Auto-retrato a bordo de Air France
Copyright V. Ângelo
Estou novamente a bordo de Air France, a caminho da África Central, num velho avião que é o machibombo diário dos trabalhadores Texanos do petróleo. Faz a rotação entre Paris e N'Djaména, os homens voltam aos campos de exploração do ouro negro. Os assentos --melhor diria, as banquetas --que restam são vendidos ao preço do verdadeiro ouro aos pobres diabos como eu.
Na semana passada, na viagem em direcção ao Norte, a companhia teve a graça de me perder a mala. Entrámos em N'Djam'ena com bagagem, saimos em Paris de mãos a abanar. Como não houve nenhuma paragem pelo caminho, deve ter caído por um buraco da fuselagem. Apareceu três dias depois, penso que morta de sede, que atravessar o deserto não é para menos, em Zurique...Não há dúvida que mesmo em tempo de crise profunda, muitos dos caminhos de África vão dar aos bancos Suíços, ou pelo menos, aos principais centros financeiros.
Entretanto, eu estava em Nova Iorque...