Criativos, sem crise
Hoje e amanhã, Bruxelas discute "as estratégias para um mundo pós-crise". Que raio de título.
Apesar de ser um tema estratosférico, perdido no infinito, o fórum atraiu cerca de 1400 participantes de todo o tipo, incluindo 400 profissionais da comunicação social. Entre os oradores, havia vários académicos americanos. E uma boa representação de Indianos, que trabalham no Ocidente e pensam como se fossem desta parte do mundo. Os Indianos estão, de facto, a dominar o pensamento macro-económico ocidental. Nas universidades mais conceituadas, no FMI e Banco Mundial, mas também nas grandes organizações da finança privada.
Deixando de parte as ideias, que se repetiram ao longo dia, pois todos parecem ler a partir da mesma cartilha, e falar em código, para não assustar os cidadãos que irão pagar a crise, senti-me animado quando, de entre quase dois milhares de concorrentes, numa competição europeia de fotografia sobre o euro, foi anunciado na sala que a equipa portuguesa ganhara o primeiro prémio. Três jovens lusos, no começo da adolescência, que o concurso era para essas idades, vieram ao palco e receberam a ovação da sala. Tinham chegado de Lisboa no Domingo, e estavam de tal modo emocionados que dava vontade de lhes dizer "não precisamos de palavras, a vossa composição é uma ponte de cores e uma via que abre a imaginação". Mas o rapaz do grupo acabou por falar, em inglês, como soube, e falou com muito jeito. Portugal saiu-se bem, desta crise.
Creio que, quando alguns dos nossos políticos falam das indústrias criativas, deveriam ter estes três jovens como um exemplo do que as novas gerações podem fazer, se devidamente apoiadas.