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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

O Sahel está mais frágil e a França mais enterrada na areia

https://www.dn.pt/opiniao/novas-incertezas-aqui-ao-lado-no-grande-sahel-13600414.html

O link acima convida o leitor a ler a minha crónica de hoje no Diário de Notícias. 

Cito o último parágrafo desse texto. 

"São várias as questões que se levantam com o desaparecimento de Idriss Déby. O que motivou o Presidente Macron a deixá-lo sem o apoio habitual, quando em 2019 havia enviado caças para travar uma rebelião semelhante? Erro de cálculo? Quem está por detrás desta nova rebelião, conhecida como FACT (Frente para a Mudança e a Concórdia no Chade)? Que impacto terá a nova realidade no conflito na República Centro-Africana? Que esperar do G5 Sahel e da luta contra o terrorismo nesta parte de África? Cada uma destas interrogações esconde muitas incertezas e preocupações. O futuro da pobre população do Chade é delas a maior."

A análise geopolítica

O meu modelo de análise geopolítica inclui o seguimento apurado do comportamento dos investidores. Estudo as decisões de investimento que fazem, nos mercados globais ou nas economias cuja situação política estou a observar. As escolhas que os grandes fundos ou os intervenientes individuais adoptam, em termos de aplicação das suas poupanças e capitais disponíveis, dão-me uma indicação do sentimento colectivo, face às grandes incertezas políticas.

Neste momento, apesar da evolução positiva das principais bolsas, a prudência continua a ser o factor determinante na tomada de decisão de quem tem meios financeiros acima da média. Por isso, nos primeiros meses de 2019, os investimentos em obrigações e títulos semelhantes – instrumentos que oferecem a garantia que o capital inicial não será perdido – continuam a ter a preferência dos mercados. Mesmo sabendo-se que os juros e os rendimentos dessas obrigações são insignificantes. Desde Janeiro, foram aplicados assim, ao nível global, 112 mil milhões de dólares americanos. No mesmo período, os investidores retiraram do mercado de acções cerca de 90 mil milhões de dólares.

Estes números traduzem bem o clima de instabilidade geopolítica que caracteriza as relações internacionais nos dias de hoje. Quer se queira aceitar quer não, um dos factores de instabilidade deriva da imprevisibilidade da governação de Donald Trump. O outro tem que ver com as ameaças económicas que resultariam de um Brexit sem acordo. O Reino Unido é a quinta economia do globo. O grau do terramoto ligado ao Brexit terá um impacto significativo, nesse país e na União Europeia. Uma terceira dimensão tem que ver com a instabilidade existente em várias economias emergentes, produtoras de petróleo – como a Venezuela, a Líbia , a Argélia, ou os países do Golfo da Guiné – ou não. Neste último caso, o que se passa no Brasil, na África do Sul e na Turquia pesa. Como também pesa o modo como a economia chinesa irá evoluir no ano em curso.

Assim vai a geopolítica.

 

 

 

Responder com clareza ao terrorismo

 

            Contra o jogo do pânico

            Victor Angelo

 

 

            É um exagero considerar os atentados terroristas dos últimos tempos como “a maior e pior crise da Europa”. A verdade é que os povos europeus têm sabido responder a esses crimes hediondos com dignidade e sentido de equilíbrio. Ficam chocados, desaprovam veementemente, reconhecem a gravidade desses atos, pedem que se faça mais e melhor em termos da segurança interna, mas não perdem por isso as estribeiras nem se escondem em casa. Por isso não é correto afirmar, como muitos analistas o estão a fazer, que se vive agora debaixo de um medo generalizado.

            É perigoso propagar esse tipo de alarmismos, por muito bem-intencionados que os seus autores o sejam. Ao fazê-lo, estão a fazer o jogo que interessa aos terroristas, o jogo do pânico. E estarão igualmente a preparar os trilhos que os extremistas de direita e outros movimentos xenófobos irão transformar em autoestradas. Depois, será só acelerar, para chegar mais depressa a uma situação de ameaça às liberdades e para pôr violentamente em causa a coexistência social e étnica em que temos vivido. A Europa conjuga-se no plural. Mas os ultranacionalistas não gostam disso e irão aproveitar todas as oportunidades para justificar as suas campanhas contra os “estrangeiros”, os que vieram de fora ou parecem diferentes.

            O discurso irresponsável e superficial sobre o medo tem igualmente o condão de nos fazer esquecer os verdadeiros problemas que desassossegam de facto uma boa fatia da população europeia. Refiro-me às preocupações com a precariedade em matéria de emprego e à insegurança económica. Para os desempregados de longa duração de França – 10,5% da população ativa – bem como para as famílias alemãs que vivem ao nível do salário mínimo ou com rendimentos precários – à volta de 12,5 milhões de alemães estão abaixo da linha da pobreza – as ansiedades que contam são outras e bem claras. Estes dois exemplos repetem-se noutras partes da UE. E lembram-nos a importância e a prioridade que deve ser dada à luta contra o desemprego e a exclusão social. E á promoção do crescimento económico. 

