Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Tudo fixado com alfinetes e arames

Tive hoje a visita de um amigo que é chefe da PSP no Porto. Disse-me que passara a manhã a passear pelo centro de Bruxelas, a observar a actuação da polícia belga.

 

Quando me contou o que vira, referiu-se, acima de tudo, aos meios disponíveis: polícias a patrulhar com coletes à prova de balas, um número visível e dissuasor de agentes na Grand'Place e noutros locais de grande afluência, várias viaturas a acudir a um incidente, escassos minutos depois do mesmo ocorrer, isolando bem a área e protegendo os colegas que tiveram que estar em contacto directo com os protagonistas, enfim, presença, meios e eficiência.

 

Lembrou-me, então, que em Portugal as patrulhas se fazem sem coletes. Como se fosse possível, no meio de uma confusão, dizer ao criminoso, espere aí um pouco, tenha paciência, que tenho que voltar à esquadra, preencher uma requisição, obter um colete, se houver algum disponível, e depois já volto, para continuarmos com o tiroteio. 

 

Somos um país de gente paciente, não há dúvida...

O toque do despertador

Quando me desloco ao Luxemburgo, o hábito é almoçar no restaurante La Boucherie, no centro da cidade, na Place d’Armes.

 

No passado, arranjar mesa era uma questão de sorte, empurrado para um canto de uma das salas, tudo cheio, ou então, fazer uma refeição mais tarde, já perto das 14:00 horas. Este ano, as coisas estão diferentes. Das duas ou três vezes que lá fui, notei que a casa funciona a meio gás. Escolhe-se a mesa que se quer e os empregados dizem muito obrigado. Os jovens quadros, das empresas financeiras e dos bancos que definem esta parte cidade, desapareceram da Boucherie e dos outros restaurantes das redondezas. Muitos talvez até tenham perdido os seus empregos. Mas a maioria come agora de pé, na rua, depois de ter comprado uma sandes, que têm aliás um excelente aspecto. Não será, todavia, por razões de aspecto…

 

Nesta última visita dei comigo a pensar que afinal havia muita gente por essa Europa a viver acima das suas possibilidades…

...

Há exactamente um ano, numa entrevista ao diário I, disse o seguinte:

 

“As sociedades em declínio, que vivem com os olhos postos nas glórias do passado, caem facilmente na tendência de se fecharem sobre si próprias. Para esses povos, a História acaba por pesar mais do que o futuro. As elites reaccionárias apropriam-se da tradição e dos preconceitos de outrora, e transformam-nos nas novas bandeiras do populismo. Assim surgem as agendas políticas nacionalistas.”

 

Infelizmente, um ano depois, se houvesse algo a acrescentar a estas palavras seria simplesmente um sublinhado…E esclarecer que se trata de uma condenação do ultranacionalismo, uma denúncia das ideias extremas. 

 

Digo-o com preocupação, claro. 

Nauru e a Ilha Terceira

Creio não errar se pensar que nenhum dos meus leitores habituais esteve alguma vez na vida em Nauru. Diria mesmo que muitos nem localizar esse país no mapa do mundo o conseguirão fazer.

 

Lembrei-me de Nauru depois de ler um artigo palerma num diário de referência de Lisboa. Na verdade, o Público de hoje insinuava que os Chineses talvez estejam interessados na base das Lajes, agora que os Americanos estão decididos a reduzir a sua presença militar na Ilha Terceira.  A peça é tão simplória que nem entende duas coisas portanto claras: primeiro, os Estados Unidos não vão largar as Lajes; vão reduzi-la à expressão mínima, mas guardando o controlo; é que estas coisas, uma vez obtidas, não se deitam fora; segundo, os nossos aliados americanos nunca permitirão que Portugal dê facilidades militares de envergadura à China; seria um absurdo, tendo em conta que os Chineses aparecem, na nova visão estratégica americana, como o adversário principal.

 

Agora que há Chineses por toda a parte, isso sim, é verdade. Não se ocuparão dos negócios que o Público sugere, mas andam a fazer pela vida.

 

Veja-se o caso de Nauru. Um país independente situado no Pacífico, a várias horas de voo de Brisbane, na Austrália. População, menos de 10 000 habitantes. Área, quatro vezes menos do que a do concelho de Cascais. Principal fonte de rendimentos, para além da ajuda australiana: a renda paga por Canberra para manter na ilha um centro de detenção de imigrantes ilegais, que foram apanhados a tentar entrar na Austrália, e que são, de seguida enviados para a prisão estabelecida em Nauru, para processamento pelas autoridades de imigração australianas. 400 prisioneiros, actualmente. Diz a Amnistia Internacional, que visitou o centro recentemente, que as condições do centro não respeitam as regras básicas de uma prisão nem os direitos humanos dos internados.

 

Uma amiga minha acaba de visitar Nauru, em missão oficial. Procurou, no primeiro dia, sítio onde pudesse comer uma refeição que não fosse “indígena”. E acabou por encontrar o único sítio de “fast food” do país, propriedade de um imigrante vindo da China há meia dúzia de anos. Surpresa, que surpresa. Admirada, perguntou-lhe como fora ali parar, a um sítio que não lembra a ninguém. Respondeu que, tendo a China 1,3 mil milhões de habitantes a competir entre si, uma das vias possíveis para quem quer sair da cepa torta é a emigração. E assim acabou por viajar para Nauru, ao acaso das rotas disponíveis...

