Sentido de Estado ou um Estado a perder o sentido?
Samuel de Paiva Pires deixou um comentário ao comentário que eu lhe fizera, o que muito lhe agradeço.
O blog de Samuel chama-se Estado Sentido, um nome que me soa bem, porque gosto de quem procura ter um sentido de estado. E não gosto de estados, e trabalhei com vários nessa situação, que parecem ter perdido o sentido do Norte, num processo de desorientação, como o desgraçado do cão ás voltas sobre si próprio, numa raiva patética de morder a cauda, como se isso fosse o remédio para as pulgas.
Diz o Samuel de Paiva Pires:
"Em política o que parece é"
Caro Victor, com toda a certeza, são temas que merecem ser tratados! Vi e acrescentei o link na coluna ali do lado, é um prazer tê-lo como leitor do Estado Sentido e do que li no seu blog parece-me ser bastante "refrescante" no panorama da blogosfera nacional. Quanto à questão ainda da segurança, devo dizer que a sua análise quanto ao Governo estar a transformar-se numa administração paralisada pelo medo de cometer erros e perder apoios merece ser aprofundada, tem muito que se lhe diga. Cumprimentos, Samuel
O comentário acima faz seguimento ao que eu escrevera:
De victorangelo a 29 de Agosto de 2008 às 23:01
As estatísticas mostram que o crime violento, de que tanto se fala, é de facto uma realidade e não apenas uma questão de comunicação social. Aliás, creio poder dizer-se que o debate público, a atenção dada pelos media ao problema têm contribuído para que um pouco mais de iniciativa se tenha manifestado nos últimos dias. O que há a lamentar, no entanto, é a ausência de coordenação e de comunicação política efectiva sobre a matéria. Há muitos actores mas não se vê o encenador. A cacofonia, só por acaso, dará luz a uma melodia com algum jeito.
O meu comentário era sobre o texto que se segue:
De Samuel de Paiva Pires a 29 de Agosto de 2008 às 23:17
"O que há a lamentar, no entanto, é a ausência de coordenação e de comunicação política efectiva sobre a matéria. Há muitos actores mas não se vê o encenador." - touché caro Victor, concordo plenamente. E faz-me lembrar o que um professor meu ensina nas suas aulas, quem é que quer que eu acredite nisto, porquê e para quê?
Quanto à onda de criminalidade, não foi minha intenção afirmar que não existe ou que é apenas uma invenção da comunicação social, mas que os media muito têm contribuído para o sentimento de insegurança da população pela exposição exacerbada e mediatização, não me parece que hajam dúvidas, retirando muitas das vezes espaço de manobra às autoridades (já de si pouco organizadas ou coordenadas), e neste caso criando o sentimento necessário para a criação do tal cargo centralizador, contra o qual a esmagadora maioria dos portugueses não se manifesta, até porque como povo parece que gostamos mais da segurança do que da liberdade, sacrificando a segunda em nome da primeira. Falta saber até onde estamos dispostos a sacrificar a nossa liberdade em nome de um alegado sentimento de segurança. Porque claro que o crime violento é cada vez mais frequente, agora os sentimentos de segurança ou insegurança, esses dependem do agenda setting e dos tais diversos actores e encenadores.
Quanto à onda de criminalidade, não foi minha intenção afirmar que não existe ou que é apenas uma invenção da comunicação social, mas que os media muito têm contribuído para o sentimento de insegurança da população pela exposição exacerbada e mediatização, não me parece que hajam dúvidas, retirando muitas das vezes espaço de manobra às autoridades (já de si pouco organizadas ou coordenadas), e neste caso criando o sentimento necessário para a criação do tal cargo centralizador, contra o qual a esmagadora maioria dos portugueses não se manifesta, até porque como povo parece que gostamos mais da segurança do que da liberdade, sacrificando a segunda em nome da primeira. Falta saber até onde estamos dispostos a sacrificar a nossa liberdade em nome de um alegado sentimento de segurança. Porque claro que o crime violento é cada vez mais frequente, agora os sentimentos de segurança ou insegurança, esses dependem do agenda setting e dos tais diversos actores e encenadores.
Convém continuar e alargar o debate.