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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Merkel e Macron a jogar fora do campo

É difícil de entender a razão que levou, na véspera da reunião do Conselho Europeu, Angela Merkel e Emmanuel Macron a sugerir a hipótese de uma cimeira entre a Europa e Vladimir Putin. A sugestão foi feita de modo inesperado, sem qualquer consulta com os outros líderes europeus. Contribui para novas divisões entre os europeus, com a Polónia e os Países Bálticos a dirigirem a oposição à proposta e a reforçar a sua posição de porta-vozes de Washington em Bruxelas.

O relacionamento com a Rússia é um assunto muito delicado. Exige muita coordenação entre os aliados europeus. É verdade que há muita matéria que precisa de ser discutida com Vladimir Putin. Mas também é um facto que este não está muito disposto a entendimentos sobre aquilo que é essencial para um melhor entendimento entre as partes.

No mesmo dia em que surgiu a ideia duma cimeira aconteceu um incidente militar grave no Mar Negro entre um navio britânico e as forças armadas russas. A embarcação britânica foi alvo de ameaças e forçada a alterar a sua rota, apesar de navegar num corredor que é reconhecido como internacional. Este incidente aconteceu na pior altura, no que respeita a Merkel e Macron.

Mas acredito que o assunto irá ser aprofundado e que os canais apropriados de consulta acabarão por ser seguidos. A questão é importante para ambos os lados. Mas é preciso encontrar as razões e os temas que levam as partes a um diálogo útil.    

Charles Michel precisa de ajuda

Charles Michel, o Presidente do Conselho Europeu, voltou a insistir, agora no Parlamento Europeu, que o incidente do sofá, uma esparrela preparada por Recep Erdogan, para humilhar Ursula von der Leyen e criar uma brecha entre os dois dirigentes europeus, fora acima de tudo um erro diplomático. Está enganado, não foi uma falha da diplomacia. Mostra, isso sim, não ter percebido nem a artimanha de Erdogan nem a importância política da secundarização de Von der Leyen. Está, por outro lado, a prolongar uma crise de liderança muito séria que se vive agora em Bruxelas e que foi inicialmente planeada pelo presidente turco.

Não é apenas o facto de Erdogan ter pouca consideração pelas mulheres enquanto líderes políticos ou mesmo, pelas questões da igualdade. Isso também conta. Mas não nos podemos esquecer que ele tem o poder que tem e chegou onde chegou porque é matreiro. Sabe como agir para criar tensões no seio dos seus adversários. Dividir para reinar. Sabe também aproveitar rivalidades latentes que possam existir do outro lado da mesa e como contribuir para o seu agravamento.

Charles Michel precisa que um conselheiro lhe diga que é fundamental corrigir o erro. E a correção desse erro começa pelo reconhecimento das causas e razões que levaram à situação delicada em que foi colocado.

Deve também ser ajudado a compreender que quando se trata com gente como Erdogan – ditadores com sucesso na vida, manipuladores de alto gabarito – todo o cuidado é pouco.

 

 

Como evitar as ratoeiras

Sergey Lavrov humilhou publicamente Josep Borrell, o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, quando este foi a Moscovo para abrir vias para um melhor relacionamento entre a Rússia e a Europa. Agora foi a vez de Recep Erdogan, o ditador da Turquia, de humilhar e envergonhar os dois dirigentes máximos da UE, Charles Michel e Ursula von der Leyen. Estavam em Ancara com uma agenda positiva e de abertura à Turquia. Erdogan humilhou a Presidente da Comissão Europeia, ao não lhe dar o tratamento político e protocolar a que tem direito, e criou um enorme problema de imagem para Charles Michel, que mostrou ser ingénuo, incapaz de tratar um ditador com o rigor que é exigido.

As visitas a Moscovo e agora a Ancara foram dois fiascos. Da ida à Turquia não se falou de outra coisa, na imprensa europeia, que da ratoeira armada por Erdogan. O resto, a substância das negociações, deixou de ter importância, ninguém é capaz de sequer dizer o que estava na agenda.

Os caudilhos que estão no poder em Moscovo e em Ancara são para levar a sério. Não se pode ir de ânimo leve e com ilusões, quando se trata de negociar com eles. Uma das características dos ditadores é a sua capacidade de manipular as situações e de esmagar, mesmo que simbolicamente, os adversários. Por saberem fazer isso bem, conseguem manter-se no poder anos a fio.

