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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

As presidenciais francesas de 2017 e a UE

Ver Fillon, com os olhos postos na Europa

            Victor Ângelo

 

            Nestes dias, o político de quem se fala chama-se François Fillon. No espaço de três semanas, conseguiu passar de um canto obscuro para a boca de cena da política francesa. É agora o candidato oficial do partido Les Républicains, uma formação de direita que Nicolas Sarkozy havia reformado em 2014, com a intenção de a utilizar como a via de regresso ao Palácio do Eliseu.

            Sarkozy já é história, acabaram as suas ambições presidenciais. A direita conservadora que vive na França profunda, na província, nas terras marcadas pela vivência rural e pelos valores católicos tradicionais, perdeu a inocência e deixou de acreditar no estilo endiabrado, e feito de improvisações, que o antigo presidente personificava. Viu em Fillon a imagem que fazem de um presidente da república – sereno, austero, polidamente distante, quase monárquico. Notou, também, a coerência e a clareza do seu discurso. Gostou, além disso, de o ouvir defender um nacionalismo educado, que não faz alarde da xenofobia, embora esta esteja subjacente, e propor uma função pública mais eficaz e mais leve em termos de efetivos, e menos pesada em termos de impostos. Na realidade, Fillon representa, para quem o apoia, o renascimento de uma certa ideia da França, rejuvenescida economicamente, com maior peso político na Europa, e nacionalista sem extremos embaraçosos. Refere-se a uma França alicerçada na nacionalidade genuína, ou seja, de há gerações, nos valores de matriz cristã, assente no conceito de família tradicional e no respeito pelos notáveis locais, por oposição subentendida às elites libertárias de Paris.

            É, de certa maneira, um regresso implícito à maneira gaulista de ver a nação. Na verdade, para a direita, François Fillon simboliza o retorno do pêndulo. Contra a esquerda que está no poder há quase cinco anos e que tem dado uma imagem de incoerência ideológica e de miopia política, de navegação à vista. François Hollande terá contribuído, como ninguém, para a desagregação do Partido Socialista francês. A história lembrar-se-á disso e da sua falta de estatura para o cargo, tão bem ilustrada pelo ridículo das suas escapadelas como o passageiro da motocicleta de um amor às escondidas.

            É igualmente o candidato que parece poder travar a tendência populista que tem marcado as consultas populares, noutros horizontes políticos. Contrariamente ao que alguns querem que pensemos, Fillon é visto por muitos em França como uma espécie de anti-Trump. O seu programa não faz promessas celestiais. Antes pelo contrário e, por isso, a sua popularidade surpreende. Podemos não acreditar na exequibilidade desse programa, mas anuncia mais horas de trabalho semanal, menos emprego na função pública, um recuo na idade da reforma e outras coisas que ninguém pode, com honestidade, considerar demagógicas. Poderão, isso sim, ser vistas como opções erradas. No entanto, uma boa maioria do eleitorado de direita achou que faziam sentido.

            Acima de tudo, Fillon poderá impedir Marine Le Pen de ganhar as presidenciais. E essa é, para mim, a sua grande vantagem. O populismo de extrema-direita de Le Pen constitui, nos próximos meses, a maior ameaça à estabilidade da França e da Europa. Estrategicamente, é fundamental concentrar uma boa parte da luta política no combate a Le Pen. Não podemos deixar que ganhe as eleições presidenciais de Maio de 2017. E aí, a candidatura de Fillon é, apesar de todas as reservas que possamos ter sobre o seu programa político e a sua maneira de ver a vida, a melhor aposta. Não é uma questão do mal, o menos. É uma questão existencial, estratégica para o futuro da Europa que ambicionamos.

 

(Texto que hoje publico na Visão on line)

 

 

Notas sobre os radicalismos

Alguém perguntava hoje, num diário de Lisboa, se podemos “pôr no mesmo saco os radicalizados à esquerda e à direita”. A pergunta vinha no seguimento de um texto sobre o populismo, com uma referência especial ao ensaio que Jorge Sampaio publicou recentemente sobre esse tema.

Independentemente da posição defendida no artigo, que não quero comentar, deixo aqui expresso que a minha resposta sobre esta questão do populismo não é escrita a preto e branco. Há aqui vários matizes, mas o que importa é a versão radical.

O combate contra o populismo radical tem como finalidade evitar que os seus expoentes se aproveitem dos mecanismos democráticos para conquistar o poder e impor, de seguida, uma visão unidimensional, redutora e opressiva da gestão política. Assim, se os extremistas de direita, como é o caso de Marine Le Pen, estiverem próximo de ganhar as eleições, o combate é contra eles. As diferentes facetas da luta política, incluindo as alianças partidárias, deverão, nesse caso, servir para atingir o objectivo que é o de impedir que esses extremistas cheguem ao poder.

