Sem limites e viva a falta de bom senso.
A estupidez humana não tem limites. As provas desta verdade são visíveis todos os dias.
A falta de previsão e de capacidade de antecipação também não conhecem linhas de demarcação. Tudo é possível.
Hoje, por exemplo, o avião que tínhamos de prevenção em Abéché, estava com o depósito vazio. Em plena zona operacional, muito longe da capital. Como era urgente, perderam-se duas horas, até que estivesse pronto para voar. Quando o estava, já não era preciso. A oportunidade tinha sido perdida.
Ontem, uma das nossas colunas, no deserto do Norte, bem junto à fronteira com o Sudão, viajava do campo de refugiados de Oure Cassoni para Bahai. Vejam no Google. Várias viaturas de agências humanitárias. A viatura da frente fazia a protecção armada. Como já haviam feito o trajecto umas quinze vezes sem que houvesse qualquer ataque, iam descontraídos. Não havia viatura de protecção armada no final da coluna.
Ora, o local é uma zona de movimentação das guerrilhas sudanesas. Ontem, a décima sexta vez, os rebeldes atacaram. Concentraram-se, evidentemente, na última viatura da coluna. Um 4X4 do Comité Internacional da Cruz Vermelha. Adeus, carro meu.
A escolta, na primeira viatura, ainda tentou uma perseguição. Inútil. Os rebeldes entraram imediatamente em território sudanês. No passado, a escolta teria ido no seu encalço, independentemente da linha de fronteira. Mas comigo, não. Imaginem que eram interceptados pelos guardas fronteiriços do Sudão...
Afinal a guerra do Raul Solnado existe.