 

 

 

 

 

Desconectados

Passei os dois últimos dias perdido no labirinto das incompetências da NOS. E chego ao fim do dia de sábado com a linha do telefone fixo avariada e com um router novo, instalado na quinta-feira, que só trabalhou vinte e quatro horas. Desde então, e depois de várias chamadas de assistência técnica, está fora de jogo. Dizem-me agora que mandarão cá a casa um técnico, amanhã, domingo. Que esteja de alerta, a partir das oito, é o que me pedem.

Isto parece ser tão complicado como a cimeira da União Europeia em Bruxelas. Só que a NOS exige uma fidelização do cliente, coisa que a UE não pode pedir a nenhum dos Estados membros, depois do que se passou com os britânicos.

Por falar da cimeira, que continua neste momento em que escrevo, disse a um antigo embaixador português que considero normal que estas coisas levem o seu tempo a ser discutidas – estamos a falar de montantes excepcionais, com regras inéditas e implicações muito complexas, incluindo para o bom funcionamento da Comissão Europeia, para já não falar nas situações catastróficas que certas economias vivem. E também é de esperar que cada país veja a matéria tendo em conta a opinião pública interna. A construção da Europa não é apenas um assunto de líderes políticos. Precisa de uma base de apoio cidadão muito forte.

O embaixador explodiu, como lhe acontece de amiúde, agora que está reformado e que pode dizer o que pensa, pela primeira vez na vida. Os estilhaços partiram todos na direcção da Holanda. Mas eram de fraca qualidade, com muito ruído e pouco chumbo. Deixaram-me, no entanto, na dúvida se vale a pena insistir para que as minhas comunicações sejam restabelecidas. É que sem net, sempre me refugio nos escritos de Confúcio e de Nietzsche.

Ficar para trás

Por estupidez ou para fazer um jogo barato e enganador, há por aí quem diga que certos Estados membros têm como modelo de união monetária uma Europa de desigualdades, com níveis económicos diferentes. É falso.

Que existem diferenças, é um facto. Mas o objectivo tem sido, nomeadamente através dos fundos de coesão e outros, a promoção da convergência económica e social. Nalguns casos, a convergência ganha terreno. Por exemplo, na República Checa ou em Espanha. Noutros, ainda há muito caminho para percorrer. Para esses, com o tempo, o atraso acumula-se e em vez de haver convergência, há, isso sim, divergência. O que acaba por provocar novas tensões entre os Estados e dá espaço aos que têm como postura criticar a União Europeia, por tudo e por nada. Mas, quem é responsável por se deixar ficar para trás?

Maio com algum optimismo

Temos o mês de Maio à nossa frente. Depois de dois meses extraordinariamente difíceis, e de fragmentação, no que respeita à União Europeia, o voto mais sincero que posso emitir é que maio seja um período em que a coordenação política volte a ser a prática comum na nossa Europa. É altura de dizer não às decisões avulsas, tomadas ao nível nacional, sem vistas mais largas do que as fronteiras do passado. Precisamos de respostas comuns, integradas, que respeitem as profundas ligações que existem, ao nível económico e humano, entre as diferentes nações do espaço europeu. Só assim se atenuará o muito que se perdeu em Março e Abril, só assim se iniciará o caminho da recuperação. Que deverá ser percorrido em conjunto.

 

 

Assim vamos andando

O Banco Central Europeu vai desempenhar um papel fundamental no financiamento da recuperação económica dos Estados membros. Ao anunciar que comprará toda a dívida que venha a ser emitida por cada Estado, diz-nos que não há razão para preocupações com o investimento público, incluindo nos países mais seriamente afectados pela imensa crise que resulta da epidemia de Covid-19. E para quem se tenha esquecido, quero lembrar que o BCE é uma instituição da União Europeia e que este benefício se aplica aos países da zona euro. Vale a pena estar nessa zona.

Os Estados da União que ainda estão fora da zona euro vão precisar de um mecanismo de ajuda especificamente desenhado para eles. Será aí que a questão da solidariedade se porá de modo mais concreto.

Entretanto, quem quer ganhar pontos na cena interna vai dizendo umas coisas violentas e ameaçadoras sobre o futuro da União. É uma das linhas políticas que está a dar.

