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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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A classe média

Hoje volto a uma questão que já aqui foi levantada e que continua sem resposta. Como se define a classe média?

Vários políticos e outros habilidosos do comentário público falam amiúde da classe média. E dão a impressão que esta é uma categoria social onde cabe quase todos, desde que tenham um emprego ou um rendimento mensal previsível, capaz de satisfazer as necessidades básicas de uma família nuclear, ou seja, as despesas de alimentação, habitação, escolares, de saúde, vestuário, calçado e de lazer. Dito de outra maneira, uma família que conseguisse chegar ao fim do mês sem dívidas extras, para além da habitual prestação da casa, depois de ter pago todas as contas resultantes de uma existência sem exageros nem loucuras, mas sem apertos nem desassossegos, estaria dentro da classe média.

Muito bem. Mas mesmo assim, conviria falar de valores. Aqui, onde vivo, o intervalo seria entre os dois mil e quinhentos e quatro mil e quinhentos euros mensais líquidos por família. A distância entre estes dois valores extremos mostra claramente que estamos a tratar de um conceito amplo e relativamente vago. Dão, no entanto, alguma precisão a uma classe que se define, antes de tudo, pela maneira subjectiva como cada um vê a sua posição na escala social.

Nós e a Dinamarca

Não estou de acordo com a chamada “lei das joias”, adoptada pelo parlamento da Dinamarca e que permite confiscar bens aos candidatos à imigração e ao refúgio, se esses bens estiveram acima do limite de 1340 euros. É uma lei inútil, do ponto de vista financeiro, uma transgressão dos direitos básicos das pessoas, impossível de aplicar, do ponto de vista da polícia, e politicamente incorrecta, até pelos estragos que acarreta à imagem externa do país. A Dinamarca é e tem sido um país generoso, em termos de ajuda internacional, incluindo no que respeita à concessão de asilo. Mas sai mal desta fotografia. Muito mal.

E em termos de desencorajamento, não vai ser por aí que se evitará novas chegadas em massa à Dinamarca.

Também me parece pouco propositado ver os deputados portugueses aprovar uma moção de censura aos seus colegas dinamarqueses. Não cabe à Assembleia da República dar lições de moral aos outros parlamentos nacionais dos Estados membros da UE. Sobretudo nós, que não temos nem uma parte ínfima dos desafios de imigração que a Dinamarca enfrenta e que do ponto de vista da ajuda internacional estamos numa divisão muito mais tacanha.

Numa Europa cada vez mais dividida e à beira de fracturas profundas, toda a prudência é pouca.

A Assembleia da República pode e deve debater o que se passa na Europa. Mas com um mínimo de respeito pelas circunstâncias de cada país. Ou então começa a aprovar moções a torto e a direito, que da Rússia ao Atlântico problemas não faltam.

 

Um Orçamento que traz preocupações

O orçamento geral do Estado é antes de tudo um documento essencialmente político. A política marca as projecções macroeconómicas e define as opções de despesas. Aqui, e em toda a parte. Por isso, quando a Comissão Europeia levanta objeções e faz perguntas sobre o projecto de orçamento, como agora acontece com Portugal, estamos no domínio da política. Não são questões técnicas. Sobretudo se as estimativas tiverem sido construídas sem bases sólidas e as despesas forem de natureza a derrapar.

Tentar minimizar as observações feitas por Bruxelas é lançar poeira para o ar. Sobretudo agora, que os técnicos da Assembleia da República, os da UTAO, vieram a público e disseram, por outras palavras, que temos um projecto de contas que é um bocado fantasista.

Enveredar de novo por essa via irresponsável seria um erro que ficaria caro.

Depois de Davos, vamos a Nova Iorque

Faço hoje, num texto na Visão, o balanço da reunião de Davos deste ano e a ligação entre o que aí se disse e a eleição do futuro Secretário-Geral da ONU.

O texto tem o título: "De Davos a Nova Iorque".

Quem quiser ter a bondade de me ler, pode abrir a página on-line da Visão ou seguir este link:

http://bit.ly/1NaHzyA

Zika: um mal nunca vem só

Para complicar ainda mais uma situação internacional que já estava bastante complicada temos agora a ameaça de saúde pública que é o vírus de Zika. Esta doença, que resulta de uma picada de um determinado tipo de mosquito, provoca entre outras coisas, microcefalia nos bebés de mulheres infectadas durante a gravidez bem como o síndrome de Guillain- Barré, uma doença que provoca fraqueza muscular.

As populações estão muito preocupadas.

Vários países da América Central e do Sul, incluindo o Brasil, estão ameaçados. Nalguns deles as autoridades sanitárias já fizeram declarações públicas, aconselhando as mulheres a adiarem planos de gravidez por dois anos. O governo do Brasil acaba, por seu turno, de dar ordem a 220 mil militares para colaborarem com os agentes de saúde nas campanhas de destruição dos mosquitos.

Este desafio vai ter um impacto económico e social de monta em toda a região. No caso do Brasil, com os jogos olímpicos à porta, Zika poderá afastar muitos visitantes estrangeiros.

