Almocei ontem em Aveiro, junto do Mercado do Peixe. O serviço do restaurante era feito por jovens estudantes, os chamados empregos de Verão, durante as férias escolares.
A rapariga que tinha a responsabilidade da minha mesa vive a uma hora de autocarro de Aveiro. Com 16 anos, sai de casa no transporte das 09:00, para começar a trabalhar às 11:00. Volta a casa no autocarro que sai da cidade às 23:30. Sem queixumes, que esta é gente nova e corajosa, que quer ganhar algum, para não ser um peso demasiado grande para os pais.
Pensei que com muitos jovens como ela, se houver um bom acompahamento escolar, Portugal pode ter futuro.
De regresso do Porto, onde fui o guest speaker da conferência global, que se realiza de três em três anos, de investigadores de relações internacionais. No meu discurso falei-lhes de quem encontra um pedra e o que pode fazer com ela.
A situação económica de Portugal é muito preocupante. Os bancos precisam urgentemente de uma injecção de capital para poderem, de novo, financiar a economia. A agricultura deveria ter um plano de modernização e dinamização. E várias indústrias pedem apoio em termos de inovação e abertura de novos mercados. E assim sucessivamente.
Sem contar que as autarquias podiam ser mobilizadas para dar apoio a iniciativas económicas ao nível local.
Por que será que ninguém, no governo e na oposição, está a falar disto?
Passei o dia a escrever sobre conflitos e a resposta da comunidade internacional. Notei que apenas 87 países, dos 193 que compõem as Nações Unidas, estão classificados como países democráticos e livres. O que significa que ainda há muito que fazer em termos de luta pela dignidade da pessoa humana.
Lembrei-me, então, que hoje começou em Luanda a cimeira dos estados da África Austral, da SADC. É uma região do continente africano onde há bons e maus exemplos de democracia e liberdade.
É, para Portugal, uma área de grande interesse estratégico. Convém, por isso, lidar com a região com muito tacto político. E dar-lhe a prioridade que merece.
O Expresso deste Sábado custou muitas centenas de árvores e 3 Euros mal empregados. A opinião que publica é, de um modo geral, muito fraquinha e cansada. O resto é só papel.
Soube-se hoje, Domingo, graças ao Correio da Manhã, que a Presidente da Assembleia da República esteve na origem de um acidente de viação, há dias, em que ficou ferida com gravidade uma idosa. A vítima atravessava uma passadeira, à entrada da cidade de Faro.
A notícia não diz se Assunção Esteves foi ou não submetida aos testes obrigatórios num caso destes, o do álcool e o das substâncias químicas alucinogénicas, nem se vai ser alvo de um processo por condução negligente.
De um modo mais geral, a maneira descuidada, em excesso de velocidade, como se conduz nos centros urbanos e a falta de respeito pelas passagens de peões são dois dos muitos problemas que caracterizam a falta de civismo de muitos condutores em Portugal.
Também é de registar o tempo que decorreu entre o incidente e a sua divulgação pública. E o facto de outros jornais ainda não se terem referido ao assunto.
A decisão do governo português de congelar as promoções nas Forças Armadas e de Segurança é um erro que revela, entre outras coisas, desconhecimento da condição militar e desprezo pelas condições especiais que definem os trabalho dos agentes de segurança.
A tudo isso, o ministro das Finanças acrescentou, ontem, na sua declaração à imprensa, um outro insulto, que só pode ser fruto da ignorância: o de dar a entender que estas forças e os seus ministérios - o MAI e o MDN - não estão a respeitar a lei e fazem promoções ilegais.
Vejo esta situação, tendo em conta a minha experiência na matéria, com preocupação. Vem aumentar o mal-estar dentro de serviços de soberania fundamentais, que já se encontram, aliás, numa situação de disfuncionalidade relativa, por falta de recursos. Como exemplo disto, veja-se os dados revelados pela GNR, que mostram que o orçamento de 2010 foi tão magro, que, para além das despesas com os vencimentos, apenas 7% da verba total ficou disponível para fazer funcionar a máquina.
Uma máquina que, assim, não pode funcionar. Quem é que vai explicar isto ao governo?
A 9 de Agosto e ontem, de novo, camiões vindos de Espanha, com frutas e legumes destinados aos mercados europeus, foram atacados por grupos de vândalos, à entrada em França, sobretudo na região fronteiriça com a Catalunha. Os atacantes, que têm actuado de cara descoberta, dado entrevistas e afirmado que são agricultores franceses, dizem que o motivo para as suas acções violentas e ilegais tem que ver com a importação de hortícolas espanhóis a preços inferiores aos praticados pela produção francesa.
As autoridades da Franca, ao nível político, bem como a Polícia e Gendarmerie nada têm feito para impedir estes desacatos nem para prender os seus autores. Segundo parece, o simples facto destes desordeiros se identificarem como "agricultores" tem sido suficiente para lhes garantir impunidade.
Bruxelas, por seu lado, finge que não vê. A Comissão Europeia tem, como já se tornou hábito, medo de Sarkozy.
É um erro grave deixar estes desacatos sem resposta. Não pode haver dois pesos e duas medidas.
O meu texto da Visão de hoje volta a ser sobre a Europa, mas com referência a Portugal também.
Falo da credibilidade dos líderes, da austeridade e do imperativo de disciplina, perante os compromissos assumidos em Bruxelas. Discuto a ideia, que por aí anda, de "mais Europa". E digo, com todas as letras, que somos nós que teremos que cuidar dos nossos problemas.
Anda por aí muita gente com os nervos à flor da pele. Nomeadamente, quem compra e vende nas bolsas de valores. A agitação não é boa conselheira. Quem anda nervoso reage de modo desmedido. Toma como factos simples rumores.
Desta vez, um jornal inglês, conhecido pelas suas histórias exageradas, o DailyMail, publicou, na sua edição de domingo, uma nota que dizia que o banco francês SociétéGénérale estava com dificuldades de solvência. Esta falsa notícia chegou aos floorsdas bolsas hoje de manhã. Fez perder à SG cerca de um quarto do seu valor, provocou pânico, por toda a parte, e motivou uma reunião de urgência do governo de Paris.
Entretanto, perto do fim do dia, o DailyMail publicou um lacónico pedido de desculpas, uma linhas a dizer que lamentava a falta de veracidade da sua peça anterior.
É tempo de introduzir alguma lucidez no sistema económico internacional. Como também já vai sendo altura de punir quem invente boatos que ponham em causa a estabilidade do sistema.