Alguns amigos estão a dizer-me que me deveria meter na política portuguesa. Que a minha experiência internacional e de trabalho com muitos governos...
Deve ser o meu novo estilo de penteado que os faz pensar que estou pronto para não ter juízo. Vou, por isso, voltar à peruca antiga, para que não hajam dúvidas.
As primeiras informações vindas de Mazar-El-Sharif, no Norte do Afeganistão, dizem que oito membros do pessoal da ONU foram mortos pelos manifestantes que atacaram o condomínio da missão das Nações Unidas nessa cidade.
Após as orações de Sexta-feira, uma multidão dirigiu-se para a sede local da Organização, para protestar contra algo que acontecera na Florida, nos EUA, há várias semanas: a ameaça feita pelo Rev. Jones, um fanático, de queimar um exemplar do Corão.
A situação acabou por ficar fora de controlo. Soldados da ONU, de origem nepalesa, e funcionários civis acabaram por perder a vida.
O incidente revelou, uma vez mais, que os soldados das operações de manutenção de paz nem sempre têm o treino e a preparação suficientes para lidar com manifestações de massa, pacíficas ou violentas. Acabam por responder de modo inadequado, o que leva ao agravamento das tensões.
Esta é uma das matérias pelas quais me tenho batido. Mas a maneira de ver do secretariado da ONU ainda não evoluiu. Continua a pensar que os militares podem fazer o que deveria caber a unidades do tipo guarda republicana ou polícia do corpo de intervenção.
Infelizmente, assim se perdem vidas humanas.
Convém acrescentar que os acontecimentos de hoje são inaceitáveis. As multidões têm que respeitar os obreiros da paz.