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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Aviso à navegação

Vou estar ausente destas páginas por quatro semanas, por motivos de compromisso que me tomará todo o tempo.

Volto a escrever com regularidade a partir de 16 de março de 2015. 

Obrigado a todos.

VA

Uma paragem que se anuncia

A escrita quotidiana é uma maneira de intervir na vida pública. Mesmo quando os leitores são poucos, é um testemunho que fica. Assim vejo a coisa. E o objectivo é elevar o debate e abrir perspectivas. Falar igualmente de outras experiências, que possam ajudar a compreender o pequeno mundo que nos rodeia de perto.

Aqui não há espaço para polémicas nem para ataques de meia-tigela.

Amanhã o blog fecha por um mês, por motivos de outros compromissos que me preencherão o tempo todo. Espero, na volta, encontrar os leitores habituais e ter a imaginação suficiente para atrair outros mais.

Entretanto, aqui ficam os meus agradecimentos, especialmente aos que me vão seguindo com regularidade.

Para além das armas

Quando me reformei da ONU, recebi dois ou três convites, um deles para colaborar, de tempos a tempos, com a NATO. Desde então, participei em vários exercícios.

Esta semana estive noutro, na Noruega. E de repente apercebi-me que era o “avô” da coisa, o consultor mais velho.

Já tinha acontecido o mesmo noutras ocasiões. Mas como existe uma tradição de respeito pela idade e pela hierarquia, a minha velhice é aceite. Só que isso não chega. É preciso dar um contributo que valha a pena. Devo dizer que a experiência que tenho das relações internacionais, numa perspectiva civil, é apreciada. Quem manda nestas coisas de militares, na Aliança Atlântica, sabe que no mundo de hoje há vantagem em ter uma visão mais lata das questões de segurança e da resolução das crises. As armas são apenas um instrumento num painel muito mais vasto de opções. O painel é bem vasto, aliás.

Espero que os combatentes na Ucrânia se lembrem disso esta noite. O cessar-fogo, com início marcado para o meio da noite, é um primeiro passo para uma resolução, mais ou menos demorada, de uma crise profunda e bem complexa. Mas tem que ser posto em prática. Se não houver cessar-fogo estaremos perante um novo patamar de instabilidade. Não apenas na Ucrânia, diga-se com clareza.

Reflexões à volta de um corte de cabelo

Cortei o cabelo esta manhã. Nos últimos anos, havia utilizado os serviços de um velho – tem a minha idade – barbeiro italiano. Um homem que já teve sucesso mas que se deixou ultrapassar pela vida e pela concorrência. Para começar, pelo preço que pede: €16, quando todos à sua volta pedem menos. Depois, porque só aceita cortes com marcação. Várias vezes fui lá, estava sem ninguém, como agora sempre está, e disse-me que não, que era preciso marcar primeiro. E mais, por não ter percebido que o bairro mudara. Os clientes tradicionais foram desaparecendo da vizinhança, uns com destino ao cemitério, outros por terem mudado de zona de residência. Ficaram os emigrantes de vários tipos, mas acima de tudo os chamados “árabes”, uma designação imprecisa que abarca tudo o que vem do Norte de África e de outros sítios muçulmanos. Gente que corta a guedelha nas lojas dos compatriotas, por €7 e sempre cheias de clientes.

Este é apenas um pequeno exemplo da dinâmica de uma cidade em mutação. Quem não se adapta fica às moscas.

O meu barbeiro de hoje – e já é a terceira vez que lá vou – é um jovem kosovar. Abriu as portas há pouco tempo. Tudo muito moderno, com música de fundo e um serviço cuidado. Oferece um serviço mais refinado que “os árabes”, por um preço ligeiramente superior: €10. Percebeu que há aqui uma secção do mercado que acha que que o meu italiano está fora de moda e caro mas que também não quer ir fazer bicha na barbearia dos €7.

Nos negócios, mesmo nestes do cabelo, é preciso ter a cabeça no lugar e a mente atenta ao que se vai passando à nossa volta. Não serve de nada chorar por tempos que já não voltam nem tentar competir com que tem um mercado cativo, por razões de etnicidade.

