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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Um Natal do lado do Sol

Alguém me perguntava ontem como se deseja Boas Festas quando vivemos uma época natalícia em crise? E como se retribui, quando alguém nos envia o mesmo tipo de votos?

Respondi que se deve desejar votos positivos, insistir no lado da vida em que o Sol ainda bate, reforçar o optimismo. Não será fácil, em pleno Inverno, na nossa parte do mundo, mas as nuvens e o frio fazem parte do nosso ciclo de vida. Protejam-se e mantenham a esperança, seria a maneira de expressar os votos, nestes tempos que agora vivemos.

Évora, nestes tempos cinzentos

Ontem, caminhei pelo centro histórico de Évora, coisa que não fazia há muitos anos. Na verdade, nos anos passados, sempre que voltava à terra natal era para visitar um ou outro familiar e ia diretamente para as suas casas. E como já ninguém da família mora dentro das muralhas, acabava por não entrar nas ruas que foram as minhas, passo a passo, durante as duas primeiras décadas da minha vida.

Entrei ontem e fiquei triste. A cidade estava sem movimento, várias lojas haviam fechado definitivamente as suas portas e muitos prédios apresentavam um ar cansado e miserável. Outros gritavam aos passantes o estado de abandono em que se encontram. As máquinas para o pagamento do estacionamento tinham todas o mesmo letreiro: fora de serviço.

Mesmo no exterior das muralhas havia um ar estranho, uma mistura de abandono, desleixo e de falta de meios. A estrada da Chainha, por exemplo, que era um dos meus destinos, deixou-me a impressão que há por ali quem abandone ao longo das bermas objectos que deixaram de ter valor, meio escondidos nas ervas que não são cortadas e que não são alvo de cuidados.

Digo isto, mas espero que os meus conterrâneos e amigos me venham dizer que vi mal, que me enganei na minha percepção do estado da urbe. Ficaria menos preocupado

O dia de hoje

O partido de Angela Merkel perdeu pontos em duas eleições regionais que hoje tiveram lugar. É importante perceber as razões da quebra de apoio. A primeira tem de ver com os atrasos nas vacinações e a percepção que o governo não tem sido coerente na resposta à pandemia. A segunda diz respeito a casos de corrupção e de aproveitamento do poder por parte de deputados do partido para fazer negócios e ganhar comissões.

Estes são dois temas muito sensíveis. Na Alemanha, como em qualquer outro país da União Europeia, o abuso do poder para benefício pessoal é um tema central em matéria política. O papel das instituições e das oposições é o de estar atentos a esses abusos e denunciá-los. Por outro lado, a questão da vacinação que não avança vai acabar por ter custos políticos muito grandes. Os europeus vão comparar os números com os do Reino Unido, dos Estados Unidos e outros, e não vão aceitar de ânimo leve as justificações que os políticos lhes forneçam para justificar a lentidão.

Tudo isto faz-me pensar numa panela de pressão que está a ferver em lume brando. As consequências serão desastrosas, se o lume não for apagado rapidamente.

Os dias moles e parados

Em frente à minha varanda, do outro lado da avenida, existe uma praça de táxis. No passado, as viaturas permaneciam pouco no estacionamento. Chegavam, juntavam-se mais uma ou duas, e rapidamente seguiam viagem. O tempo de paragem era curto. Agora, forma-se uma fila que nunca mais acaba e passam horas à espera do serviço que não aparece. É difícil, ao ver tantas viaturas sem movimento, não concluir que a cidade está mais ou menos parada. É igualmente impossível não pensar nas consequências económicas e sociais de tudo isto.

Para cúmulo, os meus amigos de Évora publicam fotos do centro da cidade, sem que se veja vivalma. E quem fala comigo ao telefone, diz-me que na sua zona pouco ou nada mexe. E acrescentam que muitos andam deprimidos, à espera da vacina e dos dias de sol. Infelizmente, não posso prometer nem uma nem a outra.

