Foi agora a vez, de um modo concertado, de os bancos portugueses anunciarem que pretendem utilizar a facilidade de 20 mil milhões de Euros criada pelo Governo para apoio da estabilização financeira.
Surpreendeu-nos o anúncio feito em simultâneo, o que indicara' que a crise e' bem mais séria do que aquilo que se pensa. Não nos surpreendeu, todavia, o facto dos bancos portugueses estarem também a precisar de recursos financeiros frescos.
Mas o que mais continua a surpreender-nos de maneira muito particular e' de que pouco se fala da crise que se vive em Portugal, e das dificuldades que se projectam no horizonte próximo . O próprio orçamento do estado passa ao lado, como cão por vinha vindimada.
E' verdade que os Portugueses estão habituados a sofrer, e assim, mais crise, menos crise, que diferença fará?
Passei os últimos três dias a percorrer o Leste do Chade. Discuti com milhares de refugiados Sudaneses, que fugiram da crise e morte no Darfur.
Todos muito bem preparados politicamente, apesar das suas origens rurais, e muito bem organizados 'a volta do Movimento Justiça e Igualdade (JEM).
Quando hoje 'a tarde, já cansado de ouvir os mesmos discursos e a propaganda habitual contra os Árabes e Omar Al-Bashir, pedi que fossem as representantes das mulheres quem falasse, apanhei mais do mesmo. As mulheres, que começaram todas as suas intervenções por recitar um verso do Corão -- mostrar que conhecem o livro sagrado e' a única maneira de ganharem algum estatuto social -- repetiram exactamente o mesmo tipo de posições que os homens já haviam enunciado.
Os campos destes refugiados estão em grande medida fora do controlo das agências humanitárias. Essa e' uma das questões centrais 'a volta do Darfur, porque deste modo os campos são apenas bases operacionais a partir das quais se preparam ofensivas e se criam as condições para a perpetuação do conflito armado.