A confusão que reina no topo da administração do Banco Espírito Santo (BES) revela, uma vez mais, que uma certa elite portuguesa acha que pode fazer o lhe der na real gana, incluindo com o dinheiro dos outros. Acha e acha bem, pois a verdade é que nada lhes acontece, quando se sabem as verdades. Não há investigação criminal, ninguém é arguido de nada, não se responsabiliza quem quer que seja.
Por isso dizia hoje, em Bruxelas, ao saber que o director para a Bélgica do banco suíço UBS fora detido esta manhã, acusado de branqueamento de capitais, ajuda à fuga fiscal de modo organizado e outras amabilidades que tinha como hábito fazer aos grandes clientes da casa, que o fulano foi burro. Depois de vários anos a ganhar comissões chorudas pela prática desses actos, deveria ter emigrado para o Sol de Portugal, para se aproveitar dos nosso ares e dos brandos costumes que protegem quem tem muito poder económico ou influência política.
E à hora a que escrevo, o nosso banqueiro belga viu a sua prisão preventiva confirmada. No mesmo momento em que os administradores do BES foram combinar umas coisas com o Governador do Banco de Portugal, para que tudo seja resolvido entre cavalheiros.
Temos um país que sabe que a bagunça é uma forma muito sublime da liberdade.
Ontem falava de viagens. Que continuam hoje. Que abrir novos horizontes, quando é possível, enriquece a vida.
Mas, ao mesmo tempo, custa muito ver o caos que muitos viajantes estão a sofrer, nalguns aeroportos, no Norte da Europa. Em muitos dos casos, houve falta de planos de contingência, de meios operacionais suficientes, de produtos que deveriam fazer parte de uma reserva estratégica. O objectivo escondido era o de economizar despesas. Pura e simplesmente, apostando na lotaria do tempo, esperando que o Inverno não fizesse das suas.
Assim se está a gerir certos aeroportos. Depois, quem paga são as companhias de aviação, que já estavam à partida com dificuldades económicas, e quem sofre é quem tem que passar por esses sítios.
Estive recentemente nos Picos da Europa, nas Astúrias. Esta foi uma das muitas fotografias que a beleza das montanhas me inspirou.
Hoje, ao pensar na maneira como funciona a justiça em Portugal, lembrei-me que talvez não fosse uma má ideia voltar aos cumes e perder-me uns tempos por aí.
É agora, mais do que nunca, óbvio que a justiça portuguesa come na gamela que lhe é estendida pelos políticos. Vive no conforto da sombra quente da bananeira do governo. Por isso, tem medo, muito, do poder executivo.
É um sistema de cobardes, que só tem força perante os fracos.
A verdadeira face da crise traduz-se nos números crescentes do desemprego. Cada número esconde uma pessoa e em cada pessoa esconde-se um drama.
Uma política de combate à crise passa, antes de tudo, pelo incentivo à manutenção dos postos de trabalho e pela formação profissional para novos tipos de emprego. Só que, neste momento, não se entende qual é a política de emprego do governo. Qual é a estratégia. Apenas se observam reacções após os acontecimentos, uma reposta a reboque da crise. Sem capacidade de antecipação.
Os centros de emprego e formação profissional são, por outro lado, buracos sem fundo, de funcionários afogados na sua própria inaptidão funcional. Um desespero, para quem tem que lidar com eles.
Tendo em conta o impasse na Assembleia da República, com cada partido a propor um nome, sem qualquer diálogo ou entendimento, e tendo também presente o estado da Justiça no nosso país, aqui vai a única proposta viável. Este candidato, que passa o tempo com as mãos na cabeça, que a confusão e a ineficiência do sector são fontes de grandes dores de cabeça, tem além disso a vantagem de ter olhos grandes, o que permitirá uma melhor visão da corrupção que se pratica no seio da classe política.
Espero que os meus leitores votem, na proporção dos dois terços exigidos, neste candidato.
É verdade que é de madeira, com pouca capacidade de reacção, mas a experiência mostrou que pouco ou nada se deve esperar do Provedor de Justiça em Portugal.