E o contrário também é verdadeiro.

Dito isto, é sempre bom lembrar que um radical é sempre um radical e um grande perigo político. Um radical é contra a liberdade de pensamento, pois está convencido até ao tutano que detém a verdade absoluta e por isso, não aceita opiniões diferentes. Um radical não aceita a diversidade que existe nas sociedades modernas. Não quer entender que a democracia é um sistema que procura gerar equilíbrios entre diferentes interesses e sensibilidades. Também não entende que no século XXI cada país faz parte de um xadrez internacional de alianças políticas e de relações económicas. O extremista não tem uma visão global do presente. Vive numa realidade imaginária.

Num mundo complexo como o de hoje, todos os extremismos são condenáveis e inaceitáveis.

 

 

 

O Presidente francês

Assisti ao debate entre François Fillon e Alain Juppé. As perguntas dos três jornalistas que dirigiram a sessão exigiram, muitas vezes, respostas muito pormenorizadas, explicações detalhadas dos planos de cada um dos dois candidatos. Isso mostrou que o Presidente da República Francesa é, na verdade, um líder executivo, com muito poder, e não apenas um dirigente que traça as grandes opções políticas. Perante isso, é evidente que o papel de um primeiro-ministro francês é relativamente subalterno. Tem, antes de mais, a responsabilidade de garantir a boa execução das decisões do presidente. E, em segundo lugar, é uma espécie de almofada, que vai recebendo os murros e pontapés que a política do seu chefe motivar. E foi isso que François Hollande não conseguiu. Em vez de utilizar Valls como saco de boxeio, pôs-se a jeito e deixou que lhe batessem directamente. Agora não se pode queixar das dores.

 

Combater os movimentos fascistas

Não me parece estratégico falar de populismos de um modo indefinido. O verdadeiro risco, a ameaça em vários países europeus, provém da extrema-direita. É essa gente que tem a possibilidade de chegar ao poder, se os contextos nacionais e europeu continuaram a não responder às ansiedades de uma boa franja dos eleitores. Por isso, o combate político deve ter como alvo principal esses movimentos. E deve ser feito de modo amplo, em aliança com todos os que se opõem ao ressurgimento das ideias xenófobas, racistas e fascistas.

A defesa e a segurança da UE

            Olhar para a defesa da Europa, com segurança

            Victor Ângelo

 

 

            Em matérias de defesa e de ataque, Vladimir Putin funciona como um lembrete permanente. Ou seja, não nos deixa esquecer que a proteção da soberania passa, hoje mais do que nunca, pela boa combinação de meios convencionais com outros, fora da esfera militar. Putin tem sido um exímio utilizador de instrumentos não-militares para ganhar influência geoestratégica, desestabilizar e enfraquecer os países que considera como adversários ou inimigos, e promover divisões que favoreçam os interesses nacionais russos. Em simultâneo, mandou empreender um vasto programa de modernização das forças armadas e de reforço dos serviços secretos, quer internos quer externos. Mas as componentes militares e de segurança são apenas duas das dimensões que fazem parte de um pacote estratégico mais completo e multifacetado, que vai desde a manipulação da informação à utilização dos recursos energéticos como alavanca de política externa, para além das iniciativas mais clássicas, na área da diplomacia, da cooperação e do comércio internacional.

            Vem tudo isto a propósito do debate em curso sobre a defesa e segurança na UE. Desde setembro que o assunto está em cima da mesa. E, como já se tornou hábito nestes últimos tempos, tem havido alguma confusão e ziguezagues, por parte de quem manda a partir de Bruxelas. Assim acontece quando se procura agradar a gregos e troianos, e em especial, à ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, que tem aparecido como a principal impulsionadora de um projeto autónomo, simplesmente europeu. É verdade que com a Grã-Bretanha de saída, a Turquia a causar mal-estar na Aliança Atlântica e a incerteza que mancha o céu de Washington, pensar em cenários alternativos para o futuro das forças armadas europeias faz algum sentido. Mas uma coisa são cenários a prazo, outra são as realidades dos próximos tempos.

            Estas problemáticas exigem clareza, sobretudo porque a nitidez dá um sinal de força e permite mobilizar a opinião dos cidadãos. E essa é a questão mais importante. O cidadão europeu precisa de entender as razões que justificariam novas despesas com a defesa e a segurança. Só deste modo aceitará o esforço financeiro suplementar. Por isso, temos que ser claros em matéria das ameaças, do papel que é esperado do conjunto e de cada um dos Estados membros da União, da nossa responsabilidade no que respeita à segurança do nosso espaço comum de liberdades e de direitos, do que podemos e devemos esperar dos nossos aliados não-europeus, em particular dos EUA. Temos sobretudo que refletir sobre a nossa contribuição para o futuro da NATO, com imaginação e coragem política.

