Com vários dirigentes políticos, nacionais e locais, a viver na zona cinzenta que define a corrupção, o ideal seria que se juntassem todos num partido único, uma nova formação, que poderia ter Alcochete como sede, Felgueiras como centro de estudos, Oeiras como campo de treino, a conta estaria no BPN, o símbolo seria o loureiro, a árvore, a supervisão estaria a cargo do Banco de Portugal, e assim sucessivamente, que membros activos não faltariam a este partido de gente esperta, que o medo seja louvado, e a falta de justiça nos assegure a vida eterna.
Hoje estive de novo com Solana. Foi, como de costume, uma discussão sem ilusões, mas também sem cinismos, que o cinismo é próprio dos pequenos seres políticos. De quem voa baixo. Quando se discute com Javier Solana procura-se sempre ver o lado positivo dos problemas, como encontrar soluções para questões bem complexas, como resolver os conflitos que estão em cima da mesa.
Ninguém tenta ser mais esperto que os outros. Somos todos gente batida na complexidade dos grandes conflitos internacionais, não é preciso mostrar que se é mais inteligente que o adversário. Cada um tem uma noção clara de quais sãos os interesses em jogo. A discussão tem esses interesses em linha de conta. Os silêncios, os não-ditos, os entendimentos que não se mencionam, mas que estão presentes, também.
Não é uma esgrima de palavras, de espertezas, de saloiadas de espírito leve. Mais não digo.