Criticar é mais fácil do que procurar entendimentos. O entendimento significa que se compreende os contrangimentos de cada parte. Tal como António Costa tem que ter em conta o que pensam os portugueses, outros líderes têm que responder perante as suas opiniões públicas. São assim o xadrez europeu e o jogo democrático. A isso, juntam-se preconceitos e ideias feitas, que devem ser combatidos, não à traulitada mas sim na base do diálogo e do respeito por cada um dos povos que estão neste mesmo projecto. Quem respeita os outros tem todo o poder para pedir respeito para com os seus. Quem perde as estribeiras arrisca-se a cair do cavalo.

E há por aí muita gente pronta para cair do cavalo. Os comentários que tenho lido sobre os “coronabonds” mostram-no. Mostram mesmo gente que passou toda a sua vida na diplomacia, nas altas esferas, e que agora, já jubilados, são tão etc, etc, etc, como os outros, que tiveram uma vida mais terra a terra. Não me meto com eles, seria um erro, mas não posso deixar de dizer que as grandes crises revelam o que vai na alma e na cabeça de muita gente. O bom e o menos bom, vem muita coisa à superfície.  

 

O Conselho Europeu continua dentro de momentos

O Conselho Europeu de ontem, que se prolongou até à madrugada de hoje, não conseguiu chegar a um acordo sobre quem deverá assegurar o bastão de comando da Comissão Europeia, no final do mandato de Jean-Claude Juncker. Havia outros lugares de topo em jogo, mas o bloqueio começa com a essa nomeação. Uma vez resolvida, será mais fácil encontrar consensos sobre quem irá ocupar os outros cargos.

Foi uma cimeira de fracturas. As posições defendidas por uns e pelos outros – falo dos Chefes de Estado e de Governo, que são quem se senta no Conselho Europeu – não eram apenas divergentes. Assentavam em todo um complexo conjunto de razões, que impediam a convergência. Eram questões políticas e pessoais.

Angela Merkel saiu da reunião com a postura de Estado que se impunha. Disse fundamentalmente que as discussões continuariam e que seria encontrada uma solução. Normal. Uma decisão a 28 não é fácil de tomar, sobretudo quando não há uma família política que tenha os votos necessários para fazer passar a sua agenda. Sem esquecer que há sensibilidades geopolíticas distintas, bem como visões do futuro da Europa que andam há procura de uma plataforma comum.

Compreendo a dificuldade.

Mas não compreendo os que saíram da reunião a queixar-se dos outros. O Conselho não pode funcionar assim, com sarcasmos, ataques frontais e arrogantes contra alguns dos seus membros. O Presidente francês precisam que lhe digam isso. E o Primeiro-Ministro de Portugal também.

Em política, e nomeadamente em política europeia, é preciso mostrar respeito e paciência. Cada país deve sentir que conta e que as suas preocupações são ouvidas com atenção.

Notas para uma agenda europeia

A agenda do próximo Presidente da Comissão Europeia deveria dar uma importância maior às questões do meio ambiente e do clima, da paz e da segurança nas diferentes vizinhanças da UE, bem como ao desenvolvimento económico e social dos Estados membros e à segurança dos cidadãos.

Isso passaria por um esforço mais intenso, quer internamente quer no exterior, na aplicação do acordo de Paris sobre o clima. Também significaria um aprofundamento da diplomacia comum. Igualmente, tratar-se-ia de conseguir chegar a mercado único, no espaço europeu, em matérias de telecomunicações, banca e transportes, incluindo a ferrovia. E, finalmente, a prossecução passo a passo de um programa de defesa e de segurança.

Tratar-se-ia de uma agenda ambiciosa, mas realista e suficientemente clara. Mostrar-se-ia, assim, aos cidadãos europeus o que significa uma União Europeia. A qual, a título simbólico, porém altamente significativo, deveria pôr em cima da mesa a possibilidade de um passaporte único, que reconhecesse as várias nações, mas que investiria na criação de uma cidadania comum e partilhada.

 

Eleger o Presidente da Europa

A possibilidade de uma eleição directa pelos cidadãos europeus do Presidente da Comissão Europeia é uma ideia que faz medo a muitos chefes de Estado e de governo. Terá, mais tarde ou mais cedo e se o projecto europeu quiser avançar, que ser discutida um dia.

E essa discussão deverá também considerar a fusão dos dois cargos de topo: juntar as funções de Presidente da Comissão às de Presidente do Conselho Europeu. Passaria a haver um só número de telefone, quando o Presidente russo ou americano quissesse telefonar para Bruxelas.

Isso sim, daria um sentimento de maior unidade ao projecto comum. Aumentaria a visibilidade da União, dar-lhe uma cara, uma personalidade. Significaria mais força.

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