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Crescemos quando abrimos horizontes

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Notícias de África

As notícias que nos chegam de África são muito perturbadoras.

Na Etiópia, assiste-se a uma intensificação da guerra civil, com as tropas do Tigray a aproximarem-se da capital, Addis Ababa. A evacuação dos cidadãos de países ocidentais começa amanhã em larga escala. A mediação americana não está a resultar, pois ambos os lados do conflito pensam que a vitória militar é possível. Os etíopes são conhecidos pela sua teimosia e por possuírem um orgulho muito forte, que não aceita derrotas.

No Burkina Faso, a insegurança é cada vez maior. Hoje foram a enterrar 49 gendarmes mortos recentemente por um grupo islamista. Entretanto, houve um outro ataque contra as forças de segurança, que provocou igualmente um número de mortos bastante significativo. A capacidade das forças armadas e de segurança está agora seriamente ameaçada por falta de meios, de organização e, acima de tudo, por uma direcção política mais preocupada com formalismos do que a coordenação dos esforços de segurança. A tendência é para o agravamento das ameaças islamistas e das mortes às mãos dos terroristas.

Na região em que o Burkina Faso se insere, há cada vez mais menores a serem raptados e integrados nos grupos terroristas. Servem como combatentes, mensageiros, cozinheiros, espiões, carregadores, etc. Algumas dessas crianças têm menos de 14 anos de idade.

Entretanto, as manifestações dos cidadãos contra o poder militar no Sudão continuam a um ritmo quotidiano. A coragem dos civis é impressionante.

E assim sucessivamente, na Líbia, na Nigéria, e nos países em conflito, como a República Centro-Africana ou o Congo (Kinshasa).

 

 

Notas sobre a Líbia

Líbia 

O Governo do Acordo Nacional de Fayez Al Sarraj está há dois meses em Trípoli, tem o apoio da comunidade internacional mas não se consegue impor como governo nacional. É o governo de uma base naval em Trípoli e pouco mais. 

Existe um outro governo a Leste, em Bengasi e vários grupos armados, incluindo o Estado Islâmico em Sirte. 

Fayez é visto por muitos líbios como uma imposição do Ocidente. Esta é uma questão muito sensível num país em que sempre predominou um sentimento de independência e de arrogância em relação ao que é estrangeiro. 

A situação de segurança não permite a presença no terreno de uma missão da UE. No mar, está a operação naval Sophia. Para além das tarefas de combate ao tráfico de pessoas e de salvamento marítimo, deverá começar em breve a formação da Guarda Costeira da Líbia. 

Países europeus apoiam diferente fações na Líbia, incluindo a do General Khalifa Haftar em Bengasi. 

27 147 imigrantes ilegais vieram da Líbia para EU entre Janeiro e Abril de 2016. Na semana passada, foram cerca de 13 000 pessoas. Cerca de 800 000 estarão na Líbia à espera de oportunidades para atravessar o mar. 

Os imigrantes vêm da Eritreia, Etiópia, Sudão e Sudão do Sul, por um dos circuitos de tráfico, um corredor inteiramente controlado por um grande consórcio de grupos criminosos. O outro circuito, mais espontâneo, vem da Nigéria e da África Ocidental, através do Níger. Ambos implicam travessias de vastas áreas de deserto, inóspitas e muito perigosas. São excelentes fontes de negócios, em terras onde as chances económicas legais são escassas.

 

 

 

Omar é um velho rato do deserto

O Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, encontra-se na África do Sul, para participar na cimeira anual da União Africana. Em 2008, estava eu junto da fronteira com o seu país e de prevenção, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandato de captura contra Bashir, por alegados crimes praticados no Darfur, uma vasta região sudanesa, que faz extrema com o Chade e a República Centro-africana.

Foi um alvoroço. Ninguém sabia como o Presidente iria reagir. E, na verdade, havia muito receio que essa reação pudesse ser violenta, nomeadamente contra a presença das Nações Unidas no seu país. Bashir acabou por expulsar umas tantas ONGs e, à sua maneira bem astuciosa, continuou a fazer a vida impossível à missão da ONU no Darfur.

Desde então, cada vez que viaja ao estrangeiro, o TPI faz pressão sobre os países que o acolhem, para lembrar que existe a obrigação de o deter e despachar para a Haia. Mas Bashir é um velho rato do deserto, muito sabido. Tem conseguido, com o tempo, não só continuar a deslocar-se em África, embora com muita prudência, mas também tratou de virar a opinião das elites africanas contra o TPI. O argumento é que o TPI está sobretudo vocacionado para perseguir líderes africanos.

