Um mini Freeport
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O senhor ministro, que não é nenhuma estrela, diz que seria preciso ler as estrelas para saber como responder 'a crise.
Com a cabeça nas nuvens, as mesmas nuvens que o não deixam ver os céus estrelados, não consegue entender que despropósitos desse tipo apenas contribuem para um agravamento da falta de confiança, que tão necessária e' para sair da crise.
Ver, nos ecrãs comprados das nossas televisões, o nosso primeiro-arrogante em acção, faz-me sempre pensar que num país com a situação social do nosso, com as dificuldades que temos, a pobreza que se arrasta, a economia que se atrasa, o fundamental e' a humildade política.
Com humildade, os nossos líderes estariam mais próximos das preocupações dos Portugueses, e mais dispostos a ouvir as opiniões dos outros. Que falta faz!
PS: O corrector quer que eu substitua "primeiro-arrogante" por "primeiro-sargento". Não aceitei. Não quero ofender a classe dos primeiros-sargentos, que muita gente brilhante tem.
Face 'a falência das empresas, como a Qimonda, o governo não pode cair na ratoeira, que lhe seria fatal, de fazer acreditar que vai conseguir salvar todos os postos de trabalho, arranjar soluções para todas as derrocadas, encontrar participações financeiras 'a esquerda e 'a direita. Seja-se realista. Os problemas continuarão a avolumar-se. O Estado não vai poder acudir a todos os casos de ruptura económica.
A crise 'e muito profunda. Vai, infelizmente, fazer afundar toda uma série de unidades produtivas. O desemprego e o sentimento de impotência das famílias vão aumentar de forma bem visível e dar lugar a crises humanas de grande dramatismo.
A linguagem da verdade 'e a única que poderá preparar as pessoas para que procurem soluções criadoras, como o fizeram os fazendeiros brancos quando Mugabe lhes retirou o modo de vida e o ganha-pão, para que inventem vias de saída, criem associações de pequenos produtores, novas áreas de produção, etc.
Por outro lado, o papel do governo e' o de promover uma política de renovação profissional, que ensine os trabalhadores a fazer outras coisas, uma formação que abra perspectivas de auto-emprego, que ajuda na criação de microunidades empresariais, que prepare os jovens para o mundo das tecnologias digitais e para o comércio internacional.
Alimentar falsas esperanças e' demagogia que vai acabar por sair muito cara a quem a promover. A humildade que vem com a verdade e' o que nos faz falta para já.
Senhor primeiro-chefe, baixe o tom da voz e proponha alternativas. Seja humilde. Não crie ilusões. Tentar levar as falências nos braços, como quem transporta bebés, não e' solução. Vire-se para o futuro, por favor.
Na continuação, aqui acrescento mais imagens de uma Bangui, cidade no coração de África, esquecida no centro de um Continente que muitos gostariam de esquecer.
A República Centro-Africana, onde vamos ter em breve 300 militares das Nações Unidas, fortemente armados, mais todo o apoio logístico necessário, e' um país a tentar sair de uma grave crise politica e uma situação de insegurança generalizada.
Os capacetes azuis vão estar no sector que faz fronteira com o Darfur.
Rua principal da cidade de Bangui, com o largo central ao fundo.
Outra rua, frente ao gabinete do Primeiro Ministro. As casas encontram-se no meio das 'arvores. O verde e' a cor dominante. Em breve será o tempo das mangas.
O movimento do bairro do Quilometro 5. Os táxis, num amarelo que enche os olhos, não conhecem um momento de pausa. A vida e' vivida depressa, que a tendência e' para morrer cedo.
Gentes do centro das terras africanas. A prova de que o nosso mundo tem que ser vista com as lentes da diversidade.
Copyright V. Ângelo
Hoje passei o dia em Bangui, uma cidade onde vivi durante quatro anos na década de 80.
Os portugueses que viajaram comigo ficaram encantados com a cidade, as suas árvores, a vida nas ruas, a vivacidade das gentes, o rio Ubangui e o Congo Democrático do outro lado das águas vivas .
Um dos meus agentes de segurança, da PSP, já não queria voltar para N'Djamena, pois Bangui e' muito mais africana do que a ' árabe ' capital do Chade.
E' uma cidade dos trópicos, de arvores, águas e muitos amores.
Aqui vão as primeiras fotografias de Bangui. Amanhã haverá mais.
Diz-me o vento que empurra as dunas que não vale a pena chorar na solidão dos espaços perdidos. O ar e' tão seco, que as lágrimas se evaporam de imediato.
Quem se deixa convencer por lágrimas secas?
A notação financeira da dívida pública portuguesa, que mede o grau de confiança no nosso presente e na sua evolução a prazo, baixou de classificação, enviando um sinal forte de crise estrutural em Portugal. Estrutural quer dizer que se trata de um problema profundo, com as raízes bem enterradas no passado e com poucas hipótese de mudar para melhor, no futuro mais próximo. Quer dizer, também, que se vai continuar a andar a passo lento, enquanto outros nos irão ultrapassando.
Não e' apenas a crise económica internacional que explica a fragilidade da economia nacional. Meus senhores, não digam isso com esse ar de seriedade beata. Aceitem os factos. Encarem a verdade de frente.
As causas encontram-se nos muitos anos, e vários governos, de má administração macroeconómica, de falta de incentivos ao investimento de ponta, de burocracias complicadas e paralisantes, e acima de tudo, como resultado de um longo período de insucessos na área da edução, da formação profissional, da preparação para a inovação tecnológica e científica. De indisciplina educativa e de abandono do sistema que deveria preparar os portugueses para um mundo em mudança rápida.
Este Arco de Triunfo, que recentemente visitei no deserto do Ennedi, na fronteira entre o Chade e a Líbia, tem todo o cabimento no dia histórico da tomada de posse de Barack Obama.
A entrada em funções do novo presidente americano enche de azul os céus do Inverno.
Copyright V. Ângelo
A greve dos professores, que ontem teve lugar, fez-me pensar numa escola secundária que visitei recentemente, muito longe do Centro Comercial Colombo. As autoridades locais e os professores tinham perfeita consciência das lacunas, mas, ao mesmo tempo, manifestavam uma vontade sem equívocos de fazer funcionar a escola.
Creio ser boa ideia partilhar algumas fotos com os leitores, para que se continue a ter uma perspectiva adequada da relatividade das coisas da vida.
Aqui se abriga o gabinete do director. O local serve igualmente de secretaria administrativa.
A bandeira nacional ficou fora da fotografia, mas flutua orgulhosamente no centro do recreio, a acenar para um futuro menos penoso.
Os bancos de uma sala de aulas. Aqui se aprende a ter ambições.
O tecto e as janelas. Deixam passar muita luz.
Os alunos do Decimo Segundo Ano têm direito a carteiras. São os únicos.
O aproveitamento e' bom, a disciplina impecável, e os professores apenas se queixam do facto de ser necessário deslocarem-se 'a capital da região, a três horas de distância, para receberem os salários mensais.
Fotos Copyright V. Ângelo
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