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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

A tempestade

Dia de tempestade nos mercados financeiros.

Primeiro, por causa dos novos números da pandemia. O Outono ainda não chegou, mas os casos estão a crescer muito rapidamente. Os próximos seis meses vão ser muito problemáticos. O impacto sobre a saúde pública e sobre vários sectores económicos será enorme. O endividamento de muitas famílias e dos estados deverá atingir proporções inéditas e prolongadas. A experiência recente mostrou que os dirigentes políticos não têm uma linha de resposta coerente e coordenada. Assistir-se-á, de novo, a ziguezagues e a medidas que tratam a crise à maneira antiga, levantando as pontes levadiças e trancando as portas de cada nação ou de parte da nação.

Segundo, por causa das práticas de certos grandes bancos globais. Os casos já eram do conhecimento das autoridades financeiras há alguns anos. O consórcio de jornalistas de investigação conseguiu ter acesso aos registos das autoridades e divulgou todo um conjunto de acções ilegais de transferências de capitais de origem duvidosa – vindos da droga, da corrupção na Rússia, na Ucrânia e em vários países menos desenvolvidos. É verdade que essas práticas passaram a ser mais difíceis nos últimos três ou quatro anos. Há mais controlos, internos e externos. Mas aconteceram até então e foram levadas a cabo por instituições bancárias muito conhecidas e de grande peso nos mercados de capitais. Londres foi uma das praças que mais lavou.

Reorientar a nova economia

A reconstrução das economias europeias deve ser feita com dois tipos de recursos, caso não existam meios próprios da empresa. Empréstimos de longo prazo e financiamentos a fundo perdido. Em ambos os casos, deveriam ser definidas linhas prioritárias, sectores estratégicos, empresas de interesse nacional ou regional, actividades de ponta, que seriam os principais beneficiários dos novos recursos. Sobretudo no que respeita aos financiamentos não-reembolsáveis. Uma política económica deste tipo permitiria uma reestruturação do tecido económico, que tivesse em conta as dimensões estratégicas, o respeito pelo meio ambiente e a sustentabilidade, o encorajamento dos avanços tecnológicos e a geração de empregos.

A liderança política deveria estar já a trabalhar na definição dessas orientações de política económica.

 

Berardo e os corruptos

Há por aí uma grande onda de indignação contra Joe Berardo. Compreendo. Mas devo confessar que esperaria uma ainda maior, mais violenta, contra os corruptos e incompetentes que dirigiram a Caixa Geral de Depósitos e outros bancos que andavam, nessa altura, com o Berardo ao colo. A justiça deveria começar por esses lados.

Andam a brincar connosco

Não podemos passar o tempo a dizer que somos pelo aprofundamento da União Económica e Monetária e, ao mesmo tempo, gritar na praça pública, com a indignação que dá votos, que os bancos “portugueses” estão a ser comprados pelos espanhóis. Das duas, uma! Ou então, os políticos que temos pensam que somos todos atrasados da cachimónia.

Os bancos portugueses

Já que se fala hoje no estado do sistema financeiro do nosso país, lembro que na semana passada tive uma discussão com um banqueiro luxemburguês. Disse-me, com franqueza e sem arrogância, que colocar dinheiro em quantidades avultadas nos bancos portugueses era, na sua opinião, um acto de imprudência. E acrescentou que essa é a opinião que prevalece no Luxemburgo, no que respeita à saúde financeira dos operadores bancários portugueses.

Notas italianas

Os mercados bolsistas europeus parecem não ter ligado ao resultado do referendo italiano. O índice Euro Stoxx 50, que é indicativo do que se passa nas principais praças europeias, subiu 1,25%. O principal índice francês, o CAC 40, aumentou 1,00%. E assim sucessivamente. Apenas o FTSE MIB, que reflecte a bolsa italiana, teve uma quebra insignificante de 0,21%. O euro também aumentou de valor: mais 0,88% em relação ao dólar dos EUA.

