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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Viagens de Agosto

Estamos no meio de Agosto. Que este ano cai a um Sábado. Ou seja, este é o fim-de-semana por excelência do período de férias. É igualmente um momento de grandes movimentações. Há muitos anos, lembro-me, muitos e muitos anos atrás, procurei viajar, por razões de extrema urgência, de Bruxelas para Lisboa. Foi-me impossível encontrar um lugar num qualquer voo. É verdade que nesses tempos recuados as ligações ainda eram escassas e não existia a oferta que hoje faz parte do nosso quotidiano.


Ontem a minha viagem era mais curta. Mas poderia ter sido uma experiência definidora. Tratava-se de atravessar a avenida da Ilha da Madeira, no Restelo, de um passeio para o oposto, à altura do supermercado “El Corte…” nos nossos porta-moedas. Um fulano jovem, que conduzia com pressas, estava ao mesmo tempo ao telefone, provavelmente a acertar com a mulher que tralha levariam para férias. Essas conversas são importantes em meados de Agosto. Exigem concentração. Por isso, não deve ter notado este pobre ser a meio da rua, na passadeira. Mas eu notei a pressa do homem. E quase que a senti. Deve ter sido uma coisa de dez centímetros.


Serve isto para desejar a todos uma boa viagem. Por mais curta ou simples que ela seja. Ou uma boa viagem para quem se casa hoje, como está previsto que aconteça logo à tarde. É a minha filha mais velha que embarca nessa viagem.

Os caminhos do mundo

 

 

Copyright V. Angelo

 


 

Volto dentro de dias a Lisboa. É a migração do verão, como certas aves.

 

A verdade é que não nunca terá sido fácil ser um bicho migratório. Mas assim é a vida. 

 

A propósito, parece que muitos jovens portugueses estão, novamente, a encarar a emigração como uma saída para o futuro. É, de facto, uma saída. 

Uma fábula sem moral

 

 
 
 
O Sapo e o Elefante
 
Com o tempo, o Sapo convenceu-se que era o rei da poça de água. Outros animais passavam, diariamente, pelo local, para matar a sede. Pouco tempo ficavam, que, na selva, os sítios onde existe o precioso líquido são sempre muito perigosos. Todo o tipo de emboscadas acontecem junto aos pontos de água. Apenas o Sapo vivia na falsa tranquilidade de um sítio que, a qualquer estranho menos experiente, pareceria tão ameno.
 
Um Elefante começou a frequentar o charco com regularidade. Banhava-se demoradamente, deliciava-se na lama, sentia-se bem na frescura da paisagem. Era um Elefante muito ruidoso, de grandes espalhafatos. Muitos dos frequentadores do atoleiro desistiram da frequentação. O bulício provocado pelo gigante tornava o local ainda mais arriscado, pois deixava de ser possível ouvir os ruídos mais subtis dos que vivem da perdição dos outros.
 
O Sapo passou a ver o Elefante como o seu inimigo principal. Não gostava da concorrência. Caiu-lhe mal que o seu pequeno paraíso tivesse sido abandonado pelos outros animais. Ele que era o chefe do pântano! Estava a perder os súbditos.
 
Cada vez que se via reflectido na água vinha-lhe á cabeça comparar-se com o Elefante. Á força de se mirar, começou a convencer-se que era, pelo menos de peito, tão corpulento como o mastodonte. Mas como era de natureza medrosa, não se atrevia a medir-se com a besta.
 
Nas redondezas vivia uma boa de formato grande. Tinha o hábito de caçar antílopes. Mas estes eram cada mais raros, nas margens do charco. O Sapo pensou, e bem, que a jibóia poderia ser um aliado de peso, na cruzada para correr com o Elefante. Uma serpente com razões de queixa é uma ameaça de grande efeito.
 
