Desertos políticos
Durante a tarde e o serão, a capital está deserta. O período do Ramadão vive-se devagar. Trabalha-se pela manhã. Depois, o cansaço começa a fazer das suas. Um dirigente político dizia-me que não é a privação de comida e de bebida, durante as horas de Sol, que mais custa. É o não poder fumar. Raio do vício, que é mais forte do que as necessidades básicas.
Falei com Nova Iorque. As Nações Unidas também estão desertas. As duas últimas semanas de Agosto são o grande período de férias na Costa Leste dos Estados Unidos. Até o Presidente está ausente. Mas os Noruegueses, ao criticar o Secretário-geral, trouxeram uma vaga de frio que tem estado a provocar arrepios em Nova Iorque.
À noite, foi a conversa com Lisboa. Também está parada.
Só os políticos andam mexidos, que isto de ter eleições em Setembro dá cabo das férias.
Um deles anda inaugurar primeiras pedras. É a política das pedras soltas.
Outro, voltou às feiras. Tem um olhar esgazeado, que mete medo às criancinhas. Ainda bem que não tem hipóteses de se tornar chefe do infantário.
A dama está a escrever, sem pressas, um programa de governo, numa folha A4, que irá apresentar aos portugueses quando Deus quiser. Tem razão. O poder vai cair-lhe nas mãos, basta esperar.
O chefe-mor diz que recebeu um jipe cheio de leis para assinar. Uma frase assassina. Com um veto, hoje, nas uniões de facto, que é como quem vai passando umas rasteiras à equipa adversária e espera que o árbrito não dê pela marosca.
Além das arribas que se vão abaixo, temos os nossos políticos. Esmagam tudo o que está à sua beira.