A explicação é simples: quem anda pelas bolsas sabia – há meses – que Matteo Renzi não tinha hipóteses de ganhar esta consulta popular. Por isso, as acções italianas foram-se desvalorizando ao longo dos meses. Perderam 20% do seu valor desde o início do ano. Quanto aos bancos, onde as fragilidades são maiores, a perda média do valor das acções bancárias anda nos 48%, em relação a Janeiro de 2016.

Muitas das acções dos bancos estão na posse dos particulares, dos cidadãos que acreditaram na conversa ouvida aos balcões das agências e que foram convencidos a comprar esses títulos. Mais ainda. Existem mais de 170 mil milhões de euros, a título de obrigações bancárias, nas mãos das famílias. Também aí haverá que prever perdas de valor muito significativas.

Em resumo, como foi dito hoje por alguém importante à entrada de uma reunião em Bruxelas, não há receios. Os italianos saberão como resolver estes problemas.

Ficarão, acrescento eu, mais pobres e muito mais fartos das elites políticas e financeiras. O referendo já mostrou essa tendência. E a trajectória parece levar a Beppe Grillo e à chegada ao poder do Movimento 5 Estrelas. Ou seja, a elite da desgraça será substituída pela malta da confusão.

 

Os bancos dos amigos

Alguns dos meus amigos portugueses ainda não entendem – nem querem ver – a fragilidade que caracteriza o sistema bancário do nosso país. Mais ainda, parecem não querer acreditar que uma boa parte dessa crise, visível já ou que se anuncia, resulta de gestão irresponsável, e mesmo danosa, de muitos dos que têm estado à frente dos bancos nacionais. Várias formas de compadrios, incluindo políticos e maçónicos, estão na origem da precaridade financeira actual.

O mais interessante é ver como a comunicação social passa ao lado da questão. Não é, contudo, uma surpresa. Os nossos grupos informativos, donos dos jornais e das televisões, estão também eles profundamente endividados e sinceramente gratos por haverem beneficiado da generosidade irresponsável, compadre e amiga dos bancos que temos.

No fundo, estas coisas estão um bocado ligadas. O enredo é grande e propositadamente silencioso.

Os senhores da banca manca

Já várias vezes aqui escrevi que o sector bancário português está em crise. Durante anos foi gerido pelos mesmos a favor dos seus amigos e correligionários. Investiu milhões de milhões em projectos sem pés nem cabeça, apenas para enriquecer esses mesmos amigos e correligionários. Isso levou vários bancos que todos conhecemos a crises profundas, perdendo o cidadão, através dos seus impostos, e muitos dos depositantes anónimos, nomeadamente os que investiram em fundos e outros instrumentos de captação de poupanças.

Como o negócio era chorudo, criaram-se bancos que pouco mais são que umas caixas entre quatro paredes, sem dimensão nem futuro. E tudo isto foi acontecendo debaixo dos olhos do Banco de Portugal, que há duas ou três décadas tem medo de tudo e de todos.

Agora os mesmos senhores, os que levaram o nosso sistema bancário à fragilidade que hoje o caracteriza, vieram à rua com uma manifesto contra a consolidação do sector e, em especial, contra certos bancos espanhóis. Como são de direita e certamente não pensam como o Partido Comunista, não propuseram a nacionalização dos bancos. Mas, pouco faltou, na sua ânsia protectora.

Aliás, não propuseram nada, a não ser o serem contra.

Eles sabem que estamos na UE. E sabem que estar na Europa não significa apenas receber subsídios vindos de Bruxelas. Há, também, que aceitar obrigações e regras. A de abrir a economia aos investidores europeus, por exemplo. Sem esquecer uma outra silenciosa, que é a de ter uma visão maior e moderna da nossa economia, para além das vistas provincianas que lhes dão conforto.

No essencial, têm medo de ser ultrapassados por gente mais competente e mais objectiva. Não querem perder a influência que ainda detêm. E que nos trouxe à situação de atraso em que estamos actualmente.