Hoje, um tribunal sul-africano decidiu que Bashir não pode sair da África do Sul enquanto não for decidido se deve ser ou não capturado. Esta decisão preliminar é extremamente embaraçosa para o governo de Pretória. Todavia, o desfecho imediato é muito previsível. Amanhã, quando terminar a cimeira da UA, o homem pega no seu avião e regressa a Cartum. Pretória irá invocar que o Presidente do Sudão tinha imunidade diplomática, ao abrigo do protocolo que rege as cimeiras da UA e outras similares.

Nisto, quem acabará por perder, para além do TPI, que uma vez mais vê a sua autoridade ser posta em cheque, será a liderança da África do Sul. O caso vai dar mais alguns argumentos a quem se opõe à presidência de Jacob Zuma.

 

Kony e insegurança na região sudanesa

O meu texto desta semana na Visão analisa uma realidade bem dramática: a insegurança nas terras distantes que fazem fronteira entre o Sudão e os países da África Central. Esta é uma situação que conheço bem e sobre a qual acabo de escrever um estudo para o governo da Noruega, que deverá ser publicado em breve. O estudo chama a atenção para a necessidade urgente de se ajudar o Sudão e o Sul Sudão a chegar a um acordo sobre questões de de boa vizinhança, no seguimento da cisão do antigo Sudão em duas entidades distintas e independentes.

 

O meu artigo está disponível no sítio: 

http://visao.sapo.pt/kony-2012-o-alvo-errado=f654086

 

Boa leitura e não hesitem em comentar, no espaço próprio da Visão on-line.

 

 

Que venham mais Chineses

Hoje era dia de terminar o texto sobre o Sul Sudão e a "Elipse de Insegurança", que define as zonas de fronteira do Chade ao Congo (RDC), do Sudão ao Uganda. Mais de 19 000 palavras para analisar uma das zonas mais perigosas do globo, mas que é, igualmente, uma zona fascinante, onde tive a oportunidade de trabalhar ao nível do terreno. 

 

A China é, agora, o país que mais investe nessa zona de África. Tudo se passa com o apoio directo das embaixadas chinesas na região. É a diplomacia económica em movimento. Lá, como no caso da EDP, o estado chinês apoia as decisões das grandes empresas, que embora estatais, têm uma grande autonomia de decisão. Lá, como por estas terras, há quem critique. Mas o investimento chinês é um facto e, em muitos casos, é a única opção viável. Há que aproveitá-lo.

 

O resto é connosco. Sem palhaçadas, nomeações ridículas ou conversas com a imprensa que são disparatadas, numa conjuntura de mal-entender e de populismo manhoso, que é o que impera em certos órgãos da comunicação social. 

Darfur

Khalil Ibrahim, fundador e líder do movimento rebelde JEM (Justice and Equality Movement), que lutava, à sua maneira, pelos direitos das populações africanas do Darfur, no Sudão, perdeu ontem a vida. As Forças Armadas Sudanesas dizem que foi num combate, depois de o terem perseguido, num estado vizinho do Darfur, numa zona que é disputada entre o Sudão e o Sul Sudão. Vai ser difícil conhecer as circunstâncias exactas, numa país onde a verdade e a invenção não têm fronteiras bem definidas.

 

Também ainda é cedo para se poder estimar o impacto desta morte no processo de paz do Darfur.

 

Cruzei-me várias vezes, no Leste do Chade com os homens de Khalil. Havia uma espécie de acordo tácito. Quando eu estava numa região do Leste, os guerreiros do JEM evitavam aparecer à minha frente. Uma vez, estava eu numa reunião em Bahai, no Nordeste do Chade, mesmo junto à fronteira com o Darfur, quando surgiram, inopinadamente, dois ou três veículos do JEM. Vinham do campo de refugiados que se encontrava a cerca de 20 quilómetros. Estavam, como de costume, fortemente armados e tinham cara de poucos amigos. Quando viram os meus guardas, fizeram meia-volta e desapareceram no meio do deserto sem fim. 

 

Em N'Djamena, chegámos, por uns tempos, a viver no mesmo hotel. Mas nunca nos cruzámos no lobby. As tangentes nunca se encontram. 

 

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