O turista de cabelos brancos

Durante a caminhada desta manhã, que faz parte da minha rotina, vi pela primeira vez este verão dois ou três pequenos grupos de turistas do tipo “reformados”. Até agora, o pouco que se via era gente jovem ou relativamente nova. Os da chamada terceira idade não apareciam. Medo do vírus? Provavelmente. Mas hoje apareceram. Veremos se isso volta a acontecer nos próximos dias. Como me disse o meu amigo proprietário de um restaurante que se situa perto dos “pastéis”, essa categoria de turistas tem mais massa do que os jovens. Talvez. Mas a verdade é que as indicações que tenho, de outras partes da Europa, é que todos estão muito agarrados à carteira. O consumo não é o que era. E os mais velhos têm, muitas vezes, que ajudar financeiramente os mais novos. E vem aí o inverno, os invernos, diria, que as nuvens parecem ser muitas, grossas e de vários tipos.  

 

Silêncios em tempos de crise

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/01-ago-2020/este-tempo-nao-e-para-estatuas-12483419.html

O link que aqui deixo leva ao meu texto desta semana no Diário de Notícias, edição impressa em papel de 1 de agosto. 

Aconselho uma leitura de todas as palavras do meu escrito. Cada palavra tem o seu peso relativo. 

Obrigado. 

Olhares e reflexões

Passei a parte final da tarde a falar do passado. Três horas. Junto da Torre de Belém, que também nos lembra o que já fomos. É cansativo recordar quase cinco décadas de vida adulta. E de repente, alguém nos diz que esta conversa sobre factos e pessoas de ontem está muito entremeada com análises do presente e olhares sobre o futuro. Tinha que ser. Com a realidade tão complexa que temos pela frente, é impossível não ligar o que se aprendeu e viveu ao que poderá acontecer na era pós-covid. Com realismo, tanto quanto possível. Pensando no pior e na sua prevenção. É assim que se deve encarar o futuro, numa situação como a actual. Não se trata de pessimismo. Trata-se de procurar evitar o pior.

Depois, já em casa, soube que o Primeiro-Ministro da Austrália, Scott Morrison, prepara o seu país para que possa enfrentar um mundo, o de amanhã, que será “mais pobre, mais perigoso e mais desordenado”. Anunciou isso hoje. Poderemos não estar de acordo com as medidas que está a planear. Mas temos que reconhecer que as suas palavras nos fazem reflectir.  

Esta crise é a sério

O Primeiro-Ministro britânico anunciou hoje que o governo irá investir muito dinheiro em obras públicas, com uma especial referência a hospitais, escolas e estradas. Não sei donde virá esse dinheiro, tendo presente o grau de endividamento das contas públicas do país.

 Reflectindo sobre esse anúncio, é claro que Boris Johnson quer mostrar que Reino Unido não ficará atrás dos investimentos que irão ser feitos no quadro da União Europeia, também em resposta ao impacto da pandemia. Por outro lado, obras públicas são uma velha receita quando há uma crise económica muito profunda. É isso que ele está igualmente a revelar, que isto é a sério E que se trata de uma crise que está para durar. Como também será o caso na União Europeia.

Estamos, na verdade, perante um desafio enorme. O caminho proposto pela Comissão Europeia parece-me mais adequado do que a ideia de obras públicas. É uma aposta na modernização da economia, na transformação da pegada ecológica, na biotecnologia, no reforço dos sistemas de saúde. Terá menos cimento do que o plano de Johnson, mas mais ciência e inovação. E assenta na dinâmica empresarial. Mas tem que avançar rapidamente. A aprovação do plano europeu tem que ser feita na cimeira de julho, sem falta. Foi isso que, indirectamente, Johnson nos veio lembrar.

