Um homem digno
Ontem decorei com a medalha de honra das Nações Unidas um agente da polícia do Chade. Havia sido alvo de uma emboscada, com quatro outros agentes, quando protegiam uma coluna humanitária, que se deslocava na região de Guereda, no Leste do País, perto da fronteira com o Darfur Norte.
Guereda é uma das áreas mais perigosas. Tem bandidos armados, milícias étnicas e rebeldes. Bem como muitos homens da secreta e outros, com uniformes. Trata-se de um cocktail explosivo.
Uma bala de calibre 7.62, na perna direita. Apesar de todos os esforcos, a nossa equipa médica norueguesa teve que amputar.
Ontem, na minha frente, estava um homem novo, com cerca de 30 anos. Alto, bem feito, com a vida cheia de promessas. Mas as promessas foram modificadas para sempre. Num país pobre, em que é preciso lutar por cada milímetro que se queira obter, um handicap deste tipo torna tudo extraordinariamente mais difícil. Em casa, 15 pessoas dependem do seu ganha pão. Assim acontece um pouco por toda a parte, em Africa.
Um homem digno.
Fiquei impressionado.
Que vale uma medalha?