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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Espiões, comediantes e almoços de fast food

11 agentes secretos, que alegadamente trabalhavam para a espionagem russa, foram esta semana detidos nos Estados Unidos. Li o acto de acusação federal contra essas pessoas. A investigação durava ha' cerca de 10 anos. Depois de um período tão longo, nenhum facto concreto de espionagem pode ser referenciado. Pelo menos até agora. A acusação limita-se ao facto de que trabalhavam para um governo estrangeiro, sem se terem registado oficialmente para tal, como a lei americana o requer, bem como à lavagem de dinheiros, ou seja, por terem recebido pagamentos que não passaram pelo sistema bancário. Talvez venham a ser condenados, também, por motivos de utilização de identidades falsas.

 

Tudo muito ligeiro.

 

O resto, parece um filme barato, mas cheio de truques. O FBI a assaltar as casas dos acusados. Dinheiro a ser enterrado em parques públicos. Tinta invisível. Trocas de "encomendas" ao passarem uns pelos os outros. Computadores com programas especiais. Relatórios sobre temas que podem ser lidos em todos os jornais mais ou menos bem informados.

 

Ou a espionagem já não é o que era, ou deve-se tratar de uma diversão com traços de comédia, numa altura em que os Presidentes dos dois países almoçam hamburgers no restaurante expresso da esquina mais próxima da cimeira do dia.

 

Dá para reflectir.

 

 

 

Incertezas e angústias

A Cimeira do G20 foi um fracasso. Numa altura em que, mais do que nunca, e' preciso liderança e capacidade de construir consensos, nada aconteceu. Cada líder esta' preocupado com a sua sobrevivência nacional. Faltou quem trouxesse uma visão de conjunto. Mesmo o Presidente Obama, apesar das suas qualidade e da compreensão que tem da crise mundial, foi apenas uma sombra de si próprio. As querelas e os jogos de poder de Washington, a tragédia no Golfo do México e as eleições de Novembro preenchem o campo das suas preocupações e não deixam espaço para os grandes desafios internacionais.

 

São tempos de grandes incertezas. E de angústias.

Uma Câmara partida

Hoje à tarde, fazia eu, como de costume, uma caminhada à beira-rio, entre o monumento das Descobertas e a Ponte 25 de Abril, quando tive uma vez mais a oportunidade de dizer mal da Câmara Municipal de Lisboa.

 

Não por causa do baldio em que se transformou a área junto ao rio, mesmo no alinhamento do Palácio de Belém -- uma vergonha de lixo, ervas daninhas e objectos abandonados, de festas que já terminaram há muito. Nem pelo facto das obras de saneamento, um pouco mais à frente, a caminho da Ponte, iniciadas pelas Águas de Portugal, um monopólio que pretende ser uma empresa, estarem paradas há tempos, depois de terem aberto uma cratera mal planeada. Nem tão pouco pelo facto do trânsito junto ao Museu da Electricidade, do lado do rio, ainda não ter sido fechado, apesar do investimento já feito, em termos de controlos, barreiras, etc. Menos ainda por a Câmara ter aceite colocar aqueles tijolos junto à água, e, a gozar com o povo, chamar àquilo uma obra de arte.

 

Não. A razão foi bem mais terra-à-terra. Meti um pé num dos muitos buracos da calçada esburacada que é o passeio, torci a perna, estatelei-me ao comprido, abri a mão esquerda, quase partia o braço direito, e pouco mais. E claro, a torneira de água, que a CML colocara no jardim, provavelmente para que lavemos as nossas mágoas, estava partida e não funcionava.

É preciso estar à altura

Um debate eleitoral recente, transmitido em directo pela televisão, surpreendeu-me. No final, ainda perante as câmaras, os políticos, líderes dos quatro maiores partidos, trocaram presentes entre si, coisas muito simples, como uma gravata ou flores, e terminaram a discussão num ambiente de camaradagem. Mesmo depois de umas trocas acesas, muito estava em jogo, que votar num deles ou no seu partido significava tirar votos aos outros. Foi na Bélgica, nas vésperas das eleições parlamentares que há pouco tiveram lugar.

 

Pensei nisso ontem à noite, ao ver a fúria do candidato Manuel. Discursava Alegre num jantar de apoiantes, tudo gente muito bem instalada e com pouco entusiasmo, sem falar da mandatária nacional, que ali estava a fazer figura de corpo presente, ocupadissima com o envio de mensagens por telefone. O discurso saiu mal, pois mais não foi do que uma série de frases de ataque ao actual Presidente da República, só bílis e slogans, nada subtil, parecia ter sido escrito por um miúdo radical, sem propostas nem serenidade.

