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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Uma semana de tempestades

A pressão sobre Portugal vai ser enorme, na semana que entra. Não é preciso ser profeta para ver a enxurrada que por aí vem.

 

Os políticos europeus, nas grandes capitais e em Bruxelas, os meios de comunicação internacionais, as instituições financeiras, têm todos os olhos postos na bola de neve que é a dívida soberana de alguns Estados. A sua análise é simples: ou Portugal pede ajuda de emergência ou a questão entra em derrapagem e leva, para além do nosso país, a Espanha e outros para a crise. Arrastará também o euro. Aliás, a evolução da moeda única nestes últimos dias diz muita coisa sobre a tempestade que se aproxima.

 

Qual é a estratégia nacional de resposta a estas pressões?

Uma medalha de cortiça

Recentemente, um dos meus leitores comentava, nestas páginas, o facto do Instituto Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros se ter equivocado, quando ao meu título e categoria na ONU. Na verdade, ao anunciar a minha participação no Seminário Diplomático deste ano, havia uma subvalorização da minha posição nas Nações Unidas.

 

Lembrei-me, então, que noutros países, as coisas se passam de modo diferente.

 

Menciono um exemplo ainda fresco. Dois colegas meus, súbditos de Sua Majestade a Rainha lá em Londres, que se aposentaram mais ao menos na altura em que também o fiz, gente que havia percorrido os corredores da ONU comigo, ao longo das últimas décadas, foram agraciados no final do ano, como reconhecimento pelas carreiras de sucesso que ambos conseguiram fazer, no seio da organização. Incluídos na Honours List. Foram, mais ainda, convidados para participar, como conselheiros especiais, a título mais ou menos gracioso, num par de instituições inglesas de grande prestígio. O Reino Unido pensa que não deve desperdiçar a experiência que cada um deles acumulou.

 

Há mais exemplos, do mesmo género, noutros cantos do globo.

 

No meu caso, os gestos vieram de outras terras. De fora, não de Lisboa, que por aqui não se dá importância a estes pequenos nadas.

Uma voz trémula

Por falar em medo, como ontem falei, conheci um ministro dos Negócios Estrangeiros -- o nome não é para aqui chamado, nesta altura da história --que ficava sem fala quando tinha que falar com Javier Solana. O temor era tão evidente que Solana o tratava com muito carinho, como um pai trata um filho ainda pequeno. Entretanto, o país que esse ministro representava ia sendo, sistematicamente, ultrapassado pelo Javier, na altura de fazer nomeações para cargos importantes na UE. Nenhuma recomendação de peso, feita pelo ministro, foi aceite por Solana.

 

Pensei, depois, que talvez não haja nada de estranho numa situação dessas. Um ministro é quase sempre um yes-man da política. Habituou-se a fazer carreira com base na aceitação cega da autoridade de quem está por cima, quer seja no interior do seu partido quer seja a do primeiro-ministro. Com esse tipo de reflexo bem interiorizado, como ousaria falar de igual para igual com uma pessoa de personalidade forte, como Solana? Sobretudo, num salão de Bruxelas, num francês ou inglês trémulo?

 

E assim vão certas políticas...E assim são defendidos os interesses nacionais...

Medo da Baronesa

Certos governos europeus andam distraídos, quando se trata das nomeações e do estabelecimento do serviço diplomático comum. A Baronesa, a chefe do serviço, tem colocado nos postos de importância gente do Reino Unido ou dos países nórdicos. À farta.

 

Os britânicos ficaram à frente das direcções Ásia, África, África Oriental e Oceano Índico, da Prevenção de Conflitos e da Política de Segurança, bem como dos Recursos Humanos. Outras áreas importantes, como a da Inteligência e a presidência do Comité Político e de Segurança, foram entregues aos escandinavos.

 

O pessoal do Sul da Europa - Itália, Espanha, Portugal, etc - levou zero. Mesmo a França viu a maior parte dos seus candidatos serem recusados.

 

O mais estranho é que ninguém fala disto. Será que a Baronesa mete medo?

Um mundo absurdo

Hoje foi o dia em que um atum foi vendido na lota de Tóquio por quase 300 mil Euros. O valor faz pensar na complexidade da cadeia comercial, e na logística altamente eficiente e custosa, que existe entre o momento da captura e o consumo de um pequeno pedaço do peixe, num dos restaurantes mais caros da capital japonesa.

 

Mas o maior problema é que, com preços assim, torna-se impossível proteger eficazmente uma espécie que está fortemente ameaçada.

 

Numa outra escala de valores, é o que se passa com o sector da pesca na UE. As quotas de pescado são decididas com base em critérios políticos, sem qualquer relação efectiva com a sobrevivência das espécies. Só que muita da nossa pesca é meramente artesanal. Não tem a sofisticação que colocou o dito atum em Tóquio, esta manhã, umas horas apenas depois de ter sido pescado, no outro lado do mundo.

 



Ainda sobre o seminário diplomático

O seminário diplomático deste ano, que decorreu ontem e hoje, mostrou, uma vez mais, que é preciso alterar o paradigma da diplomacia portuguesa, para a tornar mais proactiva, como agora se diz, ou seja, com maior capacidade de iniciativa, com agilidade para participar na definição das agendas internacionais.

 

A máquina, que tem grandes competências, continua a ser muito burocrática. O que significa que os embaixadores têm medo de tomar iniciativas sem terem recebido, previamente, orientações precisas da casa-mãe.

 

Mais ainda, é preciso preparar melhor os quadros diplomáticos na área da promoção dos interesses económicos de Portugal no estrangeiro. Diplomacia e política económica externa devem estar mais ligadas. Só que aí há outro problema. O nosso Ministério da Economia tem muita falta de genica em matéria de internacionalização das empresas portuguesas. O próprio ministro parece não se sentir à vontade fora de portas.

 

No plano interno, da realidade nacional, o MNE ganharia se organizasse um briefing semanal para a imprensa portuguesa. Deixei essa sugestão em cima da mesa. Volto a repeti-la, por me parecer importante e por achar que continua a haver timidez no relacionamento do ministério com os media. 

 

 

 

Seminário diplomático

O seminário diplomático de 2011, que decorre amanhã e Terça, tem como temas de fundo a questão de Portugal nas Nações Unidas e a situação económica e financeira do país. Vai ser igualmente uma oportunidade para discutir as perspectivas de funcionamento do Ministerio dos Negócios Estrangeiros em 2011.

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