Três americanos em cada quatro consideram, nos dias de hoje, que o Presidente Obama é um snob intelectual. Mesmo aqueles que continuam a apoiar as suas políticas estão divididos sobre o assunto.
Esta é uma das questões de imagem que Obama terá que corrigir rapidamente.
Em Portugal, temos uma realidade bem diferente. Os dirigentes serão snobs. Duvido, no entanto, que sejam intelectuais.
O Presidente Dmitry Medvedev confirmou hoje que estará em Lisboa a 20 de Novembro, para participar numa cimeira com a NATO. É uma boa notícia. O desanuviamento entre as duas partes ainda tem muito caminho a percorrer. Ainda existem muitas suspeições. Se o futuro das relações passar por Lisboa, terá valido a pena todo o investimento feito com a realização da cimeira.
A abolição dos vistos entre a UE e a Rússia deveria ser, no meu entender, o próximo passo. Não é nada do outro mundo, não tem custos, não compromete a segurança, nem de um lado nem do outro. Permitiria, isso sim, um maior intercâmbio económico e turístico. Que seria vantajoso para ambas as partes.
A questão dos vistos poderia ser um cavalo de batalha da diplomacia portuguesa. Quando vierem a ser abolidos, Portugal estaria, assim, associado a essa medida. Ganharia em termos de imagem e de interesse, num país tão rico como a Rússia, um país que vai ser um dos grandes investidores do futuro.
Depois das declarações de Angela Merkel, sobre a falta de aculturação dos imigrantes na Alemanha, passei algum tempo a reflectir sobre a imigração na Europa. Este será, aliás, o tema do meu próximo texto na Visão, na Quinta-feira.
Um dos aspectos da matéria tem que ver com a segurança social. Muitos europeus pensam que os imigrantes são uns abusadores, tirando proveito máximo dos sistemas sociais existentes nos países de acolhimento.
Mas a verdade é que a Europa está cada vez mais exposta à competição internacional, que resulta da globalização acelerada dos mercados. A globalização põe em causa as estruturas existentes, que tinham fundamentalmente uma base nacional. Hoje essa base nacional já não faz sentido.
Perante a incerteza, as modificações ao nível da estrutura produtiva e face à pressão que os sistemas de segurança social enfrentam, com o aumento do desemprego e com o envelhecimento das populações, é fácil acusar os imigrantes de abusos dos direitos sociais. A culpa é do outro, sobretudo se o outro é muito diferente. Também é cómodo dizer que os novos imigrantes têm apenas como objectivo usufruir das vantagens dos regimes altamente sofisticados de segurança social que definem os regimes sociais europeus mais avançados.
A arrogância não permite ver o mundo de hoje tal como ele é. Primeiro, a Europa já não é o centro do universo. Segundo, sem imigração haverá um envelhecimento insustentável das sociedades europeias. Terceiro, não é possível abrir as portas, como se pretende fazer, para os engenheiros e os quadros altamente qualificados, vindos de outras regiões do planeta, e mantê-las fechadas para os outros, para os indiferenciados, muitos deles mais dinâmicos e mais trabalhadores do que a média dos europeus de nível equivalente
Muitos pensarão, hoje, antes de adormecer, e à vista do que se está a passar, que estamos nas mãos, prisioneiros acorrentados, de uma cambada de incompetentes, chefiados por um gangue de larápios oportunistas.
Um diário publicado em Lisboa, que gosta de ser visto como um jornal de referência, publica hoje um artigo lambe-botas sobre um português que vive em Bruxelas e que é apresentado como um salvador da pátria. Escrito pela correspondente junto da UE, o artigo só pode ser visto como uma maneira hábil de ganhar um convite para jantar. O salvador pagará a conta.
O Irão acaba de anunciar a descoberta de um novo jazigo de gás no Sudeste do país, perto da cidade portuária de Bandar Abbas. O valor estimado das reservas é de 70 mil milhões de metros cúbicos.
Este anúncio oficial vem no seguimento de uma outra declaração, feita há poucos dias, sobre as reservas de petróleo. Segundo o governo, os campos petrolíferos do Irão teriam uma capacidade produtiva total, por explorar, de 150 mil milhões de barris. Se assim for, o país passa a ocupar o terceiro lugar mundial em termos de potencial petrolífero, seguido do Iraque, que deve possuir cerca de 143 mil milhões de barris.
Tudo isto faz do Irão e da região uma área de alto interesse estratégico. Instabilidade em Teerão será uma ameaça para toda a região, incluindo os países do Golfo e da Península Arábica.
A política internacional das grandes potências está atenta a estas informações. A Europa, estará?
Entretanto, e no horizonte mais imediato, o Irão vai presidir à OPEC em 2011. Há uma certa ansiedade sobre a maneira como esta presidência se irá desenrolar.
Os 33 mineiros chilenos deram várias lições ao mundo. Mostraram como funciona uma equipa coesa, bem chefiada, determinada, o que significa ter coragem, o valor da paciência, da perseverança e da disciplina, o saber acreditar nos outros, nas autoridades, nos grupos de socorro, na solidariedade. Mostraram o peso que o apoio familiar tem, quando se trata de situações dramáticas.
Trabalhavam em condições de grande precariedade laboral, numa mina que não aplicava os regulamentos mínimos de segurança, mas que pagava um pouco mais. Hoje, os homens aprenderam que a segurança não tem preço e que certos riscos não compensam. Saem deste acidente mais fortes e com uma visão muito diferente da vida e de si próprios.
Que a vida lhes continue a dar a sorte que desta vez não lhes faltou!
A eleição de Portugal para um lugar de dois anos no Conselho de Segurança deve-se à mobilização conseguida por Luís Amado. O ministro empenhou-se a sério na campanha. Como também foi o caso de João Cravinho, o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação. Por outro lado, o nosso embaixador junto da ONU, Moraes Cabral conseguiu muitos votos devido ao trato cordial que sempre tem mantido com muitos outros embaixadores de Estados membros acreditados em Nova Iorque.
Dirão alguns que a campanha para o Conselho de Segurança desviou recursos e atenções de outras áreas prioritárias, em matéria externa. E que o ministério tem problemas de fundo, que não estão a merecer a atenção que deveriam ter. Talvez assim seja. Mas a verdade é que a vitória de hoje é um factor de credibilização da equipa dirigente do ministério. A partir daqui, fica com mais força para reformar o que há que reformar. Espero que as energias reveladas durante a campanha sejam agora focalizadas na agudização estratégica da nossa política externa e na melhoria da gestão do ministério.
No Canadá, o país que perdeu contra Portugal, a derrota diplomática foi muito sentida. Foi a primeira vez que o Canadá perdeu uma eleição deste género.