Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Uma Espanha doente

Embora ainda não se saiba bem quais são as condições do pacote financeiro de que a Espanha vai beneficiar, fica-se desde já com a impressão que a maior preocupação de todos foi a de salvar a cara do governo de Mariano Rajoy.

 

Esta maneira de fazer as coisas -- escondendo a fraqueza dos líderes por detrás de uns biombos rotos, de umas meias verdades e de uns falsos pretextos -- tem sido prática corrente em Madrid. O que se passou nos últimos anos com a descentralização, dando uma autonomia injustificada às mais diversas regiões do país, foi uma cortina de fumo para esconder as cedências de Madrid à Catalunha. Em vez de se reconhecer que as exigências de Barcelona eram despropositadas, acedia-se, e para disfarçar, davam-se as mesmas vantagens a outras partes de Espanha que as não haviam pedido, nem tinham condições para as administrar. 

 

A falta de coragem e de transparência dos políticos são dois dos grandes males actuais, lá como noutros sítios.

Anda à prata, mas com a corda na garganta

Sem que se fale nisso, pela calada, Portugal entrou, nestes últimos dias num patamar de alto risco. O custo de financiamento da divida pública a longo prazo passou a ser muito alto - da ordem dos 19%, a cinco anos de maturidade. O risco do nosso incumprimento é agora estimado em 65%, também a cinco anos. Ou seja, é um risco demasiado elevado, com um grau de probabilidade muito sério, que não permite aos grandes investidores institucionais internacionais comprar obrigações do tesouro portuguesas.  

 

Quando se entra numa situação dessas, na espiral da morte, estamos perante uma catástrofe nacional. Só uma mudança radical de política, acompanhada por uma mobilização nacional, pode salvar a loiça e a mobília.

 

Quem tem medo de falar nisso?

 

Entretanto, a curto prazo, a três meses, ou a onze, é possível encontrar muitos compradores para as emissões que iremos fazendo, como hoje foi feito. Os compradores são sobretudo os bancos nacionais, que irão beneficiar de um juro à volta dos 4,5%, a pagar pelo tesouro português. Com esse papel, os nossos bancos vão a Frankfurt, dão-no como garantia ao Banco Central Europeu, recebem dinheiro fresco do BCE ao custo de 1%, que vão voltar a aplicar em mais papel de curto prazo ou em empréstimos leoninos às empresas, e ganhar algum. Tudo no curto prazo. Tudo para ganhar algum, rápido, ou enriquecer depressa, insustentável, porém, para a economia nacional.

 

Ou seja, a longo prazo estamos arrumados, mas a curto prazo há quem vá ganhando muita prata. 

Dias de ansiedade

Os principais bancos europeus vivem momentos de grande incerteza, devido às dívidas soberanas.

 

Ontem UBS, o banco suíço, dizia-me que tem apenas um pouco mais de 4,2 mil milhões de euros em obrigações do tesouro de países europeus com algum grau de dificuldade. Cerca de 3 mil milhões dizem respeito à dívida do Estado italiano e apenas 100 milhões têm que ver com a Grécia. Não haveria, neste caso, razoes para preocupações. 

 

Hoje, por outras vias, fiquei a saber que os grandes bancos estão a prever uma insolvência grega da ordem dos 60%. Este é um valor muito superior ao que havia sido previsto durante a última cimeira europeia, em Julho. Nessa altura, a percentagem que servia de base de trabalho era 21%.

 

Prevêem em relação à Irlanda e a Portugal um incumprimento de 40%. 

 

E no que respeita à Itália, a perda seria da ordem dos 20%.

 

Estes valores, se não forem compensados por participações dos Estados mais ricos da Europa, levarão vários bancos à insolvência

 

Com uma situação destas, os próximos dias, vésperas da cimeira europeia do fim-de-semana, serão de grande ansiedade.

