O último dia de Agosto fica marcado por um tempo de inverno e mais austeridade. Chuva e novas cargas fiscais, numa altura em que se esperava Sol e um plano que trouxesse alguma esperança aos portugueses.
Sem esquecer que o ministro e o seu chefe continuam a não dizer nada que se oiça sobre o escândalo que é o governo da Madeira.
Uma vez mais, ninguém tem a coragem política de olhar para as muito sérias irregularidades que se praticam na governação da responsabilidade de Alberto João Jardim. O ministro volta, novamente, a "aconselhar" o Alberto João a pensar num programa de ajustamento, com o FMI, como se a Madeira fosse um estado vizinho, ao qual se daria uma conselho de boa vizinhança. E nada mais.
Só há uma palavra para resumir tudo isto: inaceitável.
Ontem, o edifício das Nações Unidas em Abuja, a capital da Nigéria, foi alvo de um ataque suicida. Pelo menos 18 colegas perderam a vida, embora ainda não se saiba, com certeza, qual é o número total de vítimas.
Este ataque é equivalente ao de Bagdade, em 2003, e ao de Argel, em 2007. Apesar das lições aprendidas com o que aconteceu nessas duas cidades, Abuja foi ainda possível. Uma vez mais, vai ser necessário investigar o que se passou e tirar as conclusões que se impõem.
As vítimas foram, uma vez mais, pessoas que acreditavam na solidariedade internacional. Ainda não tive acesso à lista de nomes. Receio conhecer alguns.
A autoria do atentado foi reivindicada por BokoHaram, um grupo terrorista fundamentalista, que nasceu nas margens ocidentais do lago Chade, na parte que pertence à Nigéria.
Havia chamado a atenção, recentemente, a 23 e 24 de Julho, sobre a perigosidade deste grupo, hoje dividido em três comandos operacionais. Opera sobretudo no Norte da Nigéria, mas representa, igualmente, um perigo para a segurança de outros países: Chade, Níger e Camarões. A Nigéria, o Chade e o Níger montaram, há cerca de dois anos, uma estrutura militar conjunta, para combater BokoHaram. Os Camarões não se quiseram juntar, o que me levou na criticar o governo de Yaoundé.
Esta zona de África, que tem ligações directas com os grupos armados que operam no Sahel, exige uma maior atenção da comunidade internacional.
A minha análise leva-me a concluir que, para além das críticas habituais a Angela Merkel e a Nicolas Sarkozy, ninguém se mexe a sério, para tentar encontrar uma solução aos problemas existentes. Fazem-se, isso sim, exigências impossíveis, como está a acontecer com os países que enumero no meu artigo, e propostas que, neste momento, são irrealistas, como é a questão dos eurobonds.
Curiosamente, aparece na revista um outro texto, que defende uma posição contrária, no que respeita aos eurobonds. Temos, de um lado, uma leitura romântica da Europa, que terá mérito, do outro, uma visão com ambição mas pragmática.
No Sahel, quem está às portas de perder o poder, retira-se, com os seus combatentes mais fiéis e mais chegados, para uma zona do deserto, que seja de difícil acesso. Normalmente, perto da fronteira com um país amigo. Estabelece aí o seu quartel-general.
Com o tempo, que pode demorar anos, procura reagrupar os que ficaram dispersos, pelos vários cantos do país, e preparar-se para lançar um novo assalto ao poder.
Voltando à questão da pedra, gosto do comentário que MG faz ao meu blog sobre o assunto.
Falando de pedra no sapato, e esta é uma muito séria, a resistência que o Coronel Kadhafi teima em manter não é surpreendente. A sua maneira de ser e de ver as coisas vai levá-lo a cometer mais umas últimas loucuras. É preciso muito tacto, por parte dos líderes rebeldes, para que a tentativa de captura do ditador não leve à perda de mais vidas humanas.
Entretanto, certos dirigentes europeus estão ansiosos por tirar proveito da libertação da Líbia. Passaram, por isso, o dia a fazer declarações sobre os acontecimentos.
Creio que é altura de se ser moderado e de deixar a nova liderança líbia definir a agenda.
Grupos de rebeldes entraram esta noite em Tripoli. A capital poderá estar sob controlo da rebelião amanhã, mesmo antes do meio-dia.
Como irá reagir o Coronel e o último reduto dos seus fiéis? Esta é a questão, neste momento. Uma questão que deixa muita gente inquieta. A mistura do desespero e da loucura pode ser explosiva. Prevejo, no entanto, que haverá um golpe palaciano. E que o Coronel e os seus sejam postos de parte por alguns dos que compõem o seu círculo mais íntimo.
Veremos.
Entretanto, Sky News TV, está a marcar pontos em relação à concorrência, ao transmitir o avanço da coluna rebelde em directo. Sky está em Tripoli, com os rebeldes.