E o Elefante acabou por ir à procura de outras paragens. O Sapo viveu uns momentos de grandeza, senhor que era de novo deste éden de lama e águas turvas. A boa esperou que as impalas voltassem. Mas esperar é exercício de paciência e a paciência nem sempre mata a fome. Nem o Sapo a matou. Que engolir um Sapo é obra pequena, quando se vive ao lado de uma jibóia de corpo inteiro.
 
 
Copyright V. Ângelo

 

Voltei com muito pó

 

Copyright V.Ângelo

 

Fiz centenas de quilómetros na poeira do deserto, visitei vários campos de refugiados, encontrei-me com dezenas de trabalhadores humanitários, vi gente a sofrer nos hospitais de campanha, crianças sem escolas, sem alimentação, mulheres que são violadas quando vão à procura de lenha, polícias corajosos, como o Coronel Ahmat, só ossos, mas uma grande experiência de combate e uma inteligência fina e sensível. Um homem sem medo.

 

Viajei estes dias com um um enorme lenço à volta do pescoço e do nariz, à la palestiniana, tentei proteger-me do pó fino, mas acabei o dia a sangrar do nariz, a tossir e castanho como uma maçã reineta meia podre. A minha figura era tão pouco usual, com o pano aos quadradinhos cor de areia à volta da cara, o nariz a apontar na direcção da estrada, que acabei por dizer aos meus guarda-costas que, se houvesse uma emboscada, os bandidos fugiriam de horror, ao ver-me nessa figura estranha. Um horror, sentado no banco da frente.

 

Mas voltei a encontrar gente de muito valor. Que nos ensinam a ser modestos e atentos aos outros.

Jet set dos perdidos no deserto

 

Ontem e hoje, passei várias horas de Learjet, a atravessar a África Central. Felizmente que o jet é rápido e confortável. A tripulação, dois jovens alemães, um dos quais Negro, que mesmo na Alemanha, o mundo está a mudar muito depressa, é muito flexível, o que me permite voar logo que a missão em determinado país esteja concluída.

 

Hoje começámos o dia em Bangui. Tinha uma reunião com o General comandante das forças expedicionárias da África Central. Um homem dos Camarões, com duas estrelas e muita paciência. Que isto de ser comandante militar em zonas de grupos armados exige sabedoria e calma.

 

Tinha dormido numa residencial, junto à Catedral, no sopé das colinas de Bangui. Um sonho, acordar cedo e ver as árvores de grande porte, duma vivacidade única, que nos dá força e faz desejar todas as belezas do mundo. As colinas estão menos densas do que há 25 anos, quando vivi nesta cidade. Mas continuam a ser povoadas por árvores tropicais que impressionam o viajante de olhos abertos.

 

Como é frequente, a manhã estava azul de linda. As nuvens, como nas nossas vidas, só aparecem ao fim da tarde.

 

Seguimos, depois, muito para Norte. Directamente de Bangui para Abéché. Do Equador e dos rios potentes, para o deserto e as colinas de pedras nuas. O vento sopra desde o início da história em Abéché, e as colinas já não têm solo. A erosão é tal que cada colina é apenas um amontoado de pedregulhos, sem terra que faça a ligação. Parecem pirâmides egípcias.

 

Nesta altura do ano, os wadis --rios temporários, comuns no deserto -- estão semeados de poças de água. Faz bem ver água nestas terras de cascalho e areia.

 

No deserto, a tarefa política era iniciar a plantação de 5 000 árvores. Acácias. Resistem à falta de água. Cada acácia é como um voto de confiança que obtenho das populações locais. Cada árvore é um reabrir da esperança.

 

Houve grande festa. As mulheres locais estavam lindas, nos seus vestidos brancos e lenços vermelhos, as cores da felicidade. Eu estava de fato, pois vinha do meu encontro com o General. Nunca tinha plantado árvores de fato. Digo-vos que não é nada cómodo. Mas consegui enterrar umas plantas de manga, que é um fruto muito apreciado.

 

Umas horas depois, estava em N'Djaména. A discutir geopolítica com os Franceses.