 

 

Ainda sobre os bancos

A banca portuguesa está em crise. Já várias vezes aqui o disse. Há demasiados bancos, poucas oportunidades de negócios, e muito compadrio. O compadrio tem favorecido uma elite que gira à volta das personalidades que controlam o sector e levado a más decisões comerciais, a um volume elevado de créditos malparados, e, nalguns casos bem conhecidos, à falência de bancos, a falcatruas e à corrupção.

O sector precisa de uma reforma profunda, incluindo consolidação e profissionalismo, com base nas regras do mercado e da competitividade. Não se salva com falsos arremedos patrioteiros, com os manifestos do pessoal de Aljubarrota, como agora parece ser o caso, ou as profissões de fé de outros retrógrados, nem com a manutenção dos mesmos indivíduos à frente das instituições.

Teria tudo a ganhar com uma maior internacionalização dos seus capitais e dos quadros. Por isso, o interesse de bancos estrangeiros deve ser aceite de bom agrado. Faz parte do dinamismo dos mercados.

Estamos na Europa e integrados numa certa maneira de ver as relações económicas.

É verdade que uma boa parte do interesse pelos bancos portugueses vem do vizinho do lado. Também isso é normal. Conhece melhor o nosso tecido económico que outros, vindos de mais longe.

E não nos podemos esquecer do que é evidente: se o capital espanhol investir em Portugal é para ganhar dinheiro. Só o ganhará se conseguir fazer trabalhar os nossos bancos a sério. Ou seja, se conseguir que a nossa actividade bancária esteja na verdade ao serviço da economia e das famílias portuguesas.

 

Não resisti à tentação do Banif

Nestes últimos dias, todo o gato-sapato e os seus parentes mais próximos têm escrito sobre o Banif, o banco que foi ao ar. Por isso, hesitei em pegar no assunto, ontem. Achei que não valeria a pena acrescentar mais nada. Esta página ficou em branco, que é muitas vezes a tradução da vontade que tenho de tratar a nossa absurdidade quotidiana.

Mas este meu blog tem uma vocação muito marcada para pregar no deserto. Não resiste durante muito tempo. Por isso, cá estou hoje a escrever sobre a questão.

A verdade é que o enredo do Banif mostra, uma vez mais, várias coisas.

Ao nível macroeconómico, que temos bancos a mais e economia a menos. Existem demasiados bancos na nossa praça para uma economia fraca das canetas e incapaz de se equilibrar e começar a andar com as duas pernas no mundo moderno.

Ao nível da supervisão, que o Banco de Portugal não tem a independência necessária. A Europa de agora quer bancos centrais independentes do poder político. Não será o caso em Lisboa. Não precisamos de uma agência de supervisão paralela, a ideia que anda agora por aí no ar. Queremos, isso sim, um Banco de Portugal à altura das suas responsabilidades institucionais. Objectivo e corajoso. Tenho cada vez mais dúvidas, no nosso caso.

Ao nível da actividade bancária, o colapso mostra que os bancos comerciais portugueses são em geral mal geridos. A incompetência está nos conselhos de administração e nas direcções executivas. O princípio em que se baseiam não é o da rentabilidade dos projectos que financiam, mas sim o do compadrio. Se o compadre, ou o amigo desse compadre, pede um empréstimo, a direcção do banco fecha os olhos à viabilidade da coisa e avança com o crédito. Saem uns milhões. É uma situação própria de um país subdesenvolvido. Vi isso em vários cantos do mundo. E depois, com o passar dos tempos, o crédito fica malparado e vai juntar-se aos milhões de euros que já estão nessa gaveta de incobráveis.

E ao nível político, é a irresponsabilidade saloia que domina. A classe política respira esperteza bacoca. Neste caso, foi a manha do governo de Passos Coelho que preferiu ir adiando o problema. Uma crise anunciada mas adiada é, na nossa maneira caseira de ver a política, melhor do que uma crise de facto. Praticamos a política do pau. Enquanto ele vai e vem, folgam as costas.

Quem não folga agora é o Costa. Nem os portugueses.

 

 

 

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