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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Sobre a Ucrânia

Na Visão que ontem foi posta à venda escrevo sobre a grave e complexa crise ucraniana. A Ucrânia é hoje uma zona de confrontação de interesses. A UE tem que ter uma estratégia muito bem pensada. Não pode tratar dos acontecimentos e da questão sem ter em conta as mais variadas dimensões da mesma, que vão dos direitos humanos e da liberdade das pessoas à necessidade de diálogo e de equilíbrio entre as partes em conflito, até aos aspectos geoestratégicos. A tendência habitual para lidar com estes problemas de forma esquemática e simplista poderá acarretar consequências inesperadas e muito sérias, inclusive para os interesses da UE. Por outro lado, enveredar por uma política de confrontação aberta com a Rússia exigiria uma unidade de objectivos e intenções, por parte dos europeus, que me parece, neste caso, como em muitos outros, muito difícil de conseguir. A dependência da Rússia em termos de gás, que é total para alguns Estados membros da UE, coloca-os numa posição de grande prudência e dá-lhes muito pouca capacidade de manobra. A Letónia, por exemplo, depende do gás russo. No outro extremo, a Espanha ou Portugal, não. Mas mesmo estes não têm qualquer interesse numa política de hostilidade aberta com Moscovo.

 

O texto pode ser lido através do seguinte link:

 

http://tinyurl.com/p6ahuc8

 

Para quem o quiser ler nesta página do blog, passo a transcrever o que escrevi:

 

 

Ucrânia: a difícil política do bom senso

Victor Ângelo

 

 

A crise ucraniana não se compadece com análises a preto e branco. Nem com a diplomacia do megafone praticada por exemplo por Van Rompuy este fim-de-semana, em Varsóvia, ao atacar abertamente as autoridades de Kiev. É uma situação complexa, com profundas implicações internas, numa Ucrânia à beira da falência económica, e politicamente fracturada. Por outro lado, na frente externa, a crise tem contornos geopolíticos sensíveis, em virtude das ambições russas para a região e dos ressentimentos de certos Estados da UE. Estamos, além disso, perante um processo volátil e cheio de perigos. As opções têm que ser abordadas com uma boa dose de ponderação.

 

Nos últimos dias, as comunidades ucranianas residentes no estrangeiro, incluindo em Portugal, intensificaram a pressão para que as instituições europeias tomem uma posição inequívoca. Querem que se faça uma espécie de ultimato ao Presidente Viktor Yanukovich, com ameaças e tudo. Mas a verdade é que a nossa parte da Europa não tem uma posição comum sobre a Ucrânia. Quando a proposta de sanções foi debatida, ficou claro que não havia o consenso necessário para a aprovar. No essencial, as preocupações dos que contam na UE passam por evitar um agravamento da violência, pela promoção do diálogo entre as partes e a preocupação de não hostilizar a Rússia de modo aberto. A Alemanha, nomeadamente, não se esquece que o mercado europeu absorve 47% das exportações russas e que esse país é o terceiro maior parceiro comercial da UE, após os EUA e a China. O comércio pesa, quando se tomam decisões geoestratégicas. Ainda pesa mais, numa altura de incertezas económicas. E é determinante para alguns, para os que estão criticamente dependentes do gás russo, como é o caso dos Estados Bálticos, da República Checa, da Eslováquia, da Hungria e da Bulgária. Saber que em 2013 a Noruega se tornou o principal fornecedor de gás do conjunto da UE não é consolação suficiente. Para estes países, é a Rússia que conta.

 

A nossa resposta tem que resultar de um equilíbrio entre o realismo e os princípios. Primeiro, convém ter presente que a geografia continua a ser um dos pilares das relações internacionais. A Ucrânia está onde está, na convergência de duas placas tectónicas de interesses. Na Europa que queremos construir, a confrontação entre interesses opostos tem que ser resolvida por meios pacíficos, através da convergência e da vantagem mútua. Pensar, como alguns pensam, que a “guerra” que se perdeu na Geórgia em 2008 pode ser agora vingada na Ucrânia, é um erro primário. A política do “ajustar contas” não deve ser a linha de inspiração das relações com a Rússia. Ninguém me pode exigir que goste do meu vizinho. Mas terei toda a vantagem em entender-me com ele, para além dos gostos e dos desgostos recíprocos.

