Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

O Mercado da Ajuda

Fui hoje ao mercado da Ajuda, aqui em Lisboa, a dois ou três passos do sítio onde moro.


Vou lá de vez em quando. Hoje notei que várias das bancas estão livres, abandonadas, por já não haver quem esteja interessado no seu aluguer. Estimo que cerca de metade do mercado esteja nesse estado, como se fosse um projecto em vias de desaparecimento. Há menos vendedores e a clientela é relativamente idosa e com pouco poder de compra.


E também há, nas redondezas, uma proliferação de pequenos supermercados, que ajudam a dar uns tiros na sobrevivência do mercado tradicional.

Notas para memória futura

Voltei este fim-de-semana a Lisboa, depois de quase três semanas de ausência no norte da Europa. E encontrei um país ao Sol, que é como quem diz, relativamente despreocupado, a tratar de si e, acima de tudo, muito indiferente em relação às campanhas eleitorais em curso.


Deu-me a impressão que o país vive de um lado e os políticos do outro. E que não há grande ligação entre ambos. Cada um trata da sua vida e não espera grande coisa da política que por aí se anuncia. É, em grande medida, o reino do descrédito, da indiferença e do individualismo.


Ou estarei a ver mal a realidade em que vivemos?

Despedida

Último dia em Riga. Ontem tinha um convite para visitar o museu do KGB, que está instalado no local onde a polícia política soviética prendia os dissidentes e os interrogava, com a violência que se imagina.

Decidi não ir. Estava com pouca vontade de passar uma hora e tal a ver coisas deprimentes e de ouvir histórias pessoais de quem por lá passou, noutros tempos, ou contadas pelos familiares que sobreviveram. Todos sabemos o que foi o KGB e não existem dúvidas sobre os métodos que utilizava.

A Letónia de que gosto é a que olha para a frente, de maneira disciplinada e elegante, a que procura criar uma economia moderna na Europa a que pertence. A Letónia dos parques, das flores, do bom gosto e da modernidade. E que consegue ultrapassar o passado e viver em harmonia com a sua minoria russa e com as memórias.

Depois, ao fim do dia, estive numa discussão formal sobre as relações com a Rússia actual. E, também aí, o que conta é o futuro, uma boa compreensão dos objectivos essenciais de cada parte, e não os fantasmas de outros tempos.

Homens e mulheres em movimento

As primeiras estatísticas sobre os movimentos populacionais de massa em direcção à União Europeia – candidatos ao estatuto de refugiado e possíveis imigrantes – mostram que a grande maioria dos adultos que já chegaram é constituída por homens. Apenas cerca de 15% são mulheres.


Haverá duas explicações. Primeiro, muitos dos recém-chegados são jovens do sexo masculino, ainda sem família constituída. Um outro grupo corresponde a indivíduos cujas famílias ficaram para trás. Os homens vieram primeiro, à procura de destino e soluções. Mais tarde, quando as condições o permitirem, chamarão os restantes membros das suas famílias. Este factor também precisa de ser tido em conta, quando se tenta prever a amplitude dos movimentos futuros.

 

A minha campanha eleitoral

Neste tempo de campanhas políticas, convém que recordemos que o verdadeiro líder é o que sabe identificar quais são os desafios mais significativos que a nação confronta. Apesar do risco que existe, quando se reduz a lista dos problemas fundamentais a dois ou três de particular importância, parece-me essencial focar as atenções e ser claro quanto aos objectivos a atingir nessas áreas consideradas de maior prioridade.


Na minha opinião, Portugal enfrenta dois desafios muito significativos.


O primeiro diz respeito à pobreza e à fragilidade social de largos segmentos da nossa população. Combater a pobreza e atenuar a insegurança económica que define a vida de muitas famílias são imperativos de justiça social, de ética pública, bem como um requisito básico para assegurar um maior nível de coesão social e de cidadania responsável. Exigem um pacote de medidas que deverá ir muito além do serviço nacional de saúde – que é para muitos, sobretudo nos distritos de maior densidade populacional, uma frustração, uma concha vazia, que lhes possibilita ouvir o mar, em pano de fundo, mas não lhes permite beneficiar da força das ondas – e da assistência social. Tratar-se-á, isso sim, de um plano integrado que mostre resultados às famílias e lhes dê a possibilidade de acreditar que, em Portugal, vale a pena ter ambições e lutar por elas.


O segundo desafio tem que ver com a expansão, a diversificação e a modernização da economia portuguesa. Aqui, as linhas do futuro passam pela reorganização do sistema educativo, incluindo mais aplicação, mais disciplina, mais profissionalismo, e melhor formação profissional, e por outro lado, pelo fomento do investimento na economia, incluindo o investimento estrangeiro, a expansão da agricultura e da pecuária, a reorganização do sector das pescas – com uma incidência a sério na aquacultura.


O meu plano de campanha e de governo seria construído na base destes dois pilares.


Não sei se teria muitos votos. Teria, no entanto, posto o dedo na ferida. E é assim que os problemas começam a ser equacionados e, depois, resolvidos

Os criminosos que mandam na Volkswagen

A fraude massiva da Volkswagen, que procurou enganar os sistemas de controlo da poluição automóvel, fez perder hoje, aos mercados mundiais, dezenas de milhares de milhões de euros. Foi um impacto do tipo avalanche. A credibilidade das grandes firmas de construção de automóveis, a começar pelas firmas alemãs, ficou, para já de pantanas. E isso arrastou os mercados para perdas enormes. Quando um gigante como a Volkswagen se mete em falcatruas, muitos outros levam por tabela.


