Um jantar português, sem rebeldes
Luís Amado jantou hoje em N'Djaména com a comunidade portuguesa. Com os elementos do GOE, profissionais de qualidade, que asseguram a minha protecção pessoal. Com os oficiais da PSP, gente boa e dedicada, que estão a formar a polícia do Chade. Com o Leonardo C., que coordena a segurança dos trabalhadores humanitários junto à fronteira com El-Geneina, a cidade do Darfur que é um ninho de ratos armados. O Leonardo vive no nosso campo militar de Farchana, no meio do nada. Almoça frango com arroz, na messe dos soldados do Gana, e janta arroz com frango. Hoje, agarrou-se a um bife de boa qualidade. É um homem de carnes. Com o Eduardo, o político da delegação da UE. Acaba de chegar ao Chade, onde vai secar durante os próximos três anos. Com todos nós, excepto os três missionários comboianos, que pregam no Sul do Chade. Missionários de Cristo em terras do diabo. Não puderam vir, não há capital para tanto.
O Ministro ofereceu-me uma caneta. Para quem gosta de escrever, é o presente ideal. Um presente que é um simbolo. Disse-me que aprecia o que faço. Acredito. Quase que advinharia que gostaria de estar no meu lugar. É que os rebeldes que nós temos por aqui são mais verdadeiros, mais sinceros, mais previsíveis que os que ele tem que enfrentar na Assembleia da República, em S. Bento. Sem contar com os fantasmas que percorrem os corredores das Necessidades.