Apontamentos sobre as presidenciais

Portugal: eleição presidencial de 24/01/2016

  • MRS: o único titular de um alto cargo institucional que tem uma legitimidade sólida; o seu maior desafio é mantê-la
  • Ganhou em todos os distritos
  • Uma vitória que faz algum tipo de ponte entre diferentes sectores de opinião
  • Divisões no seio do PS, o grande perdedor da noite, por ter dois candidatos e por se identificar de modo muito claro com um deles, em contramão dos históricos do partido
  • Estimo que cerca de 1/3 do eleitorado do PS seja próximo do centro
  • A crispação vai aprofundar-se entre o PS e os seus apoios parlamentares, sobretudo do lado do PCP
  • O espaço do PCP está mais apertado, entre a ala esquerda do PS e o BE
  • O discurso político do PCP está fora de sintonia com a maneira de falar sobre política que hoje se pratica
  • A candidata do BE tem um potencial eleitoral que é importante reconhecer
  • 17 pontos percentuais da abstenção serão explicados pela inadequação ou falta de actualização dos cadernos eleitorais; não serão 9 440 mil eleitores, mas sim cerca de 7 836 mil

Comentar a eleição presidencial

A eleição presidencial que se aproxima deixa-me preocupado. Não é a questão do nível muito baixo dos debates. É o problema muito sério das candidaturas. Do lado Republicano, claro. A sondagem de ontem, sob o patrocínio da Reuters e do IPSOS, mostra claramente que Donald Trump está muito à frente dos outros correligionários do seu partido. Tem mais de 40% das intenções de voto. O segundo nome é o de Ted Cruz, umas décimas acima dos 10%, ou seja, está fora de combate. Cruz seria, de qualquer modo, uma escolha preocupante.

Trump vai certamente ser o candidato Republicano à presidência dos EUA. A única maneira séria de ver essa escolha é a de dizer, sem ambiguidades, que se trata de uma desgraça e de um perigo. O homem representa a fatia mais retrógrada da opinião pública americana. A mais extremista, incluindo do ponto de vista do racismo. E a mais perigosa, nomeadamente no que respeita ao relacionamento da América com várias regiões do globo.

Pior ainda, num embate decisivo entre Trump e Hillary Clinton, que deverá ser a candidata do lado dos democratas, a mesma sondagem mostra que Hillary teria imensas dificuldades em sair vencedora. É verdade que ainda faltam muitas milhas para chegar ao dia das eleições. E que tudo pode acontecer durante as campanhas de Trump e de Clinton. Mas qualquer deslize pode significar a vitória de Trump.

E o leitor já pensou o que seria a política internacional – já não falo da política doméstica, que isso é sobretudo matéria para o povo americano – se Donald Trump estivesse na Casa Branca?

 

Reflectir sobre a Tunísia

Cinco anos após a queda do antigo ditador Zine El Abidine Ben Ali, que fora o segundo Presidente do país a partir de 1987, os jovens tunisinos estão de novo nas ruas, há vários dias. A agitação tem-se alastrado e hoje o governo viu-se obrigado a decretar um recolher obrigatório nacional, que abrange o período das 20:00 horas até às 05:00.

A instabilidade actual permite que nos lembremos de várias questões. A Tunísia continua a ser um exemplo de transição democrática no mundo árabe, o único caso de sucesso numa série de revoltas que ficaram conhecidas genericamente como a Primavera Árabe. É igualmente o país onde há maior liberdade para as mulheres. Mas a crise de agora também nos lembra que o desemprego jovem e a falta de oportunidades económicas são as características determinantes no Norte de África e na generalidade do mundo árabe. Muitos jovens têm diplomas universitários mas não têm emprego. Uma boa parte desses diplomas correspondem à frequência de estudos que não têm nada que ver com as necessidades técnicas e científicas de hoje. A função pública é uma das poucas saídas, sobretudo agora que o turismo está de rastos, em virtude dos recentes golpes terroristas na Tunísia. É, no entanto, impossível construir uma economia moderna com base nos empregos na administração do Estado. É preciso investimento nos sectores produtivos e nos serviços privados. Na Tunísia não há investimento que se veja. A instabilidade afugenta os investidores mais sérios.

Existe, isso sim, um grande nível de corrupção na área pública. A democratização não foi acompanhada por uma reforma do Estado. As instituições funcionam com base no compadrio e estão politizadas. Essas são duas vias certas para o desastre.

A Europa, que se havia comprometido a ajudar a Tunísia, não conseguiu ir além das promessas. Ora, é do interesse europeu ter um Norte de África estável e em crescimento. Caso contrário, teremos mais imigração vinda dessa parte da nossa vizinhança e mais casos de radicalismo.

A França comprometeu-se hoje a dar uma ajuda excepcional nos próximos cinco anos. O Presidente Hollande falou de 200 milhões de euros por ano. É um exemplo que deveria ser seguido por outros, sem mais demoras.

 

 

 

Sobre as presidenciais

Nas antevésperas da eleição presidência portuguesa, é curioso notar que o debate se resume a uma só questão: vamos resolver isto à primeira ou haverá necessidade de organizar uma segunda volta. E quanto a isso, as opiniões divergem. Mas, na verdade, o que a questão demonstra é que há um candidato muito mais abrangente do que os outros. Vai buscar votos a vários quadrantes. Pode ser ligeiro do lado das ideias, mas que consegue uma diversidade de apoios, isso sim. Os restantes estão confinados a uma fatia muito estreita do eleitorado. Ou seja, dificilmente reúnem as condições para que possam ser considerados como representativos de um leque alargado das diferentes componentes da opinião pública. Todavia, um deles, se houver segunda volta, até pode vir a ser o próximo Chefe do Estado. É que em matéria de eleições e de rejeições, nunca se sabe. A democracia funciona assim.

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