 

No final do dia, consegui arrastar os pés para fora de todas estas ocupações. Que grande vitória.

 

E amaldiçoei o Learjet.

Janus ou o Dr. Jekyll e o Sr. Hyde

 

A política portuguesa é um mito com duas faces.

 

Uma olha para a Esquerda e diz coisas que parecem modernas, mas num ambiente partidário de má-língua e coscuvilhices, de atrasos culturais e ideológicos. Sem coragem nem planos. Palavras, palavras.

 

A outra, vira-se para a Direita, cheira a privilégios do passado, a água benta e a um Portugal do tempo de Júlio Dinis. É um enjoo.

 

Este é o nosso dilema político. O corpo é o mesmo, estafado e sem energia. As mentes projectam cansaço, falta de ideias, um país rural e abafado, perdido numa língua que não se consegue defender e que se ajoelha perante as ignorâncias dos palradores do resto da comunidade linguística que o não é.

 

Estamos tramados?

 

 

O rio tranquilo

 

Da minha varanda, neste serão fresco de Domingo, o Tejo parece correr com tranquilidade. Não há grande movimento. Mesmo as ruas, entre o grande rio e a minha casa, estão relativamente silenciosas.

 

É altura de escrever a minha peça regular, para a revista que me acolhe. Depois de um fim-de-semana de férias em família, coisa rara, as palavras escritas têm dificuldades em encontrar o caudal habitual. As frases, depois das pessoas, parecem coisa vagas, pesadas e impenetráveis.

 

Tudo muito a contrastar com a calma das águas e deste lado da cidade.

A crise em Salamanca

 

A decisão foi de passar a noite de hoje em Salamanca. Uma c idade que sempre associei a Miguel de Unamuno, o grande pensador e comentarista das primeiras décadas do século passado. Bem como a uma aventura de jovem, num regresso da Bélgica com a Christiane, em 1969. Foi nesse ano que visitei Salamanca pela primeira e pela última vez, com todos os sabores de quem tinha 20 anos mal medidos.

 

Hoje, a cidade é outra. Apareceram muitas urbanizações nos arredores do casco urbano. Mas continua a ser uma urbe fundamentalmente académica. O Programa Erasmus traz jovens universitários de toda a Europa. Sentado, esta tarde, na Plaza Mayor, vi desfilar, mesmo neste período em que as aulas estão paradas, jovens com todos os tons de loiro e de castanho. Faz bem ver a juventude. Pensa em termos mais abertos.

 

Jantei no Mencía, que é dos melhores locais da cidade. Estava às moscas. O proprietário, com quem passei o serão a falar da crise, disse-me que a quebra de receitas, em relação ao período homólogo de 2008, é de mais de 40%. Na verdade, queria dizer pelo menos 50%, mas faltava-lhe a coragem para o fazer. Quer acreditar que a situação vai melhorar. Não quer dar um ar de pessimismo à vida. Mas a vida está em crise, e em Salamanca, também. Não há dinheiro para jantares fora de casa, não aparecem turistas, está tudo muito parado.

 

É verdade. Estamos em Julho, e as ruas estão desertas de forasteiros. Os habitantes locais passeiam-se pelas principais artérias. Mas é um passeio sem despesas. É o passeio dos pobres.

 

No final disse-me que apenas o novo homem do Real Madrid não tem razões para se queixar...

 

E assim vai o jogo da vida.

 

 

Um Sol mais fresco

 

Hoje, cedo, senti uma brisa fresca. Está um lindo dia de Sol. Mas também se consegue apanhar um pouco de frescura, à sombra das árvores que estão na plena força do Verão. Tudo isto é altamente apreciado, quando se vem de vários meses no Sahara e no Sahel.

 

O verde e a brisa dizem-me que é tempo de desaceleração. Por duas semanas.

 

Quem anda aos ventos secos compreende melhor a bênção que sai do verde das árvores frondosas.

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