 

Quanto aos princípios, as regras são claras. Há que respeitar os direitos humanos, a liberdade e as diversas expressões da cidadania, tratar do mal-estar social e político por meio de negociações e entendimentos. A rua, incluindo a Praça Maidan em Kiev, deve ser utilizada, sem violência e destruição de bens nem cega repressão das multidões, para forçar o diálogo e o bom funcionamento das instituições. Estas são as mensagens que os amigos da Ucrânia devem enviar a Yanukovich e aos líderes das oposições. Sem ambiguidades. O resto está nas mãos do povo ucraniano. Eles, melhor do que ninguém, saberão encontrar a solução que melhor se adequará às suas circunstâncias. Sem manobras nem interferência vindas de fora, nem do Norte nem do Ocidente. A não ingerência é outro princípio que convém ter sempre presente.

 

 

 

Assim assim, dos emergentes ao Sul da Europa

Ficou claro, para os que participaram na reunião de hoje no Luxemburgo, que a instabilidade nos países emergentes, em particular na Turquia, no Brasil, Argentina e África do Sul, a que também juntaria a Indonésia, para mencionar apenas alguns, está a afugentar os grandes grupos de investimento financeiro. E que esses capitais, que precisam de estar aplicados, que não têm por hábito estar inactivos, poderão aparecer em parte nos mercados da Europa do Sul, nomeadamente em Espanha, Itália e Portugal. O que faria baixar as taxas de juro das novas obrigações e empréstimos públicos, bem como aumentar o valor em bolsa de certas empresas mais promissoras.

 

Uma outra parte, bem mais importante, teria como destino as economias desenvolvidas do Norte da Europa.

 

Assim pensa a economia financeira.

 

É verdade que a economia real e a financeira andam por vezes muito afastadas, em círculos diferentes. É igualmente verdade que uma maior procura da nossa dívida soberana teria um impacto positivo sobre o afrouxamento da austeridade. Assim o entenda quem manda…

A segurança não é um monopólio da Direita

Alguém me dizia, aqui nesta parte da Europa por onde ando, que a Esquerda e os outros ainda mais à esquerda não gostam de falar de questões de segurança e ordem pública. Seria, para essa família ideológica, uma espécie de tabu. Como todos os tabus, não se falaria do assunto. E assim, deixariam o campo aberto para a Direita e os outros ainda mais à direita, se apropriarem do tema e, com ele, ganharem votos populares. Porque, na realidade, quem mais sofre com a insegurança são os mais fracos, os mais desprotegidos, os que têm menos meios para se defenderem. Votarão por quem prometer um país mais seguro.

 

Penso que há que ultrapassar essa maneira de ver a questão. A segurança é uma das funções primordiais de Estado, como costumo dizer com frequência. Um Estado de direito e democrático, que é o que a Esquerda protagoniza, é um Estado que garante a proteção dos cidadãos e que responde, de modo eficaz, às ameaças à integridade das pessoas e aos riscos contra os seus bens. Não há nada, aqui, de reacionário. A segurança é um direito fundamental. Um Estado que não consiga manter em funcionamento, de modo eficaz, as suas forças de segurança começa a revelar as características que definem um Estado em desagregação. Um colapso institucional. Ou seja, a caminho de um Estado falhado.

Os extremos

Um periódico francês, Le Journal du Dimanche, publica hoje uma sondagem relativa às próximas eleições europeias. Os dados mostram que o Front National, a extrema-direita chefiada por Marine Le Pen, poderia ser o partido mais votado, com 23% das intenções de votos. O partido de Sarkozy, UMP, viria em segundo lugar, com 21%. Em terceira posição, com 18% dos votos, estaria o Partido Socialista de François Hollande. Ou seja, 10 pontos abaixo do resultado obtido por Hollande, na primeira volta nas eleições presidenciais de 2012. Le Front de Gauche, na extrema-esquerda, teria 9%.

 

Estes dados são peculiares à França. Há, no entanto, um movimento ascendente de partidos extremistas, à direita, em vários países da UE. Os partidos do centro, de ambos os lados do centro, os partidos que se têm alternado na governação dos países europeus são, esses sim, os que perdem terreno eleitoral.

 

Embora ainda seja muito cedo para analisar a tendência – as eleições para o Parlamento Europeu só terão lugar em finais de Maio – há que estar atento. E que ter presente que uma Europa de extremos é sempre uma Europa em perigo.

Somos mais ou menos assim

Portugal é um país de exaltados. Por isso, a ideia que se tem da luta política é que deve ser a expressão colectiva das cóleras individuais. Se um político, sobretudo um dirigente partidário, não exprime opiniões excessivas passa a ser considerado como um nulo, um zero à esquerda ou à direita.

