, nas ruas da capital da Europa, para levar 1600-1700 euros para casa, ao fim do mês. Um valor baixo, numa cidade cara como Bruxelas.
Fiquei novamente com a impressão que vivemos, na Europa, em cada país, em círculos diferentes. Os que estão fora da crise e os que estão dentro.
De Bangkok para Phnom Penh, um avião mais pequeno, um 737, mas tão cheio como o primeiro. Turistas, muitos deles australianos, e outros passageiros, sobretudo comerciantes. O Camboja tornou-se, nos últimos anos, uma atracção turística: uma parte da actividade económica tem que ver com os serviços prestados aos turistas. É, igualmente, um grande mercado para os artigos chineses, coreanos e japoneses.
As primeiras impressões são de que se trata de um país cheio de dinamismo, mas muito ingrato para com os mais fracos. O estado diz claramente que não tem meios e que por isso cada um tem que se desenrascar. Os salários são baixos, mas isso não impede que as ruas estejam cheias de motas de todo o tipo, o meio de transporte por excelência. Os motociclistas aparecem aos magotes. Atravessar a rua é uma aventura.