Na altura em que o Presidente faz valer a voz do nosso país na tribuna da Assembleia-geral, convirá lembrar que Portugal nunca apoiou de forma activa a presença de quadros portugueses na ONU. Quem hoje tem funções nos diferentes departamentos das Nações Unidas chegou lá pelo seu pé.
Ninguém sabe, no MNE, quem são e o que fazem os portugueses nas Nações Unidas. Não há ligação estruturada.
Talvez seja a altura de pensar na questão e passar a acompanhar os funcionários de nacionalidade portuguesa, tal como muitos outros governos o fazem há anos.
O exemplo mais flagrante de apoio e' o da Noruega. Oslo segue a carreira de cada um dos seus cidadãos, mantém-nos ligados ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, e facilita a transição da função púbica nacional para as Nações Unidas e vice-versa.
A decisão relativa ‘a candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para o biénio 2011-2012 deve merecer todo o apoio.
E o facto do Presidente Cavaco Silva ter feito do anúncio dessa intenção o momento forte da sua presença em Nova Iorque, na altura da abertura da Sexagésima – terceira Assembleia-geral, e’ de louvar. O empenho do Chefe do Estado e’ fundamental num processo altamente político e difícil como e’ o de uma candidatura ao Conselho de Segurança.
De facto, não vai ser fácil concorrer contra a Alemanha ou o Canada’. São países com máquinas diplomáticas bem rodadas, com uma presença de peso nas organizações internacionais, e com recursos financeiros importantes. Mantêm relações diplomáticas com uma vasta rede de países, e combinam bem a diplomacia económica com a ajuda ao desenvolvimento.
Vamos precisar de uma boa estratégia de contactos, de um orçamento específico e do empenho profundo dos nossos serviços diplomáticos. Mas não só. Os nossos políticos terão que desempenhar um papel muito importante, que a questão não e' apenas de natureza diplomática.
Vai também ser necessário que Portugal esteja mais presentes nos grandes debates internacionais e nas missões de manutenção da paz. Assim será um candidato mais credível.
Mas mesmo que se não consiga o assento, vale a pena fazer o esforço. O país sairá sempre ganhador, com uma imagem exterior mais dinâmica e uma presença internacional mais sentida, mais nítida, que nos faz falta por agora.