Os Açores são uma região autónoma de Portugal que funciona satisfatoriamente. Há um verdadeiro debate político, o pluralismo de opiniões tem bem mais espaço de expressão do que na Madeira.
Mas as elevadas taxas de abstenção, as maiores de sempre, nas eleições legislativas regionais de hoje mostram que, como no resto do país, o cidadão esta' divorciado da prática democrática. Os políticos não convencem os eleitores, que os mede a todos pela mesma bitola: a do oportunismo.
A indiferença perante os actos eleitorais, sobretudo numa situação como a nossa, em que a ditadura das direcções partidárias impõem os candidatos, independentemente das suas qualidades e competências, mostra que há que repensar a democracia e a participação dos cidadãos nas causas públicas.
Hoje visitei o mercado de gado de Karme', 150 km a Leste da capital do Chade. A fotografia do post anterior da' uma ideia da intensa actividade comercial que ocorre nas areias remotas desse mercado.
Mas a verdade e' que para um Português de agora e' difícil ver camelos e desertos e não pensar nos Ministros da nossa Governação, em particular, nos da Economia e Obras Públicas, para citar apenas dois exemplos de ineptidão política extrema. Eles ficarão, enquanto não caírem no esquecimento que se seguirá 'a sua saída do governo, na memória de todos nós como exemplos de casmurrice, de arrogância sem sentido, de vistas curtas e pouco elaboradas, simples, sem grandes rasgos de velocidade intelectual.
São imagens que se associam aos camelos, pobres bichos. Mas o deserto, como a politica, e' feito de imagens e miragens.
As únicas diferenças são que os camelos procuram levar uma vida modesta, contentando-se com o que vai aparecendo pela sua frente, e podem passar muitos dias sem beber.
E o patrão dos animais, como todo o homem do deserto, vive no seu mundo 'a parte, altivamente ensimesmado em si próprio, alheio e perdido nos trilhos que que conduzem aos areais sem fim..