            Acima de tudo, é necessário ter em conta uma melhor utilização dos diferentes instrumentos de projeção de poder que estão à nossa disposição, enquanto UE, para além dos relacionados com a força militar.

            Na verdade, a discussão tem sido muito influenciada pela perspetiva militar, contrariamente à necessidade de uma visão multidisciplinar, como Putin nos recorda. E por isso, houve quem reduzisse a questão da “Europa de defesa” à problemática do nosso relacionamento com a NATO. Essa é uma maneira estreita de ver um assunto tão complexo.

            A NATO é fundamental – e neste momento, insubstituível – no que respeita à defesa convencional da Europa. É o braço armado do espaço geopolítico que tem a UE no seu centro. Assim, no futuro previsível e apesar das incertezas, a opção mais apropriada para os países da UE que são membros da Aliança Atlântica consiste no aprofundamento da sua participação nas diferentes áreas de atuação da NATO. Essa deve ser a prioridade. Dispersar recursos, nomeadamente para participar em operações patrocinadas pela UE, só deverá acontecer com conta, peso e medida, já que, se existirem forças e logística disponíveis para além das necessidades da NATO, esses meios devem ser postos à disposição das operações de paz da ONU. Para os seis países da União que não fazem parte da NATO, e em particular para a Finlândia e a Suécia, a decisão deve ir no sentido da intensificação da cooperação e na participação nos vários tipos de exercícios militares conjuntos, que têm lugar cada ano.           

            Ainda num sentido estrito de defesa e segurança, entendo ser oportuno sublinhar, mesmo que resumidamente, três outros aspetos. Primeiro, é altura de passar das palavras aos atos e de pôr em prática medidas concretas que assegurem a continuidade estratégica e a complementaridade operacional entre militares e polícias, nomeadamente nas funções de inteligência e de análise de risco. Segundo, e com urgência, é preciso reforçar a cooperação policial na Europa. Tem havido algum progresso nesse sentido, mas é insuficiente e lento. Terceiro, temos que reconhecer que muitas das ameaças que a UE enfrenta dizem respeito às competências dos serviços de polícia e de outros organismos civis de segurança. A proteção das fronteiras de Schengen, a luta contra o terrorismo e a radicalização, o combate ao tráfico de pessoas, a cibersegurança, a proteção das infraestruturas essenciais, a salvaguarda das instituições de soberania e das informações estratégicas, a resposta às ações encobertas promovidas por Estados hostis, tudo isso cai nas atribuições dos diferentes organismos de polícia. Dito isto, é compreensível que se defenda uma maior participação dos responsáveis das polícias no debate que está em curso. A polícia não pode continuar a ser a grande ausente.

 

(Texto que hoje publico na Visão on line)

Presidente Obama

Que ficou da viagem de despedida do Presidente Obama à UE? Esta é pergunta com que abro a semana que amanhã começa. E que deixo no ar, pois as respostas irão variar muito, consoante a opinião de cada um. Mas onde haverá certamente acordo será no facto de Obama ter sido, ao longo do seu mandato, um presidente muito apreciado pela generalidade da opinião pública europeia.

Informação e intoxicação

Há cada vez mais informação disponível. As fontes são múltiplas e o material produzido vai muito além da nossa capacidade de o ter em conta.

Este facto deve fazer-nos reflectir sobre o que deve ser a nossa intervenção escrita. E também sobre o estilo dessa mesma escrita. Não se pode escrever hoje como se escrevia quando o livro era rei e o jornal diário o seu mais fiel servidor.

Mas também nem tudo pode ser redigido como se redige um texto de 140 caracteres para o twitter. Mesmo reconhecendo a importância dos tweets. Uma importância que Donald Trump e os seus souberam aproveitar com um grande sentido de oportunidade. Divulgaram dezenas de milhares de textos curtos, frases acutilantes, embora muitas vezes fora do espaço da verdade. Mas a verdade é que ganharam a guerra da informação e da intoxicação.

Esta é a nova realidade.

Almoços políticos e falta de visão

O Presidente do Conselho Europeu deveria ter sido convidado, mas não foi!

Barack Obama almoça amanhã com os líderes que estão no poder na Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália e Espanha. Acho positivo.

Mas, não chega. Falta Donald Tusk. Este nosso Donald representa a UE. A sua presença, para além de reforçar a sua posição face aos reaccionários que estão no governo da Polónia, faria chegar, a vários destinos, uma mensagem forte sobre o projecto comum. E nós precisamos desse tipo de mensagens e de simbolismos.

