Os espíritos do bem
Segundo dia em Phnom Penh. Visita dos mercados. Apinhados, gente a vender por todos os cantos, são oceanos de objectos falsificados, incluindo a água engarrafada, e milhares de outras bugigangas. A carne e o peixe estão por ali, tudo com um aspecto capaz de tirar o apetite a um leão esfomeado. Felizmente que, com o calor que faz e a comida fresca à temperatura natural, que não existem frigoríficos nos mercados, ainda é possível apertar mais um furo no cinto que comprei no Verão passado em Toledo. Mas será o último, antes de uma nova ida ao sapateiro, para que me abra uma nova perspectiva.
À tarde, visita do Palácio Real, 12 milhões de dólares de bilhetes de entrada por ano, tudo muito cuidado, jardins lindos. Ao lado, na mesma propriedade, a grande pagoda budista, que depois de se honrar uma tradição brâmane, tem que se ter em conta o budismo. E cerca da pagoda, há duas cavernas com os génios animistas, que isto de respeitar dois sem três não lembra a ninguém. Um visita espiritual, por isso.
O fim do dia foi a navegar no Mekong, na confluência desse com o rio Tonle Sap, junção que define a localização de Phnom Penh.
Jantar à beira-rio, tranquilo.
E circular à noite, de volta ao hotel, é novamente um encanto, ao ver passar a juventude de mota, as raparigas tão ousadas quanto os rapazes mais ousados, as famílias, com as crianças empoleiradas em cima do motor ou agarradas ao porta-bagagens, todos a passarem rentes ao meu veículo, mas sem bater. Deve ser um milagre, provavelmente por intercessão dos génios ou dos antepassados de todos nós, cuja missão fundamental, lá onde estão agora, é velar pela boa circulação das motorizadas desta cidade.