            Outro imenso problema que passou para a lista dos esquecidos é o da imigração. Ora, as chegadas ao sul da Itália através do mar dão uma boa ideia de um desafio que não pára: 22 500 pessoas só em junho. A maioria veio da Nigéria e de outros países da África Ocidental. Ou seja, são pura e simplesmente gente desesperada, jovens à procura de um modo de vida na Europa. A questão da imigração continua à espera de uma política europeia coerente. Também aguarda que se defina uma nova estratégia de ajuda ao desenvolvimento que faça sentido e seja atual. E nestas coisas também convém ser claro. A culpa da indefinição cabe aos estados membros, que não se entendem sobre um assunto premente e que tem implicações estruturais sobre o presente e o futuro.

            Não há duas sem três. Assim, deve-se mencionar um outro problema de grande impacto: os ataques sem descanso que certos políticos em certas capitais estão a fazer às instituições europeias e ao projeto comum. Dirigentes de meia-tigela, peritos em intriga política e na manipulação dos eleitores, gente de visões caseiras e oportunistas, descobriram que malhar nas instituições comuns dá popularidade e permite sacudir a água do capote. E fazem-no sabendo perfeitamente que isso compromete o nosso futuro coletivo, um futuro que só pode ser ambicioso se for europeu.

            Estas são as grandes questões. Não podemos perder o foco. Nem esquecer que há que combater a ansiedade, e os fazedores de medo, e promover a serenidade. Quanto aos terroristas, deixemos as polícias fazer o trabalho que é o seu.

 

(Texto que hoje publico na Visão on line)

Notas sobre a Líbia

Líbia 

O Governo do Acordo Nacional de Fayez Al Sarraj está há dois meses em Trípoli, tem o apoio da comunidade internacional mas não se consegue impor como governo nacional. É o governo de uma base naval em Trípoli e pouco mais. 

Existe um outro governo a Leste, em Bengasi e vários grupos armados, incluindo o Estado Islâmico em Sirte. 

Fayez é visto por muitos líbios como uma imposição do Ocidente. Esta é uma questão muito sensível num país em que sempre predominou um sentimento de independência e de arrogância em relação ao que é estrangeiro. 

A situação de segurança não permite a presença no terreno de uma missão da UE. No mar, está a operação naval Sophia. Para além das tarefas de combate ao tráfico de pessoas e de salvamento marítimo, deverá começar em breve a formação da Guarda Costeira da Líbia. 

Países europeus apoiam diferente fações na Líbia, incluindo a do General Khalifa Haftar em Bengasi. 

27 147 imigrantes ilegais vieram da Líbia para EU entre Janeiro e Abril de 2016. Na semana passada, foram cerca de 13 000 pessoas. Cerca de 800 000 estarão na Líbia à espera de oportunidades para atravessar o mar. 

Os imigrantes vêm da Eritreia, Etiópia, Sudão e Sudão do Sul, por um dos circuitos de tráfico, um corredor inteiramente controlado por um grande consórcio de grupos criminosos. O outro circuito, mais espontâneo, vem da Nigéria e da África Ocidental, através do Níger. Ambos implicam travessias de vastas áreas de deserto, inóspitas e muito perigosas. São excelentes fontes de negócios, em terras onde as chances económicas legais são escassas.

 

 

 

Boko Haram ataca o Chade

Esta manhã Boko Haram fez explodir duas bombas na capital do Chade. O número de vítimas – nomeadamente, vários jovens alunos do curso de polícia – é elevado. A cidade está em estado de choque.

Estes atentados não constituem surpresa. O Chade tem desempenhado, desde há alguns meses, um papel de primeiro plano na luta contra o grupo terrorista nigeriano. Por outro lado, a área de acção de Boko Haram situa-se muito perto da fronteira e da capital chadiana. Mais ainda, vários elementos ligados aos terroristas passam regularmente dias e dias em N´Djaména e arredores, a coberto das suas ligações étnicas e culturais com as populações dessa parte do Chade.

A surpresa é ver que a polícia do Chade não havia tomado as precauções necessárias para se precaver. Aqui, como noutros estados africanos, a polícia está longe de ter a formação necessária e o comportamento profissional adequados. No caso do Chade o falhanço é ainda mais gritante por se saber que as forças armadas conseguiram passar por um processo de reforma e de melhoramento profissional, enquanto a polícia ficou para trás. E muito.

