Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Independências bravas

 

Os 49 anos de independência do Chade são muitos anos de grande turbulência.

 

Houve um banquete esta noite, oferecido pelo Chefe de Estado e Esposa. Para festejar o aniversário. Um festão a sério.

 

A primeira canção, na parte de variedades, foi contra o Sudão, que é acusado de financiar os rebeldes chadianos.

 

 Por conhecer o chefe da guarda presidencial, consegui escapulir-me do palácio agora, à 01:00 da madrugada. Mas a festa continua. Só na minha mesa, de seis pessoas, havia duas garrafas de whisky, várias outras de bebidas da pesada, e champanhe do melhor, era só pedir.

 

O fogo de artifício, à meia-noite, foi mais espectacular que o de Nova Iorque.

 

Estamos no Chade, meus amigos. Sem mais.

Cortinas de água

 

 

Cheguei a Birao às 09:45, depois de duas horas de voo, a partir da capital do Chade.

 

Birao é talvez a terra africana que mais longe fica do mar. Qualquer que seja a direcção que se siga, é floresta e mais floresta. Se o nosso popular Isaltino precisasse de se esconder da justiça, o que no caso português não é necessário, este seria o sítio ideal. Para mais, Birao está sem presidente do município há meses, no seguimento das últimas investidas rebeldes. O nosso herói teria emprego de imediato.

 

Mesmo no centro de África, às portas do Darfur do Sul, no triângulo de fronteira entre a RCA, o Chade e o Sudão, a muitos dias de viagem de qualquer outra localidade importante. Mas apenas no tempo seco. Não nesta altura, claro, que agora, em plena estação das chuvas, só é acessível de avião.

 

Tive sorte. Logo após a aterragem começou a chover. Um dilúvio. A água caía como se estivéssemos na parte inferior, no sopé, de Victoria Falls, no Zimbabwe. Cortinas espessas, que fechavam o espaço à nossa volta e faziam o dia parecer-se com a noite. Às 11:00 estava escuro, parecia noite. Ou um daqueles dias fechados de Inverno da Escócia do Norte.

 

Quando o céu desabou estava em reunião com o Governador da região. O homem tinha vestido um fato, para me receber. De fato, em Birao. Chegou há duas semanas, para tomar conta de uma área que equivale a metade de Portugal. Tem um adjunto e dois ou três funcionários. E um pequeno gerador, que já está avariado. A residência oficial, bem como o edifício do governo, haviam sido pilhados durante as incursões rebeldes de Junho. Mas conseguiu pedir emprestadas umas cadeiras de madeira, feitas localmente, para que o nosso encontro pudesse decorrer sentado. Com alguma dignidade.

 

Com a chuva a bater no zinco, no chão, nas árvores onde vivem os antepassados, os relâmpagos e trovões, a nossa conversa sobre a guerra e a paz acabou por ser feita de um modo patético. Eu a gritar na orelha do Governador, e depois a encostar a minha à boca do senhor, os meus colegas quase a cavalo em cima de nós, para tentar apanhar as palavras e tomar notas. Correu bem, claro.

 

Vamos fazer sair de Birao, por três meses, os seis políticos mais importantes. São estes políticos que estão na origem das guerrinhas. Das mortes, torturas e misérias. O tempo de ausência será aproveitado para fazer as pazes entre as tribos, as pessoas simples.

 

Afinal, em Birao, como por estas terras lusitanas, são os políticos que complicam as coisas. Como me dizia o Governador, com o bater da chuva como pano de fundo, cada político só luta pelos seus interesses pessoais. E manipula os outros, com palavras que enfeitiçam o povo.

 

A chuva podia ter continuado por vários dias, como muitas vezes acontece. Mais uma vez, tive sorte. À tarde, parou.

 

A blogosfera está de férias

 

 

Copyright V. Ângelo

 

Muitos dos mais activos bloguistas estão de papo para o ar, a apanhar o Sol das férias. A mesma coisa se passa com os leitores, que têm o hábito de percorrer as nuvens da blogosfera. Estão a banhos.

 

Eu gostaria de estar na varanda da minha casa, a ver passar os cruzeiros.

 

Mas as vistas por agora são outras. Crises, insegurança, e estações das chuvas fracas, que anunciam um período seco muito difícil. As minhas areias não conduzem à praia. Levam às tempestades que nos cegam.

Dias de raptos e de cuidados

 

Os últimos dias foram passados a gerir uma situação de rapto. É a primeira vez que temos que lidar com um incidente deste tipo. Já tivemos sequestros. Condutores levados com as viaturas roubadas, mas libertados algumas horas depois. Agora, temos um caso de rapto.

 

Na madrugada de Terça-feira, homens armados entraram na residência da ONG Médecins sans Frontières em Adé, a um quilómetro da fronteira com o Sudão. Obrigaram os residentes a abrir o cofre, levaram o equivalente de mil euros, dois computadores, mais umas bugigangas. E raptaram um funcionário internacional da ONG e um cidadão chadiano.

 

Tentámos intervir nesse mesmo dia. A ONG disse-nos que preferia tratar do assunto sem qualquer ajuda exterior. Um erro. Por se tratar de um caso muito grave e ainda por cima de notificação obrigatória às autoridades de segurança.

 

Na Quarta recebi um pedido formal do governo grego. O estrangeiro é cidadão grego. A partir daí tive que agir. Mesmo sem a colaboração da ONG. Acabei por convencer a ONG que seria do seu interesse pedir-nos ajuda. Como iriam explicar à família do raptado que os princípios da ONG não lhe permitem pedir assistência num caso destes?

