A crise em Salamanca
A decisão foi de passar a noite de hoje em Salamanca. Uma c idade que sempre associei a Miguel de Unamuno, o grande pensador e comentarista das primeiras décadas do século passado. Bem como a uma aventura de jovem, num regresso da Bélgica com a Christiane, em 1969. Foi nesse ano que visitei Salamanca pela primeira e pela última vez, com todos os sabores de quem tinha 20 anos mal medidos.
Hoje, a cidade é outra. Apareceram muitas urbanizações nos arredores do casco urbano. Mas continua a ser uma urbe fundamentalmente académica. O Programa Erasmus traz jovens universitários de toda a Europa. Sentado, esta tarde, na Plaza Mayor, vi desfilar, mesmo neste período em que as aulas estão paradas, jovens com todos os tons de loiro e de castanho. Faz bem ver a juventude. Pensa em termos mais abertos.
Jantei no Mencía, que é dos melhores locais da cidade. Estava às moscas. O proprietário, com quem passei o serão a falar da crise, disse-me que a quebra de receitas, em relação ao período homólogo de 2008, é de mais de 40%. Na verdade, queria dizer pelo menos 50%, mas faltava-lhe a coragem para o fazer. Quer acreditar que a situação vai melhorar. Não quer dar um ar de pessimismo à vida. Mas a vida está em crise, e em Salamanca, também. Não há dinheiro para jantares fora de casa, não aparecem turistas, está tudo muito parado.
É verdade. Estamos em Julho, e as ruas estão desertas de forasteiros. Os habitantes locais passeiam-se pelas principais artérias. Mas é um passeio sem despesas. É o passeio dos pobres.
No final disse-me que apenas o novo homem do Real Madrid não tem razões para se queixar...
E assim vai o jogo da vida.