Saber ouvir, estar presente, agir num mundo internacional e com relações de forças em evolução rápida.
O problema é que nem sempre se tem uma visão correcta das dinâmicas regionais e globais. Uma perspectiva que combine as dimensões estratégicas com o terra a terra das tácticas diplomáticas. Ter nos olhos fixos no horizonte e no croquete, em simultâneo.
O Conselho de Segurança esteve reunido na Sexta-feira à tarde com mulheres como as da fotografia na sua linha de mira.
Ao discutir a situação no Chade e na República Centro-Africana, nas zonas fronteiriças com o Sudão (Darfur) , uma das questões mais importantes foi a protecção das mulheres e das raparigas, que continuam a ser as principais vítimas dos conflitos na região. Mesmo as mulheres que vivem em campos protegidos pelas Nações Unidas temem sair do perímetro do campo. Os riscos de rapto, violações e assaltos são elevados.
O Conselho de Segurança deverá aprovar um certo número de medidas para que a Missão de paz da ONU nessa área de operações, a MINURCAT, possa alargar as suas capacidades de protecção e assegurar um quotidiano mais tranquilo.
A proposta que fiz ao Conselho -- substituir a actual presença militar Europeia (EUFOR), que termina o seu mandato a 15 de Março, por uma força das Nações Unidas de 5400 militares -- está ser discutida nas diferentes capitais dos países membros do Conselho de Segurança.
Esta proposta é fortemente apoiada pela França e pelos Estados Unidos, bem como pela Líbia, a potência regional nessa parte do continente africano, e pelos dois governos em causa -- o de N'Djaména e de Bangui. Mas sofre, mesmo momento, das reticências e da falta de apoio de um membro permanente. Preocupado com a escalada de custos que as operações de manutenção de paz têm acarretado nestes últimos anos -- o orçamento anual do Departamento das Operações de Paz das Nações Unidas ronda os 8 mil milhões de dólares -- e com o facto de certas missões actualmente em curso ainda não terem conseguido reunir todas as tropas previstas, esse país julga que tem que haver muita prudência quando se trata de aprovar mais uma missão militar. Os critérios de sucesso da missão e de saída do teatro de intervenção devem estar, no seu entender, claramente definidos.
Nos próximos dias terão lugar uma série de discussões entre os membros do Conselho, quer em Nova Iorque quer entre capitais. Daí resultará uma proposta de resolução que o Conselho deverá aprovar nos primeiros dias de 2009.
Para as mulheres nos confins das areias, o que se vai decidir nas grandes capitais é vital.