Há aqui um problema imenso de moralidade, de ética. Também de prestígio nacional, que desta vez puxou a indústria alemã para as ruas da ignomínia. Sem esquecer que há igualmente um problema de responsabilidade, incluindo na área criminal. Houve leis e normas que foram maliciosamente, deliberadamente, violadas.


Veremos quantos cabeças vão cair. Se caírem, que nestas coisas das multinacionais, as multidões de advogados assalariados conseguem transformar crimes em multas. É uma espécie de milagre que escapa ao comum dos mortais.

 

É um exagero dizer que a Europa está a morrer

Voltei esta manhã a dizer que exagera quem afirma que Europa está a morrer. É verdade que a crise é profunda, que a falta de coordenação é evidente e que as palavras que são ditas, entre governos de países vizinhos, não mostram prudência nem diplomacia. Mas quem estava preparado para uma avalanche de refugiados e de migrantes como a que está a acontecer?
A interrogação faz-nos pensar, isso sim, que houve falhas enormes por parte de quem tem a obrigação – e o emprego – de antever estas coisas. Como também falhou quem deveria ter aconselhado os líderes, quando a bola de neve começou a rolar. Falharam igualmente os líderes, não só por não verem a dimensão do problema, mas ainda por pensarem que este seria um problema que ficaria na Itália ou noutros países do Sul da Europa. Que seria, ao fim e ao cabo, uma dificuldade dos outros, uma crise fora de portas.
Entretanto, a questão entrou na casa europeia. E deu origem a desavenças. Há que ir, agora, além das disputas e dar resposta a uma questão que veio para ficar. E não só. A um fenómeno que não tem fim à vista. A pressão vai aliás aumentar à medida que o Outono for entrando. Ninguém sabe prever, neste momento, quando irá terminar o movimento das populações vindas do outro lado do mar.
Tudo isto é grave, mas não vai acabar com o projecto europeu. A ideia e a ambição do sonho europeu são mais vastas e mais duradouras que as carreiras dos políticos actuais.

A burrice política não tem limites

Tive hoje mais uma lição sobre a burrice humana e o perigo das ideias extremistas, das loucuras políticas, dos idealismos sem pés nem cabeça, dos regimes ditatoriais que dizem promover o bem do povo e o oprimem sem dó nem piedade. Ou seja, visitei o bunker – em português há quem utilize a palavra “casamata” – que havia sido construído pelos Soviéticos para proteger, em caso de crise muito séria, os líderes comunistas que dirigiam a Letónia.
A edificação está situada no meio de uma floresta a cerca de 65 quilómetros a Leste de Riga. São dois mil metros quadrados debaixo do solo, coroados com um centro de reabilitação ao nível da superfície, para disfarçar o que está por debaixo.
Custou uma fortuna e não serviu para coisa alguma. Nunca houve nenhuma crise, nem mesmo uma catástrofe natural, que justificasse o emprego, 24 horas por dia, de 250 homens – não havia mulheres no bunker – e um consumo descomunal de gasóleo e de outros meios, absolutamente necessários para permitir que houvesse vida debaixo da terra.
Várias salas têm citações completamente abstrusas atribuídas a Lenine, coisas que ele nunca terá provavelmente dito, mas que convinha colocar sob o seu nome, para lhes dar força. E a única sala com um mínimo de espaço e de toque humano, e mesmo assim, tudo isso muito grotesco, era a que estava reservada para o secretário-geral do Partido Comunista na Letónia. Os sucessivos secretários-gerais devem ter passado, no total, tudo bem somado, três ou quatro dias nessa sala.
Tudo isto, agora, faz rir. Mas tal não era o caso, no passado recente.

 

Gestor de campanhas eleitorais

A poucas semanas das eleições em Portugal e longe da pátria, penso que estas deveriam ser fáceis de ganhar, do lado do PS. Depois de quatro anos de gestão apertada, e de ataques cerrados contra o governo actual na imprensa e nas televisões, a tendência seria, para os eleitores do centro, de se deslocarem agora para a esquerda e votarem socialista.
Mas as sondagens que vão surgindo mostram um partido com dificuldades em convencer os eleitores. Talvez as sondagens estejam equivocadas. Talvez aconteça uma surpresa. Talvez.


A verdade é, no entanto, que as previsões não são boas, para já. Por que razão? Será uma questão de liderança? Será por haver medo, na sociedade portuguesa, de um partido com uma marcada inclinação perdulária? Será por a mensagem não passar? Por que será?


Perante estas interrogações acabei por dizer a um amigo meu que ainda me vou inventar uma nova carreira, de chefe propagandista e gestor de campanhas. Noutros países, é um bom emprego. O meu amigo Mark Malloch Brown começou a sua carreira internacional assim e acabou como chefe grande na ONU. E há outros exemplos de gente que andou a aconselhar campanhas e com sucesso.


Não é que eu esteja a precisar de iniciar uma outra nova vida profissional. Mas seria divertido. E penso que obteria melhores resultados dos que estão agora à vista.

Pág. 1/3

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

<meta name=

My title page contents

Links

https://victorfreebird.blogspot.com

google35f5d0d6dcc935c4.html

  • Verify a site
  • vistas largas
  • Vistas Largas

www.duniamundo.com

  • Consultoria Victor Angelo

https://victorangeloviews.blogspot.com

@vangelofreebird

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D