Por todo o país, há presentemente uma azáfama nas cozinhas políticas dos principais partidos políticos. É tempo de preparar as listas de candidatos a deputados, para as eleições de Setembro. Os chefes reúnem-se para decidir dos nomes. Tudo muito bem cozinhado, em círculos bem restritos e pouco claros, com nomes a aparecer pela ordem que os manda-chuvas dos partidos bem entendem.
O povo só tem que por a cruzinha no lugar que lhe apetecer, no dia do voto. É o nosso tipo de democracia, em que os chefões do momento decidem para os próximos quatro anos.
Os senhores do poder político associados aos escândalos do BPN e do BPP, aos negócios estranhos dos acertos à volta dos contentores de Alcântara, às corrupções em Oeiras, Felgueiras e outras sedes de abuso de poder local, ao Freeport, que vive agora à temperatura das águas de bacalhau podre, e a tantos outros casos de influência e interpenetração de dinheiros e influência política, são uns larápios da pior espécie. Roubaram-nos a inocência com que víamos o exercício das funções governativas. Mancharam a nossa boa fé. Hoje, quando vemos poder, vemos malandrice.
Muitos anos de poder político fraco e de lideranças indecisas levaram ao aparecimento de um clima generalizado de irresponsabilidade em Portugal. Tem-se vivido, ao longo das últimas décadas, um processo que levou à irresponsabilização da sociedade. É a filosofia do passar a bola. Quem manda não se sente responsável, não se empenha.
E o Português médio segue o exemplo. Pensa apenas nos benefícios. Nunca, nos deveres.
Um Centro Comercial gigantesco no meio da Pontinha é uma aposta na integração de muitas comunidades imigrantes e desfavorecidas.
Visitei hoje o local do imenso Dolce Vita e fiquei bem impressionado. Situado no meio de zonas difíceis e violentas, oferece um oásis de tranquilidade. É um projecto virado para o futuro.
Vale a pena ter uma atitude positiva em relação aos grandes desafios sociais, que aparecem necessariamente associados a certas categorias populacionais.
Mulheres e crianças de Birao, acampadas no sector mais protegido da localidade, depois do seu bairro, noutro canto da cidade, ter sido atacado por rebeldes, pilhado e queimado. São refugiadas na sua própria cidade.
As mulheres e as crianças são as principais vítimas dos conflitos armados. A violência é um prato quotidiano, um risco sempre presente.
Ver para além do imediato, pensar no futuro com ambição, propor alternativas que se situem fora do espaço curto do cimento, dos défices, das lamúrias conservadoras, das querelas pessoais e dos sectarismos partidários sem conteúdo, deveria ser a tarefa dos intelectuais e dos políticos portugueses.
Para mobilizar Portugal, com ideias novas e positivas, apoiando a alavanca do progresso económico e social no que temos de bom e de original. Para inserir Portugal no Mundo, desempenhando e reforçando o papel político que podemos representar na Europa e nas relações com a América Latina e a África. Portugal, uma ponte, um elo de facilitação.
O meu texto na revista VISÃO que hoje chegou às bancas trata do G8. Faço uma análise do que está para além da boca de cena. Os bastidores levam, de facto, um certo número de questões, incluindo os pontos fundamentais da legitimidade e da representatividade do G8.
A prazo, a fórmula está condenada. Será preciso alargar a participação e inserir o processo no quadro da reforma das Nações Unidas.
A Ministra Britânica para a Europa disse hoje que Tony Blair seria o candidato inglês à presidência do Conselho Europeu, um posto que só existirá quando o Tratado de Lisboa entrar em vigor. Um anuncio bem fora do tempo.
Por que razão abriu Londres o jogo, neste momento? Que facto ou factos tornaram necessária esta marcação do terreno? Que relação institucional e pessoal se viria a estabelecer entre Barroso, na Comissão, e Blair, no Conselho? Quem teria mais protagonismo? Ou seria uma situação de caos, sem ninguém entender o papel de cada um deles? Com rivalidades de andar às facadas nas costas, e também, no peito?