Peixe fresco numa cidade parada

Hoje foi dia de comprar peixe. É uma tarefa que normalmente ocorre às quartas, pela manhã. É o momento da semana em que chega mais peixe fresco. O comerciante de peixe, a dez minutos a pé aqui de casa, é um grossista que fornece os restaurantes e os hotéis, mas que também aceita compradores avulso, como nós. É tudo pago em dinheiro vivo, que o homem não gosta de plástico e ainda menos, do pessoal das finanças. Para os particulares não há recibos, nem facturas. Em compensação, vende um peixe fresco e de excelente qualidade. Agora, com os restaurantes fechados, o negócio está fraco. Mas as portas mantém-se abertas e a oferta não mudou.

É tudo vendido em filetes, para pessoal como eu, sem espinhas nem pele. Comprei eglefim (hadoque, também conhecido como arinca), um peixe excelente, vindo dos mares frios do Atlântico Norte, ao preço de 15,00 euros o quilo do filete. Também fui ao lombo de atum, que custa 30.50 euros por quilo, tudo limpo e pronto a cozinhar. E  levei o inevitável lombo de bacalhau fresco, que vale 22.50 euros por cada quilo.

O hábito da casa é almoçar peixe dia sim, dia não. No dia não, come-se carne. E tal como a carne, a ração de peixe é sempre a mesma: mais ou menos 150 gramas por pessoa. O resto, são legumes, na frigideira, salteados num fundo de azeite. Nunca se come batata, e é raro fazer-se arroz. Não há sobras. Pão, só à noite, numa refeição ligeira, à hora do jantar, por volta das 19:00 horas.  Quando se come fora, é, por regra, ao almoço.

Estas são as rotinas que procuramos manter, como se tudo fosse normal, fora das paredes da casa. Mas é estranho ir buscar peixe e sentir que a cidade está parada. Não há ninguém nas ruas. Esperar que o sinal passe ao verde, para atravessar, é uma forma de fingir que está tudo como dantes. A verdade é que verde ou vermelho, não há trânsito.

Olhar um pouco mais longe

Não tenho uma bola de cristal nem pratico a arte da adivinhação, uma disciplina muito popular em certos meios intelectuais. Por outro lado, falta-nos ainda conhecer uma variável fundamental, que é a da duração da fase aguda da crise, a fase em curso. Se se prolongar por vários meses, o impacto será profundo, sobretudo nas áreas da economia e dos rendimentos das famílias. Por isso, as duas grandes preocupações actuais, que devem ser tratadas em simultâneo, são o combate à pandemia e o evitar a falência das empresas e das famílias. Os governos serão avaliados pela maneira como venham a responder a esse tandem de questões. É aí, por exemplo, que se joga a eleição presidencial americana.

Em termos geopolíticos, deve-se ter presente que a crise fez renascer o sentimento nacional, a convicção que as fronteiras dos Estados protegem os cidadãos. Nacionalistas ferrenhos e políticos demagogos procurarão investir nesse sentimento e sacar dividendos da coisa. Esse poderá ser um dos maiores perigos que teremos de enfrentar no período pós-coronavírus. A demagogia ultranacionalista, o aproveitamento do medo pelos populistas. A partir daí, estará em perigo toda a arquitectura multilateral e intergovernamental, sobretudo o sistema das Nações Unidas e a União Europeia. Como também ficará ameaçada a cooperação internacional, quer no domínio humanitário, de ajuda aos refugiados, por exemplo, quer no campo do desenvolvimento e da luta contra a pobreza.

Um outro aspecto particularmente importante terá que ver com a competição pela hegemonia entre a China e os Estados Unidos. Essa disputa acentuar-se-á e marcará de modo determinante a agenda das relações internacionais. A China já entrou num período de recuperação económica e política, enquanto os Estados Unidos se afundam na crise e se emaranham numa resposta caótica. Os chineses ficam, assim, em vantagem e vão tentar tirar o maior proveito político possível desse desfasamento. Nomeadamente, na ajuda sanitária a outros países, como está a acontecer com a Itália e a Sérvia, para mencionar apenas dois países que pertencem a esferas geopolíticas próximas, mas distintas. Mas não só. A ofensiva diplomática e económica da China ganhará uma nova dinâmica e um outro nível de subtileza, de modo a ganhar terreno sem criar anticorpos. 

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