 

Na Quinta lancei uma operação de investigação preliminar. No terreno. De difícil acesso, com muitos riscos. A cerca de mil quilómetros da capital. Em terras que nesta altura do ano estão isoladas. As estradas transformaram-se em rios e as terras baixas são verdadeiros pântanos. Só a preparação da viagem de helicóptero ao local do incidente demorou várias horas, para termos a certeza de que ninguém iria abater a máquina voadora. Coloquei à frente da equipa de investigação uma subintendente da PSP portuguesa. Um homem de ferro. Para realizar uma investigação muito delicada.

 

Que continuou hoje.

 

Entretanto o funcionário chadiano foi liberto pelos raptores, em território sudanês, bem longe da fronteira. Um interrogatório inicial revelou que a operação de rapto foi levada a cabo por gente bem organizada. Duas ou três horas após o sequestro, os bandidos separaram os dois reféns, deram-lhes destinos diferentes. O cidadão do Chade não sabe que direcção levou o seu colega internacional. Só sabe que estará a duas ou três horas de viagem da fronteira, no interior do Sudão.

 

A investigação continua.

 

Em pé de página, acrescentaria que uma cidadã portuguesa acaba de chegar ao Chade - chegou na Segunda-feira - e vai ser enviada pelo Comité Internacional da  Cruz Vermelha para a mesma localidade de fronteira onde teve lugar o rapto. Penso que a Cruz Vermelha sabe o que está a fazer. Mas o mesmo não se pode dizer de certas ONGs que enviam gente muito jovem, sem experiência de zonas de conflito, para áreas que eu, enquanto chefe da ONU, não autorizo como destinos de residência e de trabalho para os nossos funcionários.

 

 

Velhos e Novos em Washington

 

Na VISÃO on-line de hoje, podem ler o meu texto sobre a Administração Obama. O texto é baseado nas minhas impressões, após toda uma série de contactos em Washington, na semana passada.

 

Há uma contradição entre a maneira aberta e pragmática como a equipa de Obama encara as relações internacionais e o modo estreito, muito virado para causas locais, que o Congresso pratica. Avanços na área das relações exteriores vão depender da maneira como Obama e os seus vão conseguir gerir o confronto com o Senado e a Câmara dos Representantes.

 

O texto está disponível no sítio:

 

 http://aeiou.visao.pt/novo-washington=f524687 

 

Boa leitura.

Mudar o título dos Deputados

 

Tendo em conta a maneira como os futuros Deputados são escolhidos a dedo, entre os fiéis do líder ( ou da ...) do Partido, os bonecos que vão estar sentados na próxima AR deveriam mudar de título. Passariam a ser chamados de uma maneira mais verdadeira: Senhores e Senhoras Representantes...do (da) líder do Partido. Que é de facto isso o que a maioria deles é. 

A ditadura da Velha Senhora

 

A selecção de candidatos a deputados, por parte do PSD, destabilizou certas direcções distritais importantes, a começar por Lisboa.

 

O partido sai mais centralizado, e também mais fraco e mais distante das bases, após este exercício. A Velha Senhora rodeou-se de uma clientela, não de um conjunto de deputados. Enviou ao mesmo tempo uma mensagem forte: quem manda.

 

É uma tentação autoritária, em que o poder é praticado com base na subordinação e recompensa, não nas qualidades e no mérito. Se a senhora vier a ser governo, já sabemos com que contar.

De regresso a África

 

Copyright V. Ângelo

 

De regresso ao centro de África, trouxe comigo as cores das árvores da minha rua de Lisboa. Para que nos lembremos que as árvores fazem parte das nossas vidas. São fontes de muita coisa, incluindo de beleza e tranquilidade. Os tons de verde fazem bem à alma que viaja pelos cantos escuros e claros da vida.

 

No Sahel, é a estação das chuvas. Até finais de Setembro. As Nações Unidas no Leste do Chade vão plantar algumas centenas de árvores, para que a mensagem também tenha que ver com a natureza, com uma visão do futuro, um preparar a terra para as novas geraçôes.

 

 

As andorinhas de Agosto

 

 

Certos grupos de pressão, bem como os media influentes na cena internacional e alguns políticos de calibre grande, estão a tentar convencer-nos que a crise da economia e das finanças está a passar. Que já se vê uma luz, mesmo se é muito ténue, no fundo do túnel que tem sido este descalabro da economia capitalista altamente virtual. Uma economia e sociedades construídas com base no consumo desenfreado, o que é simplesmente insustentável.

 

É como se as andorinhas de Agosto anunciassem a Primavera económica. Como quem quer ver os cidadãos ir de férias sem grandes preocupações. Um incentivo a uma atitude positiva, que sempre trará algum apoio político e eleitoral, uns resultados de sondagens mais animadores para os dirigentes. Para que os senhores do poder possam passear na praia um pouco mais descansados. Com níveis de stress mais aceitáveis.

 

Tudo isto é muito ilusório. A crise tem dimensões estruturais que ainda estão por tratar. Não é prudente esquecer essa verdade.

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

<meta name=

My title page contents

Links

https://victorfreebird.blogspot.com

google35f5d0d6dcc935c4.html

  • Verify a site
  • vistas largas
  • Vistas Largas

www.duniamundo.com

  • Consultoria Victor Angelo

https://victorangeloviews.blogspot.com

@vangelofreebird

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D