 

 

A Europa e os seus diferentes sabores

Transcrevo de seguida o texto que hoje publico na revista Visão. Boa leitura, com serenidade que o momento é grave.

 

            À mesa da Europa

            Victor Ângelo

 

            Na cimeira europeia de hoje, Alexis Tsipras e Angela Merkel estarão sentados, pela primeira vez, à volta da mesma mesa. Não vai ser fácil. Para além do choque de personalidades, que são bem diferentes, e das opções políticas divergentes, haverá certamente um grau elevado de tensão emocional. Ora, no topo da pirâmide política, a empatia – neste caso, será de falar de antipatia – entre os líderes tem muito peso. Creio, no entanto, que a preocupação fundamental de ambos vai estar focada no que entendem ser a defesa dos interesses dos respetivos cidadãos. Mas se cada um deve lutar pelos seus, não pode deixar de ter, ao mesmo tempo, a lucidez necessária para identificar os pontos comuns, os destinos partilhados. Sobretudo agora, num momento de crise profunda e de inquietação geral em relação ao futuro. Nesta cimeira temos em cima da mesa, mais do que nunca, um desafio existencial: manter a coesão da UE. É isso que espero, embora com uma dose de pessimismo, que esteja na linha de mira de Tsipras e de Merkel. E também dos outros chefes de estado e de governo. Esse é o discernimento que permite identificar quem tem craveira de estadista.

            Sejamos claros, neste momento de incertezas e de riscos. Diga-se, com elegância e limpidez, que quem pensa apenas em termos nacionais não cabe no projeto comum. Os nacionalismos a todo o custo foram a causa de muitas calamidades no nosso continente. Hoje são de novo um perigo maior. Fala-se amiúde nos valores europeus, tantas vezes de modo irrefletido, sem que nunca se faça referência ao valor da harmonia, que se deve manifestar através da cooperação entre os distintos países que constituem o mosaico. O crescimento dos movimentos populistas, cada vez mais evidente, é uma ameaça direta contra esse valor. Sobretudo o populismo de extrema-direita, pela tendência que tem para a xenofobia e o racismo. Uma grande parte do combate político passa agora pela denúncia dessas ideias e pelo isolamento de quem as apoia, no interior da Europa, e de quem as instiga, de fora, por ver vantagens no esfarelar da união.

            Coesão, sim, e acima de tudo. Porém, a coesão tem um preço. Cada estado membro deve assumir o seu quinhão de responsabilidade. Também aqui convém ser claro. A responsabilidade primeira, quando um país está em apuros, pertence aos seus cidadãos e às suas instituições nacionais. Esta é a única posição que tem pés para andar. Como diz o ditado, Deus ajuda quem a si se procura ajudar. Culpar os vizinhos e esperar que a salvação venha do exterior reflete fraqueza e demagogia. Quem tem um problema faz um plano, gostava de repetir o meu jardineiro no Zimbabué, um homem simples mas cheio de bom senso. E mostra que o quer executar, respondia-lhe eu.

            Do outro lado da mesa, o preço inclui saber ultrapassar os preconceitos. Sei que muita gente politicamente importante no centro e no norte da nossa Europa olha para os gregos como gente do kebab, do Médio Oriente, uma espécie de antecâmara dos turcos e dos libaneses, com tudo o que isso significa nas suas mentes em termos de desconsideração. E que acha que chegou o momento de limpar a casa e deixar os “levantinos” ir à vida. Não tenhamos ilusões nem papas na língua. Esta maneira de pensar é mais generalizada do que julgamos, num continente em boa parte conservador e enviesado. Tem que ser combatida. À mesa da Europa, o menu deve continuar a ser variado e a poder combinar diferentes sabores.

Frio

Está um começo de noite limpo em Stavanger, na costa ocidental da Noruega. Caminhei um pouco no centro da cidade, ao longo do fiorde. A temperatura está nos 7º C. Não se sente frio. Como as casas e os estabelecimentos estão aquecidos, a sensação de frio não existe.

