Não tenhamos ilusões
A vida é dura, nestes cantos do mundo. Para quem aqui nasceu. Também para aqueles que por aqui andam. A violência faz parte do quotidiano.
Dizia-me alguém, hoje, a partir de Lisboa, que sente a falta de África. Mas bem vistas as coisas, a falta sentida era a das grandes paisagens, dos espaços e das cores. É esta a memória que resta, quando, depois de muitos anos, se deixou o Continente para trás. A sensação de que o mundo nos pertence.
Vinha isto a propósito da experiência, ontem, em Zanzibar, de uma pessoa próxima. Dez minutos para tomar o pequeno almoço, antes de apanhar o barco para Dar-es-Salaam. O tempo suficiente para que um rato de hotel limpasse o dinheiro deixado no quarto, os cartões, o telemóvel.
Depois, é o pânico em terra alheia.
Apenas um exemplo.
Nestas terras, olho vivo não é suficiente. É preciso estar sempre com os faróis ligados, sempre em pé-de-guerra...
Mas, de facto, as paisagens...
E Zanzibar...Onde organizei, estávamos em 1995, as primeiras eleições multipartidárias, que em seguida foram roubadas pelo meu amigo...o Presidente...