Derivas europeias
Depois dos votos de bom ano, o primeiro dia de 2009 leva-nos, inevitavelmente, à crise na Palestina.
Após seis dias de bombardeamentos da Faixa de Gaza, e de muito sofrimento humano, as máquinas diplomáticas mantém-se emperradas e, por isso, incapazes, de tomar a iniciativa. Continuam a ser os militares e os falcões da guerra, quem fixa a agenda. Quando os diplomatas hesitam, os senhores das armas tomam a dianteira e os líderes fracos escondem-se por detrás de decisões bélicas, para fazer esquecer as suas incapacidades políticas.
Entretanto, os ministros dos negócios estrangeiros da União Europeia reuniram-se em Paris a 30 de Dezembro. A posição que aprovaram está teoricamente correcta. Exige um cessar-fogo imediato, uma ajuda humanitária sem entraves e um recomeço do processo político.
Mas falta a acção para além das palavras. Não se entende que perante uma crise grave, que exige acções imediatas, não se tenha despachado sem mais demoras o senhor Solana e mais um ou dois ministros para a região. Uma decisão deste tipo enviaria um sinal forte a Israel e ao Hamas, bem como a outros protagonistas importantes na região. Seria apreciada pelo povo da Palestina e pelos Árabes, em geral. Significaria que a Europa leva a questão muito a sério e não se limita apenas a palavras sem consequências , que mais parecem escudos para esconder uma posição de preferência em relação a Israel.
Ficou, para além do comunicado dos ministros , a promessa de uma visita para a semana de uma delegação ministerial europeia. É uma decisão frouxa, que deixa espaço ao Presidente francês para se deslocar à região antes dessa visita e retirar uma vez mais todo o protagonismo a Bruxelas.
Para que serve então a máquina europeia de diplomacia que se construiu em Bruxelas à volta de Solana e na própria Comissão?