Frio sim, mas em Portugal. As casa são frias e húmidas, os restaurantes e os espaços públicos gelados, com excepção dos centros comerciais. Essa é uma das manifestações da nossa pobreza. Passar frio é uma experiência de inverno em Portugal.

O dinheiro na Suíça

9 de fevereiro de 2015

HSBC, um dos maiores bancos do mundo, muito ligado aos interesses ingleses no Oriente, a começar por Hong Kong, está hoje nos cabeçalhos dos jornais. A razão é de peso. São milhares de milhões de dólares depositados em contas clandestinas, na filial suíça do mesmo. Essas contas foram agora reveladas por um grupo de jornalistas independentes que se dedica a estas coisas. Os titulares da massa são gente muito fina, embora nem todos muito sejam muito recomendáveis, antes pelo contrário. Alguns deles são conhecidos por terem ligações directas com o crime organizado ou com ditaduras da pior espécie.

Os dados são do período 2005-2007. HSBC diz-nos que essas coisas já não acontecem, nos dias de hoje. Será verdade, creio. E o motivo é simples. É que os controlos estão muito mais apertados. E a própria Suíça deixou de querer ser associada ao dinheiro sujo. Por isso, os bancos suíços têm estado a correr com os titulares não-residentes de contas na Suíça que não consigam demonstrar que estão em ordem com as autoridades fiscais dos seus países de residência. É uma boa medida. Embora haja quem diga, à boca pequena, que são apenas as contas menos gordas que caem nessa categoria. Quem tem muito cabedal acaba sempre por conseguir residir num país generoso do ponto de vista fiscal. E pode assim declarar aos banqueiros suíços que está tudo em ordem

Somália

Um dos consultores convidados para o exercício que está a decorrer em Stavanger é originário da Somália. Vive em Nairobi. Contou-me hoje que vai, de há ano para cá, com alguma frequência a Mogadíscio. Por razões familiares e também por ter adquirido uma quinta nos arredores da capital. A quinta é um investimento no domínio da pecuária. E uma boa indicação das mudanças que estão a ocorrer na capital da Somália. Pela primeira vez, depois de duas muito longas décadas, há uma luz de esperança no país. É verdade que a comunidade internacional tem dado um grande apoio à estabilização da Somália, incluindo no respeitante ao combate aos terroristas de Al-Shabaab e à pirataria. E é de esperar que continue o apoio. A normalização da situação nesse país terá um impacto de relevo na segurança dos seus cidadãos bem como na região, a começar pelo Quénia. E o Quénia bem precisa de voltar a crescer.

Onde pára o Conselho Europeu?

Decorre este fim-de-semana em Munique a edição 2015 da conferência sobre segurança. Com o tempo, estas reuniões anuais ganharam uma projeção única. Munique é, neste momento, o acontecimento anual mais importante sobre questões de segurança internacional.

Como não podia deixar de ser, a Ucrânia é o prato forte no menu de 2015.

Depois de ouvir o que foi dito hoje, de saber quem falou e o que disse, notou-se a ausência de uma posição europeia. Há vários países da UE a falar sobre o tema, mas não há uma declaração comum. É como se o Conselho Europeu estivesse relegado para um canto e impedido de se manifestar. Nem Donald Tusk nem a Alta Representante Federica Mogherini deram sinais de vida.

Creio que estou já a sentir saudades dos tempos de Herman van Rompuy, para não falar da argúcia com que Javier Solana, antes dele, falava destas coisas e acabava sempre por tomar uma posição pública.

A redução ao silêncio é a melhor maneira de dar cabo das instituições europeias.

O petróleo do Mar do Norte está a ficar sem gás

O voo desta manhã de Londres Heathrow para Stavanger, a capital do petróleo na Noruega, tinha dezassete passageiros, num avião grande e novo em folha. Já o voo similar, em janeiro, estava meio cheio, numa linha que sempre foi muito procurada. Será que isto tem alguma coisa que ver com a quebra do preço do petróleo? Será que as companhias de exploração petrolífera estão numa fase de contenção de gastos?

Fiquei sem resposta.

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