 

Como a tudo isto se junta um conjunto de televisões desesperado, que precisa de competir cegamente, de modo a ter uma proporção de audiências que lhes permita sobreviver, numa altura em que a publicidade está a ser paga ao preço da chuva, dando por isso pouco rendimento, o que tem saída e é procurado é a opinião extrema. De novo, quer à direita quer à esquerda.

 

Assim se constrói uma sociedade de intolerantes.

 

A intolerância é a fonte donde brota o descalabro nacional.

 

Os criminosos e as praxes numa sociedade de trogloditas

Quem lê regularmente este blogue sabe que tenho repetidamente condenado as praxes académicas. São práticas primárias, primitivas, violadoras dos mais elementares direitos das pessoas, que na maioria dos casos configuram actos criminosos e ilegais. Numa sociedade moderna e capaz de funcionar como um Estado de direito, as autoridades de polícia e de justiça teriam desde logo agido contra essas actividades criminosas. Em Portugal, onde existe o hábito de fechar os olhos e fingir-se que não se vê, as polícias e os procuradores da república têm, nesta matéria, faltado ao dever profissional e ignorado os crimes.

 

Agora, apareceram mais umas vozes a juntar-se à minha. Mas falta, nesse coro, o reconhecimento de que estas práticas têm que ser tratadas como matéria criminal.

 

Sem esquecer, claro, que uma futura elite – os estudantes universitários – que aceita essas práticas só pode vir a ser, no dia em que estiver no poder, uma elite de trogloditas numa sociedade que conserva traços do obscurantismo de outrora.

A economia europeia

David Cameron é o campeão do liberalismo económico na Europa. Hoje, em Davos, disse que acredita no retorno da produção industrial, que entretanto se exilou nos países de baixos salários e de fiscalidade insignificante, como o Bangladesh. Na sua óptica, voltaríamos a ter fábricas na UE caso procedêssemos à desregulamentação das condições laborais, a cortes na segurança social pública e à diminuição dos custos de energia.

 

Pura fantasia. Com excepção da questão da energia. Com os avanços tecnológicos, com a diversificação das fontes e com uma estratégia energética adequada, seria possível baixar os custos e expandir a oferta. Energia abundante e de baixo custo teria certamente um impacto sobre a actividade económica europeia.

 

Mas teria que ser uma actividade económica de alto valor acrescentado, baseada na criatividade ou na ciência, ou nos serviços de qualidade, para poder justificar o desenvolvimento social a que a Europa se habituou.  

As Forças Armadas

Há quem pense que a solução dos problemas portugueses actuais deveria passar por uma sublevação dos oficiais das Forças Armadas. Quem pensa assim não vive no mundo de hoje. Não tem ideia alguma de quais seriam as consequências. O povo português sairia de uma aventura desse tipo mais pobre. Ficaria isolado, na arena europeia e ao nível de certos estados falhados e ilegítimos, na cena internacionalmente.

 

É importante demolir o mito que tenta fazer crer que existe um papel político para as Forças Armadas de Portugal. Sobretudo, depois de se ouvir o que se ouviu hoje na conferência de imprensa da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA). E de se saber que a AOFA pretende organizar, a 22 de fevereiro, uma reunião de oficiais para proceder a “ uma reflexão colectiva sobre o que poderão os militares fazer para alterar o rumo do país”.

 

Essa reunião não cabe num regime e cultura democráticos. Além disso, as respostas à questão que levantam são óbvias: devem votar, cumprir o seu dever de militares, incluindo a subordinação ao poder político, e fazer propostas de reformas das Forças Armadas que tenham que ver com os desafios de defesa de agora e do futuro. Se agirem assim, contribuirão de maneira clara para um Portugal melhor.

Frio

Yukon é uma das províncias do Canadá, na fronteira com o Alaska. Com uma superfície comparável à da Espanha, tem uma população residente de 31 000 pessoas. Foi tema de conversa, este serão. Uma região longínqua, que nos lembra que o ser humano se adapta aos climas mais extremos. Enquanto falávamos dessas terras do fim do mundo, no calor de uma sala aquecida de Bruxelas, alguém nos disse que era, na altura, a hora do meio-dia em Whitehorse, a capital do Yukon, e que a temperatura exterior estava nos menos 33 graus centígrados.

 

Depois, alguém disse que acabara de passar o fim-de-semana em Portugal e que sentira, nas casas por onde tinha passado, um frio dos diabos. Muito mais frio do que em Bruxelas. Talvez não tanto frio como em Yukon, mas ao fim e ao cabo, é tudo uma questão de recursos, nesta parte do mundo onde vivemos.

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