Frouxamente
Para o observador externo, mas atento, os sinais de crise são evidentes. O comércio da Grande Lisboa está sem clientes, o poder de compra passeia-se pelos centros comerciais com os bolsos rotos, os restaurantes que não são de luxo, vazios, os monumentos sem turistas, e as praias cheias sim, mas com os sem-dinheiro cá da casa.
Os políticos também andam frouxos de ideias. Ouviram falar de algum projecto em relação ao futuro? De algum programa que proponha soluções concretas às fragilidades da economia e da sociedade portuguesas? Que abra horizontes? Que vá além das caras gastas e cansadas, que já não convencem ninguém?
Fracos políticos, sim, a não ser quando se trata de ataques pessoais e de cacetadas. Nestes casos, as energias dos homens das cavernas voltam à tona de água, com o ímpeto raivoso de quem, lá bem no fundo, conhece as suas limitações. É a continuação da política dos arrebatamentos.
Ainda hoje, aparecem dois desses arrebatamentos, na imprensa semanal. Dois lobos que agora pensam, tendo em conta o estado das coisas, que vale a pena ser feroz em relação ao resto da matilha a que sempre pertenceram e com quem sempre andaram à caça.