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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Incoerências

O nosso problema de fundo é muito profundo: a economia portuguesa é demasiado rudimentar para poder responder às ambições dos portugueses. Outros diriam que há um desfasamento entre o que sonhamos e a realidade que temos. Uma discrepância entre o imaginário e o possível. Uma dissonância entre o querer e o poder. Mas vai tudo bater à economia e à riqueza que somos capazes de gerar. 

 

Na realidade, dir-se-ia que estamos perante um despertar doloroso. Passámos a noite a sonhar com uma montada branca, alada e veloz, e, ao acordar, sai-nos, na rifa da vida, um burro manco. 

 

 

Línguas de trabalho

Falar várias línguas é um trunfo, no mundo global em que vivemos. Não é suficiente, mas ajuda muito. A título de exemplo, os empregados de mesa de um dos restaurantes da zona de Bruxelas com maior sucesso conseguem trabalhar em pelo menos quatro línguas: alemão, que sendo o melhor restaurante com cozinha da Baviera em toda a zona metropolitana, tem muitos clientes de origem alemã, flamengo, francês e inglês. É, na verdade, um bom exemplo. Tanto mais, que os salários são atraentes. 

Geneticamente falando

Este é o meu texto desta semana na revista Visão:

 

Geneticamente falando

Victor Ângelo

 

 

Uma das vezes em que estive em risco de ser "comido vivo" foi em 2001. Aconteceu no seguimento do lançamento da versão em língua portuguesa do relatório anual do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O relatório desse ano sobre o desenvolvimento humano, que apresentei numa sessão oficial em Lisboa, tinha como tema o impacto das novas tecnologias na luta contra a pobreza. Uma parte importante do estudo discutia, a partir de uma óptica favorável, a importância das culturas geneticamente modificadas. Foi isto que causou burburinho. Alimentos com manipulações genéticas, nem pensar! Uma amiga de infância, inteligente e viajada, burguesa de esquerda, do tipo rebelde de boas famílias, ter-me-ia então tragado por inteiro, se não fosse felizmente uma vegana militante.

  

Passada uma década, o debate sobre a agricultura biogenética permanece nebuloso. O preconceito define o quadro de referência de muitas das posições sobre o assunto. Sobretudo na Europa, onde a opinião pública tem o hábito confortável de se esquecer do problema da fome que persiste noutras paragens. Ora, as necessidades alimentares actuais, mais as que resultarão do crescimento acelerado da população nas próximas décadas e do aumento do consumo per capita, resultante da melhoria do nível de vida nos países emergentes, exigem que a questão seja mantida na ordem do dia.

 

Segundo a FAO, a organização da ONU para a alimentação e a agricultura, a produção agrícola mundial terá que crescer mais de 70% nos próximos 40 anos. Quem acredite, como acontece com os activistas terceiro-mundistas que vêem a pobreza a partir de Paris ou de Genebra, que será possível alimentar o globo com base no labor dos camponeses tradicionais e nas sementes de origem familiar, vive numa ilusão romântica. Apenas a prática da agricultura comercial em grande escala permitirá responder à procura global. Igualmente, quem pense que o acréscimo da produção será possível por virtude de uma expansão significativa das terras cultiváveis ou da irrigação, não tem em conta a realidade dos factos. Está demonstrado que não será possível abrir um número significativo de novas terras aráveis. A previsão é de um simples incremento de 4 a 5% da área total actual. Por outro lado, a margem de aumento da utilização de água para fins agrícolas é reduzida. A agricultura já consome mais de 70% da água doce que é anualmente utilizada. Muitos dos lençóis aquíferos estão em vias de exaustão. E a competição pela água, um bem escasso e estratégico, será ganha pelas populações urbanas, devido ao seu maior peso político.

 

A segurança alimentar é um desafio fundamental. Não pode haver dúvidas. Como também não deve haver tabus no que respeita à produção transgénica. As culturas alimentares e de consumo corrente de hoje e de amanhã têm que ser mais produtivas, em termos de custos, tonelagem por hectare e de valor nutricional; resistentes às pestes; menos exigentes em termos de irrigação, de fertilizantes e de pesticidas; e capazes de suportar períodos prolongados de seca. As sementes e as variedades que respondem a estes critérios já existem. Por exemplo, o algodão agora produzido na China, e que foi geneticamente modificado, requer dez vezes menos pesticidas que a espécie tradicional. Mas também será necessário continuar a investir na investigação agronómica. A agronomia tem de voltar a ganhar proeminência nas políticas nacionais e comunitárias de investigação científica.

 

Seria um erro pensar que a segurança alimentar é um problema dos outros, que pouco ou nada tem que ver com as preocupações europeias. Num mundo interdependente, uma visão desse tipo leva ao desastre. Por um lado, é de prever que a expansão das culturas destinadas ao fabrico de biocarburantes roube espaço, de modo acelerado, às alimentares. Assim está já a acontecer em França. Por outro, se não houver uma revolução verde em África, a enorme pressão demográfica que esse continente vai viver traduzir-se-á em miséria geral e acabará por gerar ciclones de emigração através do Mediterrâneo. Sem esquecer que na arena global, um pouco por toda a parte, a concorrência com a China e outros países, em matéria de produtos agrícolas de base, será uma luta sem tréguas.

 

Neste contexto, diria à minha amiga que vale a pena voltar a ler o dito relatório do PNUD. E ter presente que o essencial, quando se trata da agricultura, se define em meia dúzia de pontos: apostar na inovação tecnológica; combater a fome; proteger os direitos dos agricultores mais frágeis; preservar a fertilidade dos solos; conservar os recursos aquíferos; e salvaguardar a biodiversidade. 

O problema é nosso

Continua-se a discutir se o governo deve ser demitido ou não, como o faz Mário Soares no Público de hoje, se há alternativas para o Orçamento Geral do Estado de 2013, mas ninguém toca na questão fundamental: por que razão não há economia suficiente em Portugal? Por que nao se investe mais em Portugal? 

 

A verdade é que temos estado em défice económico há décadas. É isso que me preocupa. Não produzimos o suficiente para manter o nosso nível de ambições e poder ser um Estado moderno dentro da UE. Há aqui uma dimensão profundamente estrutural que tem que ser encarada de frente. 

 

Reconheço que há sectores que funcionam bem. Basta passar umas horas, como costumo fazer, na estrada que vai de Vilar Formoso para a fronteira francesa, para ver centenas de camiões portugueses a caminho do resto da Europa, com mercadorias nossas, produzidas em Portugal. Mas não chega. É preciso investir mais, produzir mais, estar presente nos sectores de ponta, atento à procura interna e externa, empreender e criar. E aproveitar melhor os recursos que temos. A título de exemplo, no que respeita ao desperdício dos nossos recursos, percorrer hoje a A23, a caminho da fronteira, é ver terras abandonadas, quando esse não era o caso há alguns anos atrás. É apenas um exemplo. 

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