 

Talvez dentro de algum tempo um jornal de referência de Portugal nos venha narrar que um imigrante chinês abriu um “fast food “ às portas da base das Lajes…Os poucos militares americanos que continuarem nos Açores serão clientes assíduos…Estou certo.

 

Os aliados e os outros

No seguimento do meu texto de ontem e dos comentários que suscitou, uma das questões que precisa de ser discutida parece ser a seguinte: quem são os principais países aliados do nosso país?

 

Portugal tem que contar com a cooperação e a convergência de interesses de países amigos, que partilhem os mesmos valores, os mesmos interesses e a mesma visão do futuro. Quais são esses países?

 

Nenhum povo, nesta era de interdependências, pode aspirar a viver isolado.

 

A questão subsidiária é como proteger os nossos interesses, numa comunidade de países similares e amigos? Cabe a nós, como é evidente, proteger o que nos parece ser do nosso interesse. E, ao mesmo tempo, entender o que deve ser partilhado e posto numa plataforma comum de ambições.

 

E, do outro lado da medalha, quem são os países que mais poderão ameaçar os nossos interesses e o nosso futuro?

 

Por que será que o debate público não abarca este tipo de questões? 

Em frente

Conhecer a história é importante para compreender o presente e perspectivar o futuro. Mas a história faz parte do passado. Aconteceu noutros tempos, noutras circunstâncias. Não se irá repetir nem é um objectivo a atingir. Seria um erro pensar que o futuro deve ser construído à volta do que historicamente fomos.

 

Sou contra os saudosistas e os nostálgicos das grandezas de outrora.

 

O verdadeiro desafio, agora, é pensar no futuro tendo em conta as novas realidades, os contextos que se prevêem para amanhã. Há que estar atento às mudanças que estão a ocorrer, um pouco por toda a parte. No mundo de hoje, a única constante é a mudança acelerada das realidades sociais e económicas.

 

Neste contexto, pensar em Portugal com os modelos de quarenta anos atrás é, simplesmente, uma aberração. E um erro, com um preço elevado. 

Perspectivas

Numa longa discussão, ao fim do dia, com dois filantropos americanos, homens visionários que estão empenhados na promoção de fontes alternativas de energia que façam mover os nossos carros, saindo por isso da total dependência que hoje existe em relação aos produtos petrolíferos, um deles definiu o automóvel moderno como um computador com rodas.

 

Achei que era uma descrição interessante. Mais. Com o avanço diário dos sistemas de software, amanhã teremos carros ainda mais “inteligentes”, talvez mesmo capazes de corrigir muitos dos erros humanos de condução. Só que isso talvez não interesse à indústria automóvel, que sem acidentes não se vendem novos carros...

 

Mas a questão fundamental tem que ver com a produção industrial de carros que funcionem com combustíveis alternativos, incluindo com gás liquefeito, que é uma fonte de energia mais económica, mais amiga do ambiente e abundante em várias partes do mundo.  Uma fonte de energia que não é apenas controlada por meia dúzia de estados instáveis...E que não implica a utilização generalizada de terras agrícolas, como acontece no caso dos biocarburantes, que roubam terras aráveis à cultura de alimentos...

 

Na verdade, as tecnologias necessárias para a utilização de outras fontes de energia já são conhecidas. Não entram, no entanto, nos mercados de modo definitivo, por causa do poder dos lóbis do petróleo. 

 

 

Gaza e Israel

Na Visão de hoje, que está nas bancas, escrevo sobre Gaza e Israel.

 

Este é um tema muito delicado, sobre o qual muita gente tem opiniões feitas e nem sempre objectivas. Não é de estranhar. O que é estranho é que a União Europeia não consiga ter uma posição mais assertiva que equilibre a inclinação de Washington para apoiar acriticamente Tel Aviv.

 

O texto pode ser lido na hiperligação seguinte:

http://tinyurl.com/bt5npfh

Todo o cuidado é pouco

Continuo a acreditar que é um erro culpar os outros, o estrangeiro, pelas nossas fraquezas. No final do século XX e no começo deste milénio, o que fizemos foi feito por vontade ou aceitação  - ou cegueira - nossa. Quando um povo não quer, ninguém de fora o consegue impor. Essa era a nossa situação na altura.

 

Agora é diferente. Estamos financeiramente dependentes dos empréstimos que nos fazem. Ora, cada euro emprestado tem as suas condições. Que aceitámos, ao assinar o acordo internacional que é o pacto com a Troika. E sabemos que um acordo internacional tem obrigações que se sobrepõem às leis nacionais, sempre o aprendi assim. Está, juridicamente, noutro patamar.

 

Se achamos que as obrigações do acordo com a Troika não nos convêm, e considerando como excluída a possibilidade da renegociação, que a outra parte diz estar fora de causa, resta-nos a hipótese de denunciar esse acordo e prescindir dos dinheiros vindos de fora a juros inferiores aos dos mercados de capitais.

 

Só que romper o acordo terá custos sociais muito elevados. A independência nacional, quando a economia é fraca, fica muito cara. Há, por isso, que debater estas questões com muito cuidado.

Pág. 1/2

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

<meta name=

My title page contents

Links

https://victorfreebird.blogspot.com

google35f5d0d6dcc935c4.html

  • Verify a site
  • vistas largas
  • Vistas Largas

www.duniamundo.com

  • Consultoria Victor Angelo

https://victorangeloviews.blogspot.com

@vangelofreebird

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D