É de lamentar que os chefes de Estado e de governo convidados – com excepção de Theresa May, é claro – não tenham levantado a questão do convite a Tusk. Esses líderes andam sempre a perder oportunidades de mostrar uns laivos de perspicácia.

Milhares de palavras difíceis para dizer coisas simples

Quem tem paciência para ler cinco páginas de jornal sobre a ameaça populista? E para que servem essas cinco páginas, quando o populismo extremista está a bater-nos à porta?

Há aqui um certo desnorteio.

Nestes tempos, como Donald Trump nos mostrou, para nossa infelicidade, o poder conquista-se com uma bateria cerrada de “tweets”. Com 140 caracteres por mensagem. O resto é conversa para as elites e para uma meia dúzia de fiéis. Nada mais. Não tem qualquer impacto sobre o povo eleitor e dá novos argumentos aos extremistas, que não se cansam de repetir que as elites políticas estão completamente divorciadas do cidadão comum.

 

Sobre Trump, a Europa e nós

Tempos de destemperos

                Victor Ângelo

 

 

                Donald Trump pode ser uma aberração no panorama político norte-americano, mas não é antissistema. Antes pelo contrário. Mexe-se bem dentro do sistema, sabe tirar vantagem das oportunidades e dos buracos legais. É a favor, até ao tutano e sem escrúpulos, do capitalismo liberal, puro e duro. Exploratório. Quando fala de uma América “grande de novo”, está a dizer que o Estado deve criar mais oportunidades de negócios para os grandes interesses económicos e pôr em prática regimes protecionistas que dificultem ou impeçam a concorrência vinda do estrangeiro. A conversa sobre a promoção de empregos foi propaganda eleitoral. Na realidade, Trump representa o grande capitalismo empresarial. De modo confuso e imponderável, inevitavelmente, por falta de experiência política mas também porque a demagogia resulta sempre numa caldeirada de contradições. É por aí que o gato pode ir às filhoses e a sua política económica conduzir ao fracasso.

                Como muita gente, não creio que o novo presidente esteja à altura das responsabilidades do cargo. Vi o último debate entre ele e Hillary Clinton: a noite comparada com a luz do dia! Trump mal conseguiu articular um ponto de vista, para além de uma meia-dúzia de frases feitas e de umas tantas reações emocionais. Mostrou ter uma visão primária e irrefletida das realidades económicas e das grandes questões internacionais. Mas vai ser o líder da nação mais poderosa do mundo. Um homem com muito poder. Mais ainda por ter o Senado e a Câmara dos Representantes do seu lado, que, em ambos os casos, têm uma das composições mais retrógradas, quando vista à luz da história das últimas décadas. O potencial de retrocesso em termos de valores e de políticas é, por isso, enorme.

                Trump é um líder que não está habituado a ouvir os outros, que passou a vida a decidir por ele próprio, conforme lhe dava na real gana. Vai, no entanto, rodear-se de políticos que sempre estiveram e fizeram vida na política. Ele, que havia prometido “sanear o pântano de Washington”, vai trazer para a linha da frente alguns dos piores ultrarreacionários que existem no circo do oportunismo político americano: Newt Gingrich, Rudy Giuliani, Chris Christie, John Bolton, Bob Corker, Stephen Bannon, etc, etc. Só falta ir buscar Sarah Palin ao Alaska, o que poderá, aliás, acontecer.

                Promessas, em política, valem o que valem, é bem verdade. Todavia, no caso presente, haverá que estar atento. Creio que Trump procurará levar avante várias das ideias que prometeu. Poderá ser um erro pensar que essas promessas se tratavam de meras artimanhas eleitorais. É verdade que acabará por deixar cair uma ou outra mais absurda, como por exemplo, a interdição de acesso aos Estados Unidos de muçulmanos. Manterá, porém, muitas das outras, com ou sem grandes retoques.

                Para a Europa, a presidência Trump vai ser um grande desafio. Mais um, na pior altura. Já tínhamos Vladimir Putin, Recep Erdogan, Theresa May, e ainda Viktor Orban, Marine Le Pen, Geert Wilders, Frauke Prety, e as cabeças confusas que se arrastam por Bruxelas. Sem esquecer, claro, as crises dos refugiados, dos imigrantes e as resultantes das nossas divisões nacionalistas. Passamos agora a ter mais um quebra-cabeças de monta, Trump, que, ainda por cima, se vai certamente aliar aos britânicos e ajudar a transformar o Brexit num carrossel barulhento, desnorteado e desconjuntado. Ou seja, os tempos que aí vêm não nos podem deixar descansados.

 

(Texto que hoje publico na Visão on line)

               

 

 

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