Ainda sobre as escolas e a educação
Passei a manhã a ouvir falar dos problemas da educação pública secundária. Incluindo dos falsos cursos de formação profissional, que existem nas escolas secundárias só para Bruxelas ver, para as estatísticas, para o show-off.
Foi uma manhã preocupante. Ouvir os profissionais da educação, gente sem partido, experiente e séria, é perceber a ilusão que é a actual política educativa. Que disfarça e procura escamotear a falta de conteúdo e de resultados no sector público da educação com a proliferação dos gadgets tecnológicos. Como se os quadros interactivos e os computadores fossem um substituto para a má qualidade do ensino que se pratica em muitos estabelecimentos. Ou para a falta de preparação e de disciplina dos alunos.
A política nacional de educação precisa de ser revista de alto a baixo. Convém por um ponto final a muitos anos de deriva. O futuro do país exige que se organize, através da sociedade civil, uma conferência nacional para debater a reforma do sistema público de educação em Portugal.
Uma Fundação poderia tomar a iniciativa. A Assembleia da República, que deveria ser o órgão institucional vocacionado para esse tipo de debates, não tem credibilidade suficiente. Nem independência. Os sindicatos, por outro lado, embora devessem participar, têm uma missão diferente. Não lhes cabe tomar a liderança de um processo de reforma.