É frequente, em muitos países do Continente Africano, ter forças militares e de segurança desorganizadas e mesmo caóticas. Conheço casos de exércitos de 8 ou 9 mil homens em que apenas uns trezentos estarão em condições operacionais. No Chade, o presidente investiu nas tropas. Espero que chegue agora à conclusão que com Boko Haram às portas da cidade a transformação dos serviços de polícia deve merecer uma atenção prioritária.

 

 

África 2015

Publico, no primeiro número de 2015 da Visão, um número que já se encontra disponível, uma reflexão sobre África, usando a Nigéria como prisma e espelho de análise. Na verdade, o bom e o mau que se vive nesse país e as perspectivas para o ano que agora começa são uma excelente amostra dos problemas e das oportunidades que existem, neste momento, no continente africano.

Eis o meu texto:

 

África 2015: a Nigéria como espelho

Victor Ângelo

 

            Olhar em frente é um exercício arriscado, sobretudo nestes tempos de grandes incertezas, de sobressaltos inesperados e quando os problemas são muitos e variados. No entanto, se me perguntassem que país africano deveria estar no topo da agenda da comunidade internacional em 2015, responderia sem hesitações: a Nigéria. Haveria certamente outros candidatos, por motivos evidentes, estados do Sahel e da África Central, ou ainda o tripé do Ébola – Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa –, sem esquecer o Sudão do Sul, a Somália, ou mesmo o Zimbabué do eterno Robert Mugabe. Mas a Nigéria sobressai claramente, em termos das preocupações, dos riscos e do que deverão ser as prioridades para o ano que agora começa.

            Para começar, é o país mais populoso de África, com um total estimado de 173 milhões de habitantes. Tem, além disso, uma dinâmica demográfica excecional, que retrata de modo acentuado o que se passa em África. Segundo as Nações Unidas, os nigerianos deverão ser 440 milhões em 2050 e à volta de 913 milhões no final deste século. A Nigéria será assim, após a Índia e a China, a terceira nação mundial, em número de pessoas. Por detrás destes dados, está uma população extremamente jovem, urbana, cheia de vida e, na grande maioria dos casos, sem emprego para além da sobrevivência que as ruas e as atividades informais, tantas vezes fora da lei, permitem.

            É neste contexto que opera, em particular no nordeste do país, na secura das fronteiras com o Chade e os Camarões, a organização armada extremista Boko Haram. Em 2015, o combate contra estes terroristas deveria ser a prioridade securitária absoluta. Boko Haram vai procurar, ao longo dos próximos meses, consolidar a sua presença nos territórios que já ocupa. Irá, igualmente, executar toda uma série de atentados em massa, em vários centros urbanos da Nigéria, de modo a destabilizar ainda mais o sistema político vigente e a autoridade do estado. Poderá ainda infiltrar os países vizinhos, aproveitando-se das relações tribais que estão na sua base e que lhe dão força. Boko Haram é, na sua essência, um fenómeno de alienação tribal. Os acentos islâmicos são uma máscara política.

            O balanço que se pode fazer de 2014 é claro: o governo federal não possui os instrumentos necessários para lutar contra Boko Haram. Tive, recentemente, uma conversa com um antigo chefe supremo das forças armadas nigerianas. E fiquei ainda mais convencido que a Nigéria tem que aceitar uma coligação militar internacional para enfrentar o enorme perigo que Boko Haram representa, interna e externamente. Convém aqui lembrar que os EUA, segundo o compromisso anunciado pelo Presidente Obama em agosto de 2014, irão gastar anualmente 110 milhões dólares, este ano e nos quatro seguintes, no desenvolvimento e apetrechamento dos militares de seis países africanos: Etiópia, Gana, Ruanda, Senegal, Tanzânia e Uganda. Por razões que não foram divulgadas, a Nigéria, que bem precisa de uma parceria internacional, não faz parte da lista. Fica, por isso, um vazio que, no interesse de todos, deveria ser preenchido pela UE ou pela OTAN.

            Outro fator de instabilidade tem que ver com as eleições presidenciais, legislativas e regionais de fevereiro. Estamos a dois passos da ida às urnas, mas a preparação dos diferentes atos eleitorais está a ser obviamente insuficiente e enviesada. Assim se acrescentam achas a uma fogueira previsível. Para além do défice de seriedade da comissão eleitoral, as profundas e evidentes tensões entre o norte e o sul do país, a violência com base na pertença identitária e nas milícias a soldo de certos candidatos, a insegurança existente em vários estados da federação nigeriana, tudo isto pode transformar as eleições de 2015 numa tempestade por demais anunciada. Oxalá me enganasse. A verdade é que as novas autoridades, os vencedores da confusão que poderão ser as eleições, irão precisar de um nível inédito de credibilidade e legitimidade políticas. Não se trata apenas da resposta aos desafios de segurança. Com o preço do barril de petróleo a desvalorizar – a principal fonte de receita das finanças públicas –, o governo terá que tomar medidas de austeridade de grande alcance, com enormes custos ao nível do apoio popular.

