Com o caso Freeport a ganhar, cada dia que passa, novos contornos, a cheirar a corrupção de alto nível, fica-se com a impressão que a política portuguesa esta' cada vez mais próxima da italiana. O senhor da Itália, Sílvio para as damas, esta' em vias de se sentir menos só, nas reuniões europeias. Podera' passar a ter um par. A não ser que as coisas se esclareçam sem demoras.
A minha escrita desta semana na VISÃO e' sobre a reunião de Davos e a ligação entre o que se discute na estância suíça com os temas da cimeira anual da União Africana, que começará este fim-de-semana em Addis Abeba.
Enquanto em Davos a preocupação e' encontrar um novo modelo de crescimento económico, pós-crise, em África discutem-se golpes de estado, como o da Guine' Conacri. Ou, crises nacionais, como a da Somália, uma história de pavor sem fim. Ou ainda as fracturas da unidade nacional que se antevêem no Sudão, sobretudo agora, nas vésperas de uma decisão do Tribunal Penal Internacional sobre a constituição do Presidente Al-Bashir como arguido por crimes contra a humanidade.
Davos e Addis são terras de montanhas, mas cada uma vive num planeta 'a parte.
A fotografia "Sem intencionalidade política", publicada há dois ou três dias, foi entendida por alguns dos leitores como tendo intencionalidade. Viram nesse post toda uma série de mensagens. Pobre de mim. Mas, compreendo, de certo modo. Penso que por se tratar de uma natureza morta foi vista por esses leitores como uma verdadeira representação da política nacional.
Como o senhor chefe Alberto João gosta de empreender obras públicas, para cativar o povo da Ilha, aqui lhe deixo uma ideia de uma construção que seria muita apreciada por gente sob pressão.
Não e', no entanto, original. Foi vista em Fianga, no Sul do Chade. Mas vale a pena sugerir uma obra semelhante, com toda a elevação e respeito que o senhor merece.
O retrato que El Pais fez, na edição de Domingo, do senhor Alberto João, do jardim que e' a Madeira, revela muitas coisas: que o número de funcionários públicos na Madeira e' desproporcionado e que o exagero só se justifica por razões políticas, com o fim de ganhar votos; quem vive 'a custa do Estado, vota pela continuidade; que as subvenções do governo central e da Comissão Europeia são excelentes meios para lançar projectos vistosos, para conseguir eleicoes de sucesso; que o défice e a divida da região ultrapassam largamente o que e' aceitável, sendo praticamente igual ao PIB anual da Madeira; que as derrapagens orçamentais, feitas por razoes partidárias, são ilegais; e mais, e mais...
Mas revela também que o poder central, em Lisboa, tem medo do Alberto João, não faz cumprir a lei, prefere fechar os olhos ao que se passa no arquipélago.
Os nossos vizinhos devem ter ficado com uma ideia pouco lisonjeira da política portuguesa.
Mas haja alegria, que passar uns dias de Agosto no Porto Santo da' a oportunidade, a alguns dos nossos políticos de segunda linha, de um encontro com o chefe madeirão e arranjar uns negócios, umas consultorias, uns apoios políticos. Tudo isto, enquanto se apanham banhos de Sol. Nada mal. E' o proprio da saloiada esperta. Que sabe viver...
Ontem e hoje, foram dias de combates no Darfur, nomeadamente ao sul da cidade de El-Fasher. A uma ofensiva dos rebeldes do Movimento Justiça e Igualdade (JEM), o governo do Sudão respondeu com bombardeamentos aéreos.
'A medida que se aproxima o momento de uma decisão do Tribunal Penal Internacional sobre o Presidente Al-Bashir, a situação interna torna-se mais complicada, com a radicalização de certos grupos político-militares.
O Sudão e' o maior país de África e a instabilidade interna que venha a ocorrer tem um grande impacto regional, sobretudo no que diz respeito ao Chade.
Este rio e estes terrenos alagadiços da Serra Leoa, vistos na perspectiva de um horizonte que se esbate numas cores pálidas, fazem-me pensar, sem que saiba bem porque razão, em certos processos nas mãos da justiça portuguesa.