Não estão a dizer a verdade

Anda-se com a impressão que nos estão a mentir. Que a situação económica é bem mais grave do que nos dizem. Mas sobretudo, que a situação financeira está de rastos, mas que os que sabem fingem que assim não é. Não há crédito que se veja, os bancos estão pouco menos que parados, sem actividades de monta, a imagem internacional do país está profundamente abalada, agora ainda mais com a sentença do Tribunal Europeu sobre o uso ilegal da "golden share" na PT, Portugal volta a ser notícia em tudo o que é informação económica, pelas piores razões, e os políticos estão cada vez mais emocionais, irracionais e a espumar raiva. Ninguém acredita em ninguém, não há confiança, mas andamos todos a fingir que o que conta, nesta altura do ano, é a praia e o bronzeado.

 

 

Sol e sombras

 

Num artigo recente, na Visão, afirmei que a Grécia estava mais perto da insolvência do que muita gente pensava.

 

Agora, com as obrigações do tesouro grego a serem classificadas como de alto risco, o que dissera há umas semanas, e que poderá ter parecido despropositado para alguns, tornou-se uma hipótese plausível. De facto, a cessação de pagamentos da dívida pública, por parte de Atenas, no curto prazo, não é de excluir. 

 

A ajuda europeia vai tardar, receio, em virtude das eleições regionais alemãs, que terão lugar no segundo fim-de-semana de Maio. A Alemanha é o motor deste processo e, igualmente, o principal financiador do pacote. Terá que disponibilizar mais de 8 mil milhões de euros. O eleitor médio alemão, e não só este, mas também muitos cidadãos de países do Norte da Europa, não entende as razões nem aprova um apoio financeiro excepcional à Grécia. Existem velhos preconceitos em relação aos países do Sul. Essas imagens voltaram à tona de água, à medida que a crise se foi tornando clara e que outros estados meridionais passaram a ser citados como estando na fila dos devedores precários.

 

Para Portugal, a evolução dos acontecimentos de hoje, incluindo a baixa do nível de notação da nossa dívida pública, é preocupante. O relatório da agência de rating Standard and Poors diz, no essencial, que as chances de crescimento da nossa economia, nos próximos dois a três anos, não se vislumbram. Acrescenta, ainda, que os cortes nas despesas do Estado não serão fáceis de concretizar.

 

As greves em curso mostram, em grande medida, que a capacidade de manobra no domínio do trabalho é muito reduzida.

 

Entretanto, milhares de portugueses da zona da grande Lisboa aproveitaram bem a falta de transportes. Ficaram nas praias da Costa do Sol, que a Linha de Cascais não tinha combóios que os trouxesse para os empregos.

 

As andorinhas de Agosto

 

 

Certos grupos de pressão, bem como os media influentes na cena internacional e alguns políticos de calibre grande, estão a tentar convencer-nos que a crise da economia e das finanças está a passar. Que já se vê uma luz, mesmo se é muito ténue, no fundo do túnel que tem sido este descalabro da economia capitalista altamente virtual. Uma economia e sociedades construídas com base no consumo desenfreado, o que é simplesmente insustentável.

 

É como se as andorinhas de Agosto anunciassem a Primavera económica. Como quem quer ver os cidadãos ir de férias sem grandes preocupações. Um incentivo a uma atitude positiva, que sempre trará algum apoio político e eleitoral, uns resultados de sondagens mais animadores para os dirigentes. Para que os senhores do poder possam passear na praia um pouco mais descansados. Com níveis de stress mais aceitáveis.

 

Tudo isto é muito ilusório. A crise tem dimensões estruturais que ainda estão por tratar. Não é prudente esquecer essa verdade.

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

<meta name=

My title page contents

Links

https://victorfreebird.blogspot.com

google35f5d0d6dcc935c4.html

  • Verify a site
  • vistas largas
  • Vistas Largas

www.duniamundo.com

  • Consultoria Victor Angelo

https://victorangeloviews.blogspot.com

@vangelofreebird

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D