            Em grande medida, a Nigéria reflete muito do que se passa em África. É um país rico, com um produto nacional bruto comparável ao da África do Sul, e, ao mesmo tempo, de grande pobreza, semelhante a outros, no Sahel e mais além. A sociedade é profundamente desigual, em termos de riqueza, de educação, de modernidade e de dinamismo. Tem gente que estudou nas melhores universidades do mundo, e são muitos, que nesse país tudo se mede em grandes números, como também tem cidadãos que não sabem soletrar uma palavra. É uma terra de ambição e de promessas imensuráveis, para alguns, um labirinto de desespero, para quase todos os outros. Se substituirmos o nome do país pelo do continente, não andaremos muito longe da realidade que se vive entre o Deserto do Sahara e o Cabo da Boa Esperança.

            Para nós, no nosso canto do mundo, nesta Europa onde se teima em não pensar em termos geoestratégicos e onde tantos crêem que estamos ainda nos anos oitenta do século passado, o aprofundamento de uma parceria honesta com a Nigéria e com outros em África é fundamental para fazer de 2015 um ano de viragem. Uma viragem que se impõe, aliás, como vital. O futuro de ambos os continentes tem muito em comum.

 

Golfo da Guiné

Passei o dia de ontem num dos salões do Palácio das Necessidades. As cadeiras eram absolutamente inconfortáveis, datavam de outra época quando as pessoas ainda eram obrigadas a manter as costas direitas nas sessões públicas, e a temperatura ambiente era incómoda, sobretudo tendo em conta o fato e gravata exigidos pela ocasião. Nas paredes uns monstros atacavam uns anjos e outras personagens que os artistas de há séculos bordaram com muita ternura e beleza, coisas que hoje estão fora de moda, mas ninguém reparou, para além de olhar rápido, que as mensagens vindas dessas peças de arte nos lembravam a dor, as lutas quotidianas e a esperança, um dia, de uma salvação num mundo melhor.

 

O desconforto, o calor e as mensagens simbólicas constituíam o quadro ideal para discutir a segurança no Golfo da Guiné. Foi uma boa discussão, bem informada. Teve o mérito de chamar a atenção para uma parte do mundo que é próxima dos interesses europeus. Serviu ainda para estreitar as relações com Angola, a Nigéria e o Brasil, bem como confirmar a conjugação dos nossos interesses com os interesses dos Estados Unidos, nessa região de África.

 

Para mim, foi uma oportunidade para partilhar com os presentes algumas conclusões que tirei dos meus 35 anos de observação da região. E sobretudo de falar na necessidade do diálogo político com os dirigentes africanos que contam no Golfo da Guiné, um diálogo que do lado europeu precisa de ser conduzido a um nível de responsabilidade elevado e que deve ser franco, capaz de chamar as coisas pelos nomes – a corrupção endémica, a má governação, as violações dos direitos humanos, etc – e, ao mesmo tempo, de sublinhar a importância, para ambos os lados, de parcerias que levem a acções comuns.

Abuja

Ontem, o edifício das Nações Unidas em Abuja, a capital da Nigéria, foi alvo de um ataque suicida. Pelo menos 18 colegas perderam a vida, embora ainda não se saiba, com certeza, qual é o número total de vítimas.  

 

Este ataque é equivalente ao de Bagdade, em 2003, e ao de Argel, em 2007. Apesar das lições aprendidas com o que aconteceu nessas duas cidades, Abuja foi ainda possível. Uma vez mais, vai ser necessário investigar o que se passou e tirar as conclusões que se impõem.

 

As vítimas foram, uma vez mais, pessoas que acreditavam na solidariedade internacional. Ainda não tive acesso à lista de nomes. Receio conhecer alguns.

 

A autoria do atentado foi reivindicada por Boko Haram, um grupo terrorista fundamentalista, que nasceu nas margens ocidentais do lago Chade, na parte que pertence à Nigéria.

 

Havia chamado a atenção, recentemente, a 23 e 24 de Julho, sobre a perigosidade deste grupo, hoje dividido em três comandos operacionais. Opera sobretudo no Norte da Nigéria, mas representa, igualmente, um perigo para a segurança de outros países: Chade, Níger e Camarões. A Nigéria, o Chade e o Níger montaram, há cerca de dois anos, uma estrutura militar conjunta, para combater Boko Haram. Os Camarões não se quiseram juntar, o que me levou na criticar o governo de Yaoundé.

 

Esta zona de África, que tem ligações directas com os grupos armados que operam no Sahel, exige uma maior atenção da comunidade internacional.

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