 

É evidente que Alegre precisa de mudar de conselheiros de campanha. A continuar assim, faltar-lhe-á a atitude de estado que um candidato com as suas hipóteses deveria cultivar.

 

A entrevista que dera recentemente à RTP fora bem melhor.

 

A saga do enforcado

Quem andar de olhos abertos verá que a actividade económica está a funcionar ao ralenti. Mesmo as grandes superfícies, os supermercados do consumo do dia-a-dia, se queixam. Compra-se menos e, tão apenas, o mais barato.

 

Os mercadores de esperança, verdadeiros malabaristas do optimismo político, dirão que não será bem assim. Que os indicadores estatísticos começam a ser favoráveis. Que existem sinais de retoma. Os seus jogos de espelhos mostram as imagens ampliadas de uma realidade que é frouxa e anã. Reflectem sorrisos, quando o quotidiano é uma mancha de esgares do desespero.

 

Falam-nos na confiança. Que é preciso ter confiança, mostrar energia e continuar a puxar para cima. O problema é que confiança neles, já não existe, e quando se puxa para cima, a corda aperta ainda mais o pescoço e deixa-nos a baloiçar no vazio de uma política oca.

O sobressalto

Espera-se de um governo que torne a vida em sociedade mais fácil, com regras claras, sem grandes burocracias, com segurança e ordem pública. Um governo que promova os valores do civismo, que dê um sentido à nação, um projecto nobre e mobilizador das melhores energias, das competências dos cidadãos, um governo de oportunidades e de justiça. Também, que seja uma liderança capaz de nos representar no exterior com dignidade e inteligência, com uma clara compreensão dos nossos interesses nacionais e, igualmente, das nossas responsabilidades internacionais.

 

Se assim não acontecer, se se estiver perante uma classe política que mais não faz do que aumentar a confusão, as fracturas sociais, os conflitos, os obstáculos à criatividade dos cidadãos, as dificuldades, a burocracia, os absurdos administrativos, estamos tramados. É o nosso futuro, e o dos que virão depois de nós, que está a ser posto em causa.

 

Numa situação desse género, é preciso falar claro e procurar reunir as boas vontades e as gentes sérias e de coragem. É a altura do sobressalto.

Pensar no Extremo Ocidente

As minhas viagens devoraram hoje cerca de 850 quilos de estrada. E' muito alcatrão. Mas finalmente cheguei aquele sítio que os mapas chineses de agora designam como o Extremo Ocidente.

 

E, 'a medida que avançava para o extremo ia pensando que sem confiança não há politica, não existe liderança que sirva nem investimento que se veja. Fica tudo enlameado, nas areias movediças da discórdia baixa e sem sentido. Andam todos ao barulho, como se fossem crianças da escola básica. Sem confiança nada funciona, as sociedades tornam-se selvas. Quando a confiança se perde, recupera-la e' praticamente impossível. A partir desse momento, quando mais rápida for a mudança, melhor sera' para todos. Não se pode hesitar.

A economia de trazer por casa

Os Picos da Europa e a Região de fronteira entre a Cantábria e as Astúrias são terras de uma grande beleza natural e muito bem organizadas, do ponto de vista turístico. Passar algum tempo em Santillana del Mar, um aldeia que vem dos tempos da baixa idade média, e' uma delícia.

 

Apesar de tudo, nota-se menos gente do que e' costume. Ingleses, Franceses, Nórdicos e muitos Espanhóis, mas não o suficiente nem o que e' habitual nesta altura do ano.

 

Quanto aos Portugueses, o patriotismo de Cavaco Silva tem tido algum efeito. Vão todos passar as férias em casa. E' melhor para a economia, sobretudo para a doméstica.

Ilha de Re'

Passei uma parte do dia na Ilha de Re'. Muito bem arranjada, o pouco que tinha foi valorizado com gosto e inteligência. Saber tirar partido do que se tem e' meio caminho andado para o sucesso. E' agora um centro de vilegiatura para gente que gosta da natureza, dos passeios de bicicleta, da calma que as flores e o mar proporcionam, de viver num ambiente de tranquilidade e respeito pelos outros. E de comer bem, produtos do mar e da terra, bem preparados, que a culinária também exige aprendizagem e formação profissional.

 

E' uma ilha grande, maior do que se possa imaginar.

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