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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Um exemplo de activismo muçulmano

O meu primeiro contacto com a senhora Zhamal Frontbek teve lugar há quatro anos, no escritório das Nações Unidas em Bishkek, a capital do Quirguistão. Zhamal havia fundado e dirigia uma organização não-governamental – Mutakallim – que tinha como objectivo lutar pela promoção social das mulheres muçulmanas do Quirguistão. Na altura, Mutakallim – uma palavra árabe que quer dizer porta-voz – tinha pouca capacidade organizativa, mas possuía dois grandes trunfos. Um tinha que ver com as características da fundadora, uma mulher madura e respeitada, que fizera a transição da União Soviética para a criação de um país independente. Num contexto de oportunismo político e de corrupção, Zhamal projectava uma imagem honesta, austera e, ao mesmo tempo, compassiva. O outro trunfo é que tinha contactos, nos mais remotos cantos do país, com mulheres que eram líderes locais. Para a organização que eu representava, uma parceria de apoio a Mutakallim era um desafio inédito. A grande questão era a de saber se seria possível ajudar Mutakallim na transição para uma organização capaz de defender os direitos das mulheres quirguizes, de as preparar para uma maior participação na vida cívica do país e, também, para uma participação mais efectiva na vida económica de um país que estava em transformação e que, até então, deixava pouco espaço económico à maioria das mulheres.

Hoje foi dia de fazer o balanço, após três anos de trabalho conjunto. Zhamal Frontbek, eu e os meus colegas mais operacionais passámos uma boa parte da manhã no Zoom. A conversa confirmou-me o que já sabia. O que era uma organização religiosa muito estrita e com uma interpretação muito literal da prática muçulmana transformou-se numa força cívica que agrupa mais de 29 mil mulheres. Luta pela promoção e protecção dos direitos das mulheres quirguizes, sobretudo as que vivem nas zonas mais remotas e em meios rurais, combate todas as formas de violência e discriminação e contribui para a resolução pacífica de conflitos ao nível das comunidades. De um patamar retrógrado passou para um patamar progressista, sem no entanto perder o seu ADN religioso. Zhamal revelou-se uma líder sem medo. Quando lhe propusemos que trabalhasse com uma conselheira quirguiz não religiosa e com uma visão cosmopolita da vida e do mundo – uma pessoa no pólo oposto ao seu – hesitou durante algum tempo até dizer que sim. Aceitou o risco e o desafio. Ora, revelaram-se um tandem ganhador. E nenhuma delas deixou de ser o que fundamentalmente sempre fora. Mas mostraram-nos que é possível ter êxito juntos, mesmo quando as filosofias de vida são muito distintas.

 

Fronteiras

 

DSC01498.JPG

Copyright V. Ângelo

 

Na semana passada estive aqui, na fronteira entre o Quirguistão e o Usbequistão. A foto mostra a vedação de arame farpado que os usbeques construíram ao longo das centenas de quilómetros de fronteira. Do outro lado, do lado das árvores, temos o Usbequistão e os seus guardas-fronteiriços. Têm ordem para disparar a matar, caso alguém tente passar a linha de separação ilegalmente. Aqui não há estados de alma, nem questões de imigração clandestina, nem aceitação de refugiados. É uma outra realidade, neste mundo pós-soviético.

 

 

Os estudos para o desemprego

Numa altura em que se fala tanto das admissões às faculdades, lembro-me que o Quirguistão, um país de menos de 6 milhões de habitantes, tem 56 universidades. Todos os anos produzem um número elevado de licenciados, mestres e doutores, que depois não encontram emprego. O nível da frustração entre os jovens é alto. A emigração para a Rússia e o Cazaquistão é a saída mais frequente. 

Por outro lado, quase não existem cursos de formação técnico-profissional no país. Os poucos rapazes e raparigas que frequentam esses cursos têm trabalho garantido, uma vez terminados os estudos. Mas não têm o prestígio profissional que as universidades ainda parecem dar.

 

O futebol manda muito

Na viagem através da noite, entre Istanbul e Bichkek, dos sete passageiros da Executiva, três eram portugueses. Ou melhor, encontrei dois jovens portugueses no avião, sentados logo a seguir à minha fila. Vinham de Amesterdão, onde estão estabelecidos. Ganham a vida e visitam o mundo produzindo e distribuindo vídeos de reportagens de jogos de futebol para as federações dos países asiáticos. Parece ser um excelente negócio. E muito importante. Aqui, no Quirguistão, tratava-se de assinar um contracto com a federação nacional de futebol. Por isso vieram. E foram recebidos à saída do avião, protocolo e viatura em exclusivo, como se fossem enviados especiais de uma grande potência. 

Na verdade, o futebol conta. Aliás, a chegar ao hotel, o recepcionista, ao ver o meu passaporte, gritou baixinho, com um sotaque quirguiz: “Força, Portugal!” E acrescentou o nome da nossa estrela nacional.

 

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