Filosofia política do silêncio
No fim das férias de Verão e no início do ciclo político que se lhe segue, há sempre muito frenesim.
Todos os que mandam alguma coisa, ou que pensam que mandam, ou que aspiram em mandar, aparecem na praça pública, a dizer das suas. Desta vez, muitas das intervenções têm girado `a volta da questão essencial que e’ papel do silêncio na acção e na intervenção políticas. Ora se critica por haver silêncio, ora se diz que e’ o outro lado que está silencioso.
O silêncio em política tornou-se num tema de grande algazarra. Disserta-se amplamente sobre os benefícios, inconvenientes, significados, leituras, interpretações, possíveis estratégias do que estará por detrás do estar calado, justifica-se ou ataca-se a ausência de ruído, de comentário, de opinião, aponta-se a falta de ideias, de soluções, ou a esperteza e o tacto político que se deve ver associado ao silêncio.
E’ toda uma nova área de reflexão filosófica e de pesquisa em ciências políticas que se abre diante de nós. Bem se diz que a investigação científica conhece todos os dias novas fronteiras.