Preguiçosos e medrosos
Há por aí gente que alia uma grande dose de preguiça a medos. Não se querem cansar, nem querem correr riscos. Tudo muito suavemente, que a vida não está para canseiras.
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Há por aí gente que alia uma grande dose de preguiça a medos. Não se querem cansar, nem querem correr riscos. Tudo muito suavemente, que a vida não está para canseiras.
Estou em Entebbe. Acabei de jantar à beira do Lago Vitória, a dois passos da água. O Presidente Obama está em Oslo, para receber o Prémio Nobel da Paz. Um prémio controverso, mas um homem com qualidades carismáticas e de liderança ímpares.
Estamos em mundos diferentes.
Entretanto, o meu texto na Visão on-line desta semana aborda as questões de liderança na União Europeia. É uma reflexão pessoal sobre algumas características dos líderes. Baseia-se na experiência de quem esteve e continua em contacto com dirigentes provenientes dos diversos cantos do mundo.
Um líder é sereno, modesto e inspira confiança. mas acima de tudo, faz sonhar.
O meu escrito fala disso. Tem um título ambíguo, que a política está cheia de ambiguidades. Mas é bem claro, ao mesmo tempo, que a falar é que nos entendemos.
http://aeiou.visao.pt/uma-europa-de-rabo-na-boca=f539863
Convido os meus leitores a dar uma volta pela reflexão que faço.
Amanhã, bem cedo, viajo para Entebbe, na margem Norte do Lago Vitória. A região é linda, com as enseadas recortadas a servir de pano de fundo aos jardins floridos e às árvores equatoriais de grande porte. O país mudou muito, nos últimos vinte anos. No final da década de oitenta, o Uganda era um caos, a sair da loucura de uma guerra civil . Actualmente, está em progresso rápido. Museveni, o presidente, não abre as portas da democracia, mas consegue convencer os doadores e vai sendo apaparicado pelo Ocidente. Contradições.
Vale a pena falar inglês, ter um bom clima, residências agradáveis, jardins magníficos. Os Ocidentais gostam e ficam menos críticos. Mas também é verdade que nalgumas áreas do desenvolvimento os progressos são visíveis. Como o são igualmente no domínio da luta contra a sida.
Tive hoje oportunidade de constatar que as terras do Sahel estão demasiado secas, numa estação em que ainda deveriam existir pastagens e tons verdes. Foi um mau ano agrícola, o que terminou há dois ou três meses. As chuvas foram poucas e mal repartidas.
Vai ser necessário providenciar ajuda alimentar. Muito em breve e por cerca de sete meses.
Mais um problema, a juntar ao da insegurança. Na verdade, passara uma parte da manhã a estudar os casos mais recentes de raptos e outros casos de criminalidade grave. Casos que têm um impacto enorme sobre o trabalho das agências humanitárias. Que afastam os trabalhadores das ONGs. Que avolumam os receios.
Agora, será fome e violência, seguidos de mais violência e mais fome.
Recebi agora a notícia que amanhã tem lugar a tomada de posse, para mais um mandato, do Presidente da Guiné Equatorial. O senhor, que chegou ao poder em 1979, depois de assassinar o tio, Macias Nguéma, foi eleito há uns dias com noventa e tal por cento dos votos. Um resultado que faz inveja a muitos políticos.
Quem não conhece não pode imaginar o que é a Guiné Equatorial.
Trabalhei, no início dos anos oitenta, nesse país. Era de uma pobreza alarmante. Hoje, continua muito pobre, mas com petróleo por todos os lados e um Presidente e um seu filho que compram propriedades, por esse mundo fora, com milhões de dólares ao vivo.
Queriam que fosse amanhã à cerimónia de investidura. Disse que estava muito ocupado.
Entretanto, também hoje, o Presidente de Angola proferiu o discurso de abertura do VI Congresso do seu partido, o MPLA. Um tema forte, que conhece bem, foi o da corrupção. Apelou, com aquele carisma que lhe conhecemos, ao combate à mesma. Só podemos apoiar.
Passei o dia a viajar para África e para uma nova etapa, na minha vida.
A viagem, feita com Air France, não foi nada de especial. O menu da "Classe Affaires" é o mesmo de sempre, não mudou nem no sal, nos últimos dois anos. O serviço continua a ser feito da mesma maneira que é hoje a norma na TAP e na Europa: o cliente não conta, é apenas mais uma maçada. Dir-se-ia que o pessoal de cabine preferiria um voo sem passageiros. Dá menos trabalho e permite aos tripulantes uma conversa sem interrupções.
A nova etapa de vida, é a do sex... A partir de hoje, sou sexagenario. Uma espécie de velho do Restelo, que é onde paro de vez em quando. Mas, um velho de muitas viagens. No TGV, venderam-me um bilhete sénior, que agora a idade já dá direito a desconto.
Ao chegar a Paris, havia um alerta à bomba no aeroporto. Explodiu. O estrondo foi o do explosivo da polícia, que o objecto suspeito era uma pequena mala de roupas, talvez prendas de Natal, para alguma família africana. Foi uma maneira bombástica de celebrar o meu aniversário. Fico grato. Mas creio que a gratitude vai, sobretudo, para quem vê terroristas e atentados em cada canto da vida. Estes são os tempos de agora.
Nos comentários ao blog de ontem aparecem temas importante. As relações da China com a África e a necessidade de informar os jovens portugueses sobre as questões com que se debatem os povos africanos são dois desses temas.
Num dos próximos textos para a Visão irei escrever sobre a China e a maneira como está a ganhar espaço em África. Para já, queria apenas mencionar que a diplomacia chinesa é das mais bem preparadas, nos tempos de hoje. Sabem fazer, estão motivados para o fazer, têm recursos humanos e materiais e embaixadas em toda parte. Excepto nos países, que são poucos, que tiveram a má ideia de reconhecer Taiwan. Uma vez que isso acontece, a China retira-se de imediato. Fecha a sua embaixada, termina as relações diplomáticas, interrompe os projectos em curso. Assim aconteceu com São Tomé e Príncipe.
Os jovens portugueses gostariam de saber mais sobre África. Muitos são filhos ou netos de gente retornada, alguns têm mesmo as suas raízes ancestrais no Continente. Há desconhecimento, o que leva a percepções negativas. Em África estão a acontecer transformações positivas, em pelo menos metade dos países. Além disso, para muitos jovens, África pode representar uma grande oportunidade de começo de uma vida mais internacional. A esse título, é bom lembrar que hoje é o Dia Internacional do Voluntariado. O Programa de Voluntários da ONU, baseado em Bonn, é uma janela que se pode abrir para os jovens portugueses que queiram tentar uma experiência profissional em África, ou mesmo, noutras partes do mundo. Basta ter um diploma universitário, um pouco de experiência, não é preciso muita, e vontade de sair para além das nossas limitações nacionais. Vale a pena pensar nessa hipótese.
Estive na reunião do Grupo de Trabalho sobre África do Conselho da União Europeia. Falei sobre o Chade, a República Centro-Africana e o Sudão, bem como sobre as questões de segurança à volta do Lago Chade.
As outras matérias em análise incluíam a situação na Guiné, no dia em em que Capitão Dadis Camara, o actual dirigente, golpista e ditador, foi alvo de um atentado por parte de um dos seus assistentes militares. Está agora internado num hospital marroquino, enquanto a comunidade internacional continua sem saber como lidar com este país africano, rico em recursos, mas totalmente dominado por uma classe militar mal instruída, envelhecida, tribalizada e corrompida.
A estratégia comum entre a UE e a África, a República Democrática do Congo e as perturbações na zona do Sahel também estavam na agenda. As relações com a África Austral faziam igualmente parte dos debates, com o período pós-eleitoral em Moçambique a dividir os Europeus em dois campos: os que acham que as eleições não respeitaram alguns dos princípios básicos de um processo credível, e os outros, que pensam que foram aceitáveis.
As reuniões do Grupo de Trabalho são importantes. No entanto, a participação nas sessões é cada vez mais deixada nas mãos de diplomatas muito jovens. Como se a África fosse um assunto que tem que ser tratado, é verdade, mas sem merecer grande importância. Como se estivéssemos perante um ritual que exige ser cumprido, para não desagradar aos deuses da opinião pública --quem são? --, mas em relação ao qual não há um verdadeiro interesse.
Talvez seja por isso que a Europa continue a perder influência política e espaço económico nesse Continente.
Na revista Visão de hoje, está o meu texto sobre as recentes nomeações e movimentações em Bruxelas. O meu editor achou que era um comentário distinto do que havia aparecido até agora.
Em certa medida, a minha opinião é que vai haver guerra entre Barroso e Van Rompuy. Não pode deixar de ser, quando dois indivíduos disputam um espaço político e funcional que está mal definido.
O artigo está disponível no sítio:
http://aeiou.visao.pt/la-longe-em-bruxelas=f539016
Escrever é uma forma de intervenção social, um contributo. Mas o artigo de opinião "A porcaria", que um senhor cheio de raivas, socialmente privilegiado e vagamente poeta, homem de letras e ódios, publicou hoje no DN, um tal Vasco Sem Graça e que não é de Moura, ultrapassa os limites da baixeza intelectual. É trabalho de um espírito doente.
O DN, se quer ser tido como um órgão de referência, não pode imprimir coisas dessas. Textos desse tipo só para